O que me junta ao que tudo de mim está separado
é este calor que nasce sem saber de onde veio,
cola, visgo, molécula incandescente, ouro dourado,
reúne-me ao que longe está, leite do mesmo seio...
O que torna triste, às vezes, (mais rio que choro),
minha vida, é estar tão perto e não viver de amor,
rir e abraçar pedaços do universo, campos sonoros,
separar, angustiantemente, o caule de sua flor...
Faço este rito como se a compor pudesse, na poesia,
ter entre as mãos todos os cosmos de mim separados,
galáxias de sentimento, Vias Lácteas de melodias...
De manhã acordo e olho pela janela a luz que vem,
toca-me os olhos do sol como se fosse eu alguém
completo como completa é a vida de todos os dias...
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