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Mudanças de planos
Ana Rita Teodósio Paixão

- Licença professor – colocou a cabeça para dentro da sala fazendo-a toda olha-lo – Posso entrar?
- Pode sim – respondeu aquele barrigudo, chato com a sua voz enjoativa, mas eu o adoro. Ele entrou. O “senhor chatonildo” esperou seu aluno sentar, ao meu lado é claro, para voltar a seu devido trabalho.
Olhei bem no fundo dos olhos do garoto lindo ao meu lado como se a qualquer hora eu pudesse soltar leizer e atirar em cima do mesmo. O cara é lindo, nerde, esportista, tem lá seus bíceps e é carinhoso. Ele percebeu o meu olhar e soltou um longo suspiro, ele me conhece o suficiente para saber que mais tarde teria uma explicação para me dizer. O menino tirou seu material e o pousou em cima da mesa a sua frente. Ao abri o caderno em uma pagina qualquer, começou a escrever e rasgou um pedaço passando para mim quando o professor estava de costas para a classe.
“Depois te explico. O assunto é bem mais complicado do que seu amor impossível pelo professor de português”.
Isso me deixou assustada e curiosa. Qual é o tal motivo de tanto mistério? Ele ainda tem a audácia de lembrar-se do gato do professor de português que tanto gosto? Isso não vale. Eu só o acho gato, nada de mais, não para mim, porque ele aguenta eu falar do tal toda hora.
Passei todos os dois tempos de aulas seguintes voando em pensamentos, não conseguia raciocinar muito bem a explicação dos professores, pois ainda estou preocupada com ele.
Na hora do intervalo o aguardei na porta da sala. Esperei-o passar. Aguarei seu braço e o pressionei contra a parede. Quem nos olhasse acharia outra coisa.
- Aqui não é lugar para fazer isso, não é bom irmos para um lugar mais preservado? – ele fez graça, mas me mantive seria, as aulas de teatro me ajudaram muito nesse detalhe de esconder minhas expressões, e o mesmo percebeu que não estava afim de brincar naquela hora – Vamos para o banco lá no pátio de trás e desse jeito conversaremos mais a vontade.
- Ok – não disse mais nada, apenas virei para ir até o tal banco.
Passamos o caminho todo sem nos falar ou olhar um na cara do outro. Eu, às vezes, olhava de relance para ele o qual matinha a expressão de preocupação e nervosa. Conseguia perceber seu nervosismo, pois ele o demonstrava de seu jeito, mãos nos bolsos e olhando para os pés.
Ao chegarmos ao banco, sentamos um de frente para o outro sem desviar nossos olhares. Um de querer saber do assunto e preocupada, o meu, e um de nervosismo, o dele.
- Eu vou embora – revelou o garoto de olhos nem tão escuros e nem tão claros, a minha frente. Fazendo-me ainda não entender nada.
- Por quê? Como assim? Qual foi o motivo? – fiz um bando de perguntas de uma só vez. A preocupação está grande aqui.
- Aconteceu mais uma vez, mas dessa vez foi pior – revelou em um tom de voz baixo, como um sussurro.
- Você não está falando... – ele não me deixou falar, interrompendo-me.
- Sim. Eu bebi mais uma vez e dessa vez foi bem pior, pois bati na minha mãe – agora sim ele me deixou mais desesperada ainda. Como ele pode ter feito isso de novo? Ao fim de sua fala, abaixa a cabeça e fica olhando para as suas mãos. Deve-se está perguntando se era verdade mesmo.
- Não acredito! – não aguentei. Levantei-me em um pulo somente o assustando, mas ele sabia que teria uma grande possibilidade de eu agir dessa forma. Ele sabe muito bem: não concordo com isso – Como você pode fazer isso? Mesmo eu te dizendo todas aquelas vezes sobre isso, mesmo eu estando ao teu lado para te ajudar? Como você pode ter feito isso comigo, contigo, com a sua mãe? – joguei-me de uma vez só no banco. Continuo indignada.
- Eu sei de tudo isso, mas ela terminou comigo e você sabe o quanto a gosto – terminou em um fio de voz.
- Mas qual é o porquê?
- Não faço a mínima ideia. Não entendi também o motivo. Foi estranho. Ela apenas chegou para mim e diz: esse é o nosso fim. E foi embora sem dar uma explicação para mim – resumindo, ele foi chifrado.
- Eu vivia te falando que ela não era para você o qual merece alguém de caráter o suficiente para perceber quem és de verdade.
- Eu sei, mas o meu coração pertencia a ela, eu não conseguia me desvencilhar disso.
- Ok, mas voltando. Quando você bebeu?
- Toda a minha mesada – nessa hora não resistir, arregalei meus olhos. Ele ganha 200 reais.
- Com.. Como é que é? – estou perplexa.
- Exatamente isso – disse em tom de arrependimento.
- Agora está faltando somente o motivo de você ter batido na minha sogrinha – não, não somos namorados, mas como ela quer eu vivo brincando com isso. Ela me adora. Quando terminei de dizer ele caiu em gargalhada. Eu Já falei que sou boa em cortar climas pesados?
- Ai. Ai. Ai. Só você mesma para em fazer rir numa horas dessas – eu também já citei o quanto amo o sorriso dele?
- Eu sei. Eu sou boa no que faço – me gabei – Agora. Explicando – ordenei. Ele pode ser até mais velho (por alguns meses), mais alto, mais forte, porém não sou de fazer uma besteira dessas e eu conheço o seu ponto fraco.
- Não lembro por completo. Só flashes passam por minha mente. Lembro dela ter me dado uma baita bronca por ter bebido novamente e por isso bati nela – seu tom de voz estava preocupante, nervoso, com raiva e o principal, arrependido.
- Me deixa ver se entendi? Você bateu naquela pessoa, maravilhosa, alegre, sempre de bem com a vida, que lhe deu avida e que me adora, só por ela ter te falado verdades?
- Sim.
- Isso é estranho. Bater na mãe por ela ter te falado o certo a ser feito.
- Ei qual é? Eu estava fora de mim – revidou me interrompendo.
- Continuando. Seu maluco, seu louco, seu desgraçado, seu “agressor de pais” – enquanto esses adjetivos eram ditos ele recebia vários tapas no braço.
- Ai, ai. Você é pequena, mas tem mãos fortes – reclamou afastando minhas mãos.
- Isso é para você aprender. Seu chato – mostrei língua.
- Sei que me ama – se gabou e dei de ombros. Ele sabe da verdade.
- Voltando ao assunto. Qual o encaixe desse assunto com o de você ir embora?
- Eu vou para uma clinica de reabilitação. Está na hora da bebida sair da minha vida –disse decidido.
O fato dele ir para lá e descobri que a bebida só o faz mal foi bom, mas se olhar por um outro lado é ruim, pois creio ser difícil desacostumar falar com a pessoa a qual é acostumada a falar todos os dias. Não consegui dizer nenhuma palavra, mas apenas tive uma reação. O abracei. Ele correspondeu de imediato. A duração do abraço durou o restante do intervalo.


Biografia:
Não fui muito de pemas ou poesia, mas no ano passado uma amiga me mostrou o melhor dos poemas. Depois do emu primeiro nunca mais parei.
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