O bacharel em teologia e filosofia, membro da Academia Evangélica Brasileira de Letras, Severino Pedro da Silva, no seu livro Homilética, página 14, é da opinião que a Guerra é uma das formas de persuasão quando escreve: “Como podemos convencer... Pela força física (braços e armas) – a guerra”.
Acho que o autor estudou muita filosofia e escancarou o Lato Sensu da persuasão, mas se é assim, por que, num passado distante, os Macabeus se revoltaram contra os helênicos até conseguirem sua liberdade religiosa e logo em seguida lutaram pela liberdade política? Não se convenceram e iniciaram várias revoltas! Se a guerra é uma forma de persuasão por que no Iraque ainda há revoltas? Está cheio de “Macabeus” por lá! De imediato responde à questão o ditado popular: “Vence, mas não convence!”. Persuadir é sempre pela palavra, vem do grego “peitho” e do latim “Persuadere” e significa levar a crer ou aceitar, aconselhar, induzir, convencer, ou seja, requer adesão. Adesão é palavra chave do ato de persuadir e envolve foro íntimo, vem de dentro.
Um povo pode ser vencido, mas só por fora e não por dentro. A guerra só vence por fora. Nem os que se vendem por um vermelho prato de lentilhas foram convencidos. Mesmo porque num mercenário não existe o dentro. Só o fora. Sua alma é um estômago, uma camisa, um troféu.
Ora, na primeira oportunidade que um vencido por fora tiver, vai apunhalar seu vencedor! Quantos norte-americanos têm morrido no Iraque?! Muitos. Se a guerra persuadisse um vencido, certamente, o Iraque já estaria em paz.
Os gregos foram vencidos, mas qual romano conseguiu que eles falassem outra língua que não o grego? Muito bom. Isso enriqueceu os filhos dos romanos que se tornaram poliglotas.
Além da resposta popular procurei resposta no científico, na Filosofia, mas esta não respondeu. Contudo, encontrei dois socorros científicos, bem apropriados para o caso, na Sociologia: A Assimilação e a Acomodação.
Na Acomodação o vencido é dominado por fora, mas não por dentro. No seu íntimo mora a revolta, a indignação e num piscar de olhos um vencido pode atravessar uma faca na garganta do seu vencedor. Dá bobeira só para ver! Como diz a Sociologia, o conflito permanece na acomodação, porém, na Assimilação, aí sim, há uma persuasão porque o vencido passa a adotar inclusive o comportamento e hábitos do vencedor. O conflito deixa de existir.
Dizer que a força física persuade é forçar demais as palavras e cremos que Lato Sensu tem limite. Seja de qual tipo for não podemos confundir coação, do latim coagere, que significa obrigar, constranger, forçar, com persuasão. Para aquela não existe ato de vontade, que nem se manifesta, mas para esta a vontade é condição sine qua non, (essencial).
Várias passagens bíblicas contêm a palavra persuasão e em nenhuma delas esta palavra está agregada à força física ou guerras. A persuasão sempre ocorreu por meio das palavras, onde o ouvinte adere à tese, ao discurso naturalmente. O que disse o rei Agripa II a S. Paulo depois da longa conversa que tiveram na prisão romana: “Paulo, por pouco me persuades. As muitas letras o fazem delirar”.
Não é preciso ser historiador para ver que na História Universal há milhares de casos de vencidos e não convencidos. A guerra no Rio de Janeiro é uma delas.
Um caso de vencido e não convencido de que me recordo aconteceu com o senhor Genésio da Assembléia de Deus que desejando persuadir um demônio a sair do corpo de um rapaz, deu-lhe muito soco. E gritava o demônio: pode bater que daqui não saio! Bate mesmo! E o pobre coitado do rapaz, de joelhos, apanhando feito cavalo teimoso, jazia entre o vermelho e o roxo. O demônio só foi embora quando persuadido por palavras.
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