Crônicas Metropolitana.
A criança a árvore e a miséria do miserável.
Em minhas viagens diárias uma delas me chamou à atenção, muito embora, tenho sempre atenção no transito e nas misérias ocasionadas nele.
Mas essa atenção não foi pela tensão que o transito me causa.
O dia estava perfeito meio dia de um sol intenso depois de ter concluído mais um dia de trabalho voltava para adorável cidade Campineira.
A beira da rodovia quase em frente a pista de pousos e decolagens, por onde passa uma parte substancial da riqueza de nosso pais, de frente à pista automotiva, em um fluxo continuo do capital.
Formou-se um bairro, desses que se formam pela miséria, não de quem o ocupa e da sua forma geometricamente desorganizada, mas, da miséria de quem ocupa o poder do ESTADO, da sua riqueza e do seu capital para tornar-se em um homem geometricamente pobre e miserável, e semear a geometria das suas misérias em outros também.
De repente em um relance avistei uma árvore, gigante e bela, - passo ali todos os dias e confesso não tinha visto tamanha formosura, acredito que a sua beleza se consolidou ainda mais, pela alegria que ela favorecia aquela criança.
Sem miséria nenhuma.
Envolto de seus galhos robustos uma corda entrelaçada, destacava-se pelo enlaçamento seguro, a arvore estava posicionada a beira de um barranco de 2 ou três metros, talvez.
Na madeira transpassara uma corda deixando um espaço de um a outro lado, por onde a criança com suas mãos sentia-se segura. Sem miséria nenhuma, era sua segurança.
A criança nutrida pela esperança de que pelo balançar pendurada na corda, pudesse decolar e alegrasse o seu instante de liberdade, e voou, e alegrou, e me alegrou.
Parei na pista encontrei um lugar seguro e ali fiquei por uns instantes, olhando atentamente aquela cena tão bela, coisa rara, sem miséria nenhuma.
Nossos filhos, já não vê mais o chão, não pisa na terra, não sente o cheiro da grama, ou da chuva quando cai sobre a terra, o vento do mês de agosto, as folhas verdes da primavera, a beleza das arvores, há alguma miséria.
Miséria.
Que bela criança aquela, que cena tão bela.
Embalada pela alegria, que tirava o foco por alguns instantes da miséria ocasionada pela "riqueza" do miserável.
Mas a natureza divina, orquestrando a sua maestria sem miséria nenhuma, compondo a alegria daquela criança, não só alegria, mas, esperança de ter liberdade, sem miséria nenhuma, mesmo diante das pistas que trafegam consigo as riquezas que formam muitos homens e suas miseráveis mazelas, vi a riqueza tão bela, no sorriso daquela criança.
Simplesmente a criança a árvore e a corda, livres da pobreza e da miséria do miserável, uma sintonia, uma sinfonia.
A corda. (Acorda)
Edmir Oliveira
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