Um dia fui bobo,
reparti o coração como um ovo,
dei de comer a quem tinha raiva,
alimentei a qualquer um que passava,
nunca me perguntei e nem respondi:
achava que viver era repartir...
Um dia após esse dia
restava-me restos de amor, fiapos,
como alguém que escrevesse poesia
e morresse, feliz, em seus braços...
Ao fitar-me no espelho dos acontecimentos,
reparar nas marcas e apertos de mão,
vi-me igual por fora e por dentro,
o mesmo relógio, precioso
e preciso coração...
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