Uma Gravação de Krapp
A Petrin, Sartre e Brás Cubas
“Sou cavaleiro menestrel errante
que vaga pelos vales da cidade,
sou da aventura um eterno seu amante
que também ama e canta a liberdade” J.J. Gallahade, “Cavaleiro Menestrel Errante” em: Bagg’Ave, 1984.
Ouvi minha voz vinda do passado,
E a velocidade com que as imagens
Se formaram em meu cérebro cansado,
E o susto ao ouvir que já vivia à margem
E que, porém, ainda tinha ao meu lado,
A esperança no futuro... Miragens?!
Ouvi minha voz vinda do passado,
Causou-me espanto as palavras ousadas
Que proferia acerca de um bem sonhado...
Mas, hoje, agora, vejo quão sonhadas
Foram as palavras...Um sonho alado...
Ouvi minha voz vinda do passado,
Reproduzidas num gravador velho,
E minha voz entre ruídos ressoados,
Surgia como um apócrifo evangelho...
Ouvi minha voz vinda do passado,
E tive a certeza de que já não sou
Quem fui nem quem eu tinha ser sonhado!...
Ouvi minha voz vinda do passado,
E no presente é só o que me restou...
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