Os olhos se vão, longe, sem pouso certo;
neste mundo de tantas estradas e becos
mais encontro a vida eterna do deserto,
nem reparo nos olhos da lua, tão secos...
Pedaços de estátuas do passado estendidos,
cada gesto significa o gesto de ser
o que estava, entre escombros, escondido,
querendo as páginas escritas viver...
Ter a música e a tinta que cora o papel,
o raio que torna lúcido o instante,
reinar no absoluto da fava sem o fel,
eis o que é o mais importante...
Qual de todos em mim iria querer
ter nascido para a caligrafia
se todos que nasceram iriam viver
para escrever esta poesia?
|