Nova Jersey,29 de março de 2015
Olá,
Não sei como começar uma carta. Sinceramente, não faço há mínima ideia. Mas com coragem consigo escrever o que falei para mim mesma essa semana inteira:
Não consigo. Não consigo te dizer as “três palavras” que me assombram como fantasmas.
Você sempre me ajudou nas horas vagas, mesmo pelo seu mal humor diário de sempre; Sempre foi o único que me notava, mesmo pelo seu jeito gótico de ser. Claro que não estou te chamando de “gótico” (até porque você não gosta), mas é uma característica sua tão fascinante... Meu Deus! Não sabe o quanto eu admiro isso em você.
Sempre fui a solitária e você, o esquisito. Nunca me esqueci do dia em que você me ensinou à tocar guitarra ou o dia em que me ensinou à jogar xadrez. Algumas coisas nem chego há lembrar de tantas que me ensinou...
Parece até que estamos dentro de um filme cheio de clichês, justo eu que odeio clichês! Principalmente os românticos! Mas com o tempo percebi que o nosso mundo vive assim: enfestado de repetitivas cenas, totalmente inacabáveis e cheias de emoções.
Mas voltando ao assunto, ultimamente não consigo nem lhe ver sorrindo. Seu sorriso hipnotizante me afasta dos meus próprios pensamentos e quando percebo já estou correndo para longe. Não entendo como posso ser tão idiota aponto de correr! Mas tenho muito mais ódio de você, que nunca correu atrás de mim.
Posso ser chata, mas era o único que me suportava; Posso ser grossa, mas era o único que conseguia me acalmar; Posso ser chorona, mas era o único que secava minhas lágrimas.
Céus! Como eu te amo! Sim, essas eram as “três palavras”. Eu te amo e nunca tive coragem para falar. Tenho certeza que você sentia o mesmo por mim, mas é tímido e não sabe se expressar muito bem. Muito menos eu...
Agora estamos separados. Ainda lembro da sua pele pálida me tocando levemente, enquanto eu retirava as pequenas mechas de cabelo coladas em sua testa, tudo para ver seu rosto e sua expressão fria...
Droga! Estou chorando! Queria que você estivesse aqui para me ajudar à parar. O que eu faço? Estou perdida sem você, minhas notas andam caindo por sua culpa! Não paro de pensar em você por um instante! Até minhas amigas se afastaram de mim!
Acho que vou parar por aqui. Essa carta deve estar cheio de erros de português, mas não me importo. O que importa é que escrevi o que sentia... finalmente liberei meus verdadeiros sentimentos. Mas não foi com você.
Sabe por quê? Porque não consigo dizer que estou apaixonada por você.
Atenciosamente,
Sua melhor amiga.
P.S.: E me odeio por ser somente “amiga”.
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