Na biografia de Deus espero que juntos estejamos
num capítulo dedicado ao amor entre as pessoas;
que tudo foi escutado por seus ouvidos, até o que não falamos,
mas que nas caixinhas de som do universo ressoa...
Que cada linha escrita sejam
as tortas linhas que às vezes caminhamos,
que os cambaleios que o destino porventura eleja
seja para nos dar ao amor a que nos entregamos...
Permita seu livro sobre si mesmo,
dedicado à trajetória de tão imenso conceito,
que suas palavras nos deixem lê-lo
e abrigá-lo em nosso amoroso peito...
Por enquanto escrevemos nosso livro de bolso
com todas as peripécias que ousamos encetar;
mas digo que um fastio de violino ao longe ouço
como marulho do velho e único e vivo mar...
Talvez seja a vontade de voltar para casa,
o lar distante que permanece o mesmo, entre estrelas,
talvez seja esse inquieto, às costas, rufar de asas,
as íris resplandecentes de nossas almas possamos vê-las...
Um livro tão leve que, de tão pesado flutua,
nos alça ao palácio entre nuvens, multicor,
torna iguais astros díspares como o sol e a lua,
massa e energia da mesma criação, o amor...
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