São bilhões de anos
e o zíper enrosca todo dia de manhã,
o carro não pega, a gasolina é falsa,
o jornal destruído pelo cão de raça,
sabe quanto está o quilo de maçã?
São bilhões de anos
e a bomba explode no mercado de Bagdá,
a Bolsa de Valores usurpa crenças,
meia dúzia de skin-heads agridem,
a biblioteca está fechada para reforma...
São bilhões de anos
e as bancas estampam as mesmas notícias
nos mesmos velhos jornais de todo dia,
ninguém ainda reescreveu a Bíblia,
ninguém ainda inventou uma coisa
mais perigosa que o amor...
São bilhões de anos
e a saudade e a dor não mudam,
nem a esperança, as barbáries,
chegaremos a Júpiter e a Plutão,
ninguém sabe como mas não
inventaram nada para por
no lugar da solidão...
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