Às vezes te olho
e tenho vontade de ser você,
para saber de coisas que nunca vou saber;
qual a sensação dos teus pés no riacho,
de tuas mãos colhendo o cacho
de uva madura,
o tamanho de seu medo
quando anda por ruas escuras,
como sabe que a lua crescente
aparecerá amanhã,
de que modo deita
a pena no papel e escreves
a poesia que me encanta os sentidos,
qual a sensação quando te proíbem de algo
e te olham por detrás do blindado vidro,
esse proibir que tem gosto amargo...
Às vezes caminho com você
sem saber que estou ao seu lado,
como fosse eu um sol agregado,
uma sombra que imita teus passos,
me sento e tomo um sorvete,
sinto o tamanho de tua sede,
como rezas por chuva
também oro por nuvens escuras
que se derramam sobre o dorso da terra,
às vezes sinto o amor que sentes
e percebo que mudas até dos olhos a cor,
e nesse instante sei, claramente,
o que é sentir amor...
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