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Em buscado tempo escrito - Vivendo & Escrevendo - IV
R.N.Rodrigues

MANHÃ ENSOLARADA na casa estranha sem a minha cunhada sentado no sofá grande o único na sala, além das três cadeiras de plástico; duas brancas e uma vermelha encostado ao lado da porta e a de macarrão de balanço. Uma estante de aglomerado com a televisão no meio e nas laterais com as portinholas de vidro escurecido onde repousa alguns livros. De um lado os grandes clássicos e outros livros em francês.


PROMETI A MIM MESMO não escrever as mesmas coisas que passei anos repetindo nesses cadernos sem fim. O Guarda impassível em pé no canto dos corredores e as funcionarias em jalecos brancos transitando de um lado para outro. Não consigo escrever como gostaria, as imagens misturam-se e a linguagem desaparece. Ontem estava tão desanimado que não digitei nada, apenas corrigir e ouvi Réquiem de Mozart - chateado sem forças para enfrentar uma depressão - ainda bem que tenho Balzac para me confortar, assim como Kerouac. O momento que vivo não é dos melhores, mas vou empurrando. Sonhando e jogando na Quina de um dia quem sabe não sai dessa lisura sem fim. Também não é dos piores, dá para viver, mesmo sem dinheiro, estou acostumado com essa vidinha, nunca tive dinheiro - ganhei apenas o necessário para as despesas básicas e comprar uns livros usados no sebo Poeme-se a preços módicos. Nunca serei um best-seller, meus livros nem meus conhecidos querem comprar, ou melhor, ao menos vê-lo no site, sou obrigado a mendigar esse favor - mas jurei não o fazer mais. Peguei a minha ração literária. Os três exemplares. Uma condensação da obra que iniciou o movimento realismo "Germinal" de Emilio Zola; "Sidarta" do mestre alemão Hesse, o mesmo autor de "O Lobo das Estepes" e uma biografia de um inglês Richard Burton (que confundi com o ator britânico) escrito por Ilia Trofanov - guardei Balzac e o drama de Lucien e viajo nessas novas vertentes.

Uma lua bonita clareia os meus enegrecidos sonhos. Encerrei a leitura de "Germinal". Todos dormindo. Um ônibus vazio passa na avenida deserta. Os latidos dos cães e a minha solidão arejada por um vento sutil. Minha adorável cunhada chegou, ainda não obteve o êxito desejado na sua missão, mas aos poucos vai desenrolando.


MINHA CUNHADA TOSSINDO, preocupo-me com medo de ser a maldita. Continuou com o pigarro chato na garganta. Junior, neto de Seu Eriberto emprestou-me "Wood Allen - uma biografia" de Eric Lax - sempre admirei esses cineasta desde quando li o seu fantástico livro "Cuca Fundido" com suas historias hilariantes, bem engraçadas, assisti poucos os seus filmes, agora de uns tempos para cá, os vejo com um pouco de sorte na SKY no TCM - e lê a sua biografia é bem interessante, conhecer a intimidade de um gênio que sempre amou o cinema. Minha cunhada tosse novamente, esta debruçada na mureta do terraço olhando seriamente em direção do mercado, fumando um cigarro, escutando e vendo a mímica do nosso vizinho Raimundo surdo-mudo contando-lhe alguma coisa. As irmãzinhas chegaram ontem. Brunielle a mais velha convencida com celular que ganhou da companheira de seu Tio Danilo - a pequena Adrielle com seus cabelos encaracolados e inocentemente sapecas, tentando dizer alguma coisa. Ontem a visita de Dona Lourdes e a nora, uma adolescente de 18 anos gravida do seu enteado foi fazer o pré-natal no posto de saúde. Matraquinha estava triste e sozinho sentado atrás da amendoeira, quando me viu, o rosto alegrou-se. Sentei-me ao lado dele e ficamos botando conversa for, enquanto esperávamos os outros chegarem. Ele havia tomado as suas duas primeiras doses de misturada no Mundé - ele é o primeiro a chegar pontualmente entre seis e meia da manhã depois de comprar os pães da vovozinha do canto. Meia hora e depois chegou Gato tossindo desculpando-se por ter chegado atrasado para a primeira rodada. No banco em frente um carequinha paquerador que mora no final da rua São feliz ouvia e vigiava o seu Sabia da Mata. Depois de confabularem um pouco, Gato foi tomar um café na Cafezeira que vende numa banca no canto do Mercado em frente a parada de ônibus. Minuto depois retornou trazendo um copinho com o resto que bebi. Explicou a real situação, que tinha dois reais e cinquenta centavos, faltando apenas 75 centavos para inteirar uma garrafa - mas a fissura era grande para 'benzer' o corpo com 'água benta' que resolveram logo beber duas doses de cinquenta no quiosque de Nhó Mundé. O carequinha namorador conversava com um senhor de chapéu. Os cachorrinhos ainda de olhos fechados dormitavam encostados dentro da caixa de papelão. A cadela mãe deles os abandonou. Cachorrão sobrinho do finado Home-eletrico contribui com um real para a primeira garrafa.
     A poesia chapliniana na dança dos pãezinhos numa cabana no frio Alasca a véspera da meia-noite na passagem de ano. Um final feliz, o homenzinho de bigode engraçado, com suas roupas em frangalhos, seu chapéu coco e sua inseparável bengala de mãos dadas com sua musa sobem a escada do navio.


Biografia:
Sou ludovicense, serralheiro e adoro escrever. ja publiquei dois livros de poesias e agora estou publicando os meus poemas no site francês.
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