As Moiras e Meu Fio da Sorte
“Removing all your inhibitions
Releasing complete freedom of thought” Iron Butterfly
“A sorte, se presenteia
A todos doença e fome,
Para as mulheres capricha
Num privilégio sem nome.” Carlos Drummond de Andrade.
Nasci num dia de estranhas conjunções planetárias...
Meu Destino está nas mãos dos Deuses?
As portas da percepção se abrem ao toque de tênues árias!
Espero tenazmente o desvendar dos mistérios de Elêusis!...
Cada dia se segue ao ritmo das horas impacientes,
Cloto tece meu fio com desvelo do árduo ofício,
O fio, ora puído, ora desfiado, não é de cabra ou lã quente,
Mas sintético poliéster, algo náilon, factício!...
Láquesis enrola-o num fuso difuso de plástico,
Para tecido artificial, sem o glamour da tradição,
Mas consistente, resistente às puxadas, elástico!...
Riocorrente de imagens fragmentárias, fita em busca de ação!...
Átropos abre a tesoura, busca a medida exata,
Mas qual Marte certa vez, na medida do improvável,
Apresento meu artifício bombástico: O fio falso se dilata!
E sigo, resmungando, ranzinza, à guisa do sonho louco viável!
Bronzino e sua alegoria da sorte...
Não me identifico entre os que estão caídos aos pés do trono...
Se me bem que existe um rosto calvo com o meu porte...
Mas, vadio, vagueio, cão sem dono...
Me vejo, diante, observador,
Admirando o sabor das frutas tenras, coloridas,
Ou, então, estou ali, anjo trompeteador,
Zangado, quase perdendo o vôo nas notas produzidas!...
Pascal e seu amigo De Mére,
Não é demérito algum tentar a sorte!...
Um Lance de Dados Jamais Abolirá o Acaso, mas fere
A probabilidade casuística o jogo de xadrez com a Morte,
Meu caro, Block, meu caro Jons, meu caro Bergman!
Mas antes da morte, espero o sinal decifrável,
Não sou super-herói, indestrutível superman, mas serei amanhã!
Ou num dia qualquer improvável....
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