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celibato
alfredo jose dias

Carta do Padre Fábio de Mello



CELIBATO




Ando pensando no valor de ser só. Talvez

seja por causa da grande polêmica que

envolveu a vida celibatária nos últimos

dias. Interessante como as pessoas ficam

querendo arrumar esposas para os

padres.

A graça de ser só

.




Lutam, mesmo que não as tenhamos

convocado para tal, para que recebamos o

direito de nos casar e constituir família.

Já presenciei discursos inflamados de

pessoas que acham um absurdo o fato de

padre não poder casar.




Eu também fico indignado, mas de outro modo. Fico

indignado quando a sociedade interpreta a vida

celibatária como mera restrição da vida sexual.




Fico indignado quando vejo as pessoas

se perderem em argumentos rasos,

limitando uma questão tão complexa ao

contexto do “pode ou não pode”.




A sexualidade é apenas um detalhe da

questão. Castidade é muito mais.   Castidade

é um elemento que favorece a solidão

frutuosa, pois nos coloca diante da

possibilidade de fazer da vida uma

experiência de doação plena. Digo por mim.




Eu não poderia ser um homem casado e

levar a vida que levo. Não poderia privar os

meus filhos de minha presença para fazer as

escolhas que faço.



O fato de não me casar não me priva do

amor.




Eu o descubro de outros modos. Tenho

diante de mim a possibilidade de ser dos

que precisam de minha presença. Na

palavra que digo, na música que canto e no

gesto que realizo, o todo de minha

condição humana está colocado. É o que

tento viver.          É o que acredito ser o

certo.




Nunca encarei o celibato como restrição. Esta opção de

vida não me foi imposta. Ninguém me obrigou ser padre,

e quando escolhi o ser, ninguém me enganou.

Eu assumi livremente todas as possibilidades do meu

ministério, mas também todos os limites.




Não há escolhas humanas que só nos trarão

possibilidades.

Tudo é tecido a partir dos avessos e dos direitos.

É questão de maturidade.




Eu não sou um homem solitário, apenas escolhi ser só.

Não vivo lamentando o fato de não me casar. Ao

contrário, sou muito feliz sendo quem eu sou e fazendo o

que faço. Tenho meus limites, minhas lutas cotidianas

para manter a minha fidelidade, mas não faço desta luta

uma experiência de lamento. Já caí inúmeras vezes ao

longo de minha vida.




Não tenho medo das minhas quedas. Elas me

humanizaram e me ajudaram a compreender o significado

da misericórdia.

Eu não sou teórico. Vivo na carne a necessidade de estar

em Deus para que minhas esperanças continuem vivas.




Eu não sou por

acaso.

Sou fruto de um

processo

histórico que me

faz perceber as

pessoas que

posso trazer para

dentro do meu

coração.




Deus me mostra. Ele me indica, por meio de

minha sensibilidade, quais são as pessoas que

poderão oferecer algum risco para minha

castidade.

Eu não me refiro somente ao perigo da

sexualidade.



Eu me refiro também às pessoas que querem me

transformar em “propriedade privada”.




Querem depositar sobre mim o seu universo de

carências e necessidades, iludidas de que eu sou o

redentor de suas vidas.

Contra a castidade de um padre se peca de

diversas formas. É preciso pensar sobre isso. Não

se trata de casar ou não. Casamento não resolve os

problemas do mundo.




Nem sempre o casamento acaba com a

solidão. Vejo casais em locais públicos

em profundo estado de solidão. Não

trocam palavras, nem olhares. Não

descobriram a beleza dos detalhes que a

castidade sugere.




Fizeram sexo demais, mas amaram de

menos. Faltou castidade, encontro

frutuoso, amor que não carece de sexo o

tempo todo, porque sobrevive de outras

formas de carinho.




É por isso que eu continuo aqui, lutando pelo direito

de ser só, sem que isso pareça neurose ou

imposição que alguém me fez.



Da mesma forma que eu continuo lutando para que

os casais descubram que o casamento também não

é uma imposição. Só se casa aquele que quer.




Por isso perguntamos sempre – É de livre e espontânea vontade

que o fazeis? – É simples. Castos ou casados, ninguém está livre

das obrigações do amor. A fidelidade é o rosto mais sincero de

nossas predileções.

A graça desça sobre cada um de vocês, meus filhos!




Que Deus lhes abençoe em nome do Pai, do Filho

e do Espírito Santo AMÉM!




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