Tô com saudade dos índios da história do Brasil,
pelados, na praia, olhando o Deus Sol,
arcos e flechas nas mãos,
felizes, rindo uns aos outros,
nos deixando a herança de um futuro saudável,
sem cascavéis, serpentes, macacos doentes,
indo para as ocas se amarem,
uma saudade sadia que desperta uma antiga alegria,
lá, onde, na praia cheia de conchas escreviam poesias
com seus pés de bailarinos poetas e bárbaros,
saudade de seus olhares curiosos,
seus tacapes e seus sonhos extraordinários,
que saudade de seus livros não escritos,
não pertenciam a nenhuma memória histórica,
só viviam as batidas de seus corações diante do agora,
saudade de suas fogueiras onde assavam o que comiam,
seus peixes apanhados com lanças,
o dar de comer a suas crianças,
seus sonos onde vinham os espíritos,
suas danças e seus incríveis gritos,
que saudade de mim, que um dia fui assim,
sem vergonha de ser feliz o bastante
para ser feliz naquele instante
onde eu era um índio brasileiro,
onde o mais importante
era ser e real verdadeiro...
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