A perseguição dos albinos……
Sou albina, nasci assim.
Ultimamente tem sido difícil ser albino em Moçambique, durante a infância os amiguinhos da minha idade não queriam brincar de luta comigo porque achavam minha pele muito delicada para aguentar as rasteiras, socos e Chutes das brincadeiras por ingenuidade e inocência achava que eles queriam proteger-me. Quando completei 15 anos os cuidados redobraram, por conta da adolescência veio a vaidade, não podia andar sem boné, sem óculos porque mais uma vez todos diziam que minha pele é sensível. Graças a deus nasci numa família que não existia preconceito mais cuidados triplicados.
Como todas as meninas da minha idade vieram os namoros, as fugidas nocturnas, a queda de notas, as surras da mamã, a rebeldia……. Não posso me queixar da minha vida.
Vivi e vivo como qualquer pessoa: sonhos, medos, tristezas, alegrias. Mais de todos esses sentimentos o sentimento que me acompanha é de medo porque alguém descobriu que minha orelha pode tornar alguém rico.
Como isso é possível?
Porque tive a infância que a sua filha teve, a adolescência que a sua filha tem e a juventude que ela terá, em que momento da vida meu corpo se tornou milagroso? Não sei e meus pais que tudo sabem também não sabem.
Ultimamente tenho medo da minha própria sombra porque só vista pelos criminosos e feiticeiros como uma fonte de milhões, cura e talvez de vida eterna, garanto - vos que não sou nada disso, sou apenas uma moça que trabalha para ajudar os pais, estuda para ter um futuro melhor. Por isso saibam todos que sou apenas um ser humano como tu e a família que tu deixas em casa quando sai para caçar albinos.
Suzana Matilde Gaudencio Zandamela.
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