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O grande caderno azul - XXVI
R.N.Rodrigues

XXVI
Manhã nublada de sábado do dia 23 de janeiro de 2014 - Os gatos para me perturbar agora passaram a urinar sobre a minha pobre mesa, empapando de urina os diários que estão sobre ela e inutilizando-as para mim escrever. Não possuo nada e o pouco que tenho eles destroem.. Minha cunhada irascível como sempre e nada a satisfazer reclama porque professor joga os pedaços de pães para os gatos enquanto bebe café e e os esfomeados miam em coro ao seu redor - mudo de posição os meus diários colocando-os no outro extremo, o fedor repugnante inunda o ambiente.
_ Vai dar tudo para esses gatos? Reclama minha irada cunhada, que como todas as manhãs lava a sala do computador infestada de merda de gatos.
"Moço Velho ao ouvir a corneta do quartel da PM anunciando a alvorada, assim como o badalo dos sinos da Igreja do Carmo levantava-se de sua enxerga tranquilamente - Ligava a sua velha eletrola e colocava o LP arranhada do réquiem de Mozart em volume bem baixo e deitava-se novamente. Sempre dizia que tinha duas paixões a clássica literatura e a musica clássica - Tinha um conhecido um senhor advogado que morava na Rua dos Afogados e passava todos os dias em frente a sua banca de pentes e espelhos e notou que o nosso herói passava o tempo todo lendo, e um dia resolveu interpela-lo."
07:30 - Céu nublado e faz um pouco de frio - Passei no capitão La Sierra e apanhei uma lamina de serra, espero que não desconte todos os meus débitos - tenho que ferra-lo ao menos vinte reais para dar a minha cunhada. Sem nada no congelador.
Pret à la travail!
Entre 11:30 a 12:00 - Depois de uma luta renhida a manhã toda finalmente agora descanso. Pela manhã cedo antes da luta - soldei uma grelha de fogão, que deu-me um pau na paciência, queimei a vista e na hora fiquei acabrunhado e pedi apenas míseros dois reais. O expositor de vassouras do Capitão La Sierra pintado a espera que seque. A vista em ponto de bala.
Sonhei que bebia um litro de conhaque em doses medonhas. Ainda tenho duvida, se Moço Velho morava num dos quartos estreitos numa porta janela com um parapeito de ferro que dava para a Travessa Feliz ou na agua-furtada do mesmo prédio que pertencia a família dos Riods..
Meio-dia e pouco
A tinta e da Galera apareceu como um anjo enviado por Deus para levar o expositor, pagar-lhe-ei dois reais.
- Que horas são papai? _ Perguntei a um jovem desconhecido que passava na porta da oficina
- Doze e meia - respondeu-me sem pensar.
"Moço Velho depois de morar dez anos no quarto do meio, onde tinha por vizinho um jornalista desempregado que era sustentado ex-mulher que casara com um contador que prestava serviço para as prefeituras e morava numa cobertura de um edifício num condomínio de luxo, localizado na Península da Praia da Ponta D'Areia. Do outro lado era um casal de camelôs que nas sextas feiras embargavam-se e passavam a noite toda discutindo. Então ele resolveu mudar-se, comunicou o fato a sua senhoria, que não queria perdê-lo, por se tratar de um bom inquilino que nunca atrasava o aluguel e nem perturbava ninguém, ofereceu-lhe a agua-furtda. Levou-lhe até lá, a estreita escada ficava no fundo do corredor. O telhado era muito baixo e o espaço era bem maior, equivalia todo o andar inferior. Moço Velho circunspecto como sempre, observou tudo com muita calma e fizeram a negociação. Ela retirou alguns bagulhos, mandou passar uma mão de cal nas paredes e nas telhas para alumiar mais e arejar o bafio existente. E lógico abaixou o preço do aluguel e em uma semana depois ele se mudou, tomou posse de seu inexpugnável castelo. Adeus vizinhos inoportunos e barulhentos. Aos poucos foi arrumando ao seu modo. A sua enxerga num canto, mandou colocar umas prateleiras nas paredes para enfim colocar os seus livros, seus patrimônio, os livros que tanto amava. A sua maleta, a mesinha para escrever, um armário para guardar os seus utensílios domésticos e as suas coisas a ( antes dos vizinhos camelôs, morava uma bela velha prostituta loura que fazia trottoir nos cabarés do Porto do Itaqui e só chegava de manhã, teve até um affaire com ele, nas tardes, mas por circunstâncias misteriosas a mesma desapareceu e então vieram os camelôs barulhentos e a paz de Moço Velho fora quebrada).
Tarde - Aniversario da minha cunhada, 65 anos - como sempre reclamando dessa vez com razão. Seu La Sierra deu-me apenas vinte reais, dei quinze para ela e fiquei com o resto - comprei linguiça e restou apenas três reais.
17:00 - Tia Lena vem visitar a aniversariante que como sempre desabafa as suas angustias e confessa os seus segredos. Ela é muito espontânea. Estava assistindo assistindo SKY, mas mão tem nada de interessante, sintonizei na Tv Senado onde ouço um concerto de musica clássica, mas a vontade mesmo é ler. "La Mer" de Claude Debussy com a orquestra de Paris. Vou ler Bitov.
17:35 - Fui apanhar um saco de livros na casa de Tia Lena, infelizmente somente três me interessam - é um de Eça de Queiroz, uma tradução do romance "As Minas do Rei Salomão" de um escritor que desconheço chamado Rider Haggard, uma gramática bem antiga de francês e um livro de DR. Joseph Murphy, autor de livros de autoajuda. A minha barriga esta bem cheia.
Noite 18:50 - Fui deixar os livros de Junior e fomos até o seu apartamento, emprestou-0me um livro interessante; " O Grande Livro das Coisas Horríveis" de Matthews White com prefacio de Steven Pinker ( ele é discípulo dele, assim como sou de Dostoiévski, Dickens e Balzac) - Lia ""As Minas do Rei Salomão" - vou banhar-me. Junior ainda nem o leu, estava lendo "Os cincoenta psicólogos da Historia".
19>21 - Banhei-me e vesti a minha camiseta. NO quarto do casal a aniversariante e tia Lena deitadas ouvindo as musicas bregas. Vou iniciar a grande viagem das "Coisa Horríveis".



Biografia:
Sou ludovicense, serralheiro e adoro escrever. ja publiquei dois livros de poesias e agora estou publicando os meus poemas no site francês.
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