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Cadáver
Wellington Almeida

Resumo:
Eu estava junto com aqueles que iriam morrer. Eu seria morta.


O Porão era frio. Enrolei-me num pano sujo e tentei dormir. Mas todas as tentativas de dormir e descansar eram inúteis. O medo sempre me acordava.

Eu estava junto com aqueles que iriam morrer. Eu seria morta. Definem-me com algo que consiste em uma falha no sistema, e essa ‘’falha’’ precisa imediatamente ser concertada. Ou pelo menos, parte dela.


Junto comigo, neste porão, estão vinte e uma vidas que serão aniquiladas.

Quando o navio ancorar eu ficarei apenas alguns dias viva.


Olho de relance para um dos garotos que dorme. Sinto uma compaixão tão imensa por aqueles traços tranquilos e ausentes de medo que preciso cobrir minha cabeça, e consequentemente meus olhos. Mesmo assim, continuo vendo o menino dormir por um furo que a coberta possui. É horrível.

Você vai morrer. Eu vou morrer.

Não preciso mais aceitar o que vai me ocorrer. Porque já aceitei no momento que me obrigaram a entrar no navio.

– Número 12 – gritou ferozmente o homem referindo-se á mim. Seus trajes eram decepcionantes. Roupas rasgadas, barba por fazer e um mau hálito de dar dó.

Ainda deitada, mas sem perceber realmente que os olhos do menino vagam por mim, retirei a coberta da minha cabeça e comecei a encara-lo. No entanto ele desviou o olhar rapidamente, como se uma simples olhadela fosse lhe custar á vida.

As paredes do porão eram frias demais, principalmente á noite. Principalmente porque não necessitávamos de nenhum conforto. E porque não erámos dignos de nenhuma regalia. De acordo com os guardas responsáveis por nos levar para a morte, nós erámos lixos, dejetos humanos. Imprestáveis.

Mas estou inteiramente disposta, até meu último suspiro provar que não é verdade. Temos uma importância tão grande que nem mesmo sabemos.

Somos humanos, seres que amam, odeiam e principalmente ferem uns aos outros. O que é consideravelmente perturbador.

Quando eu era pequena ganhei um cachorro de
presente, eu o adorei tanto que carregava ele para cima e para baixo, balançando-o nos braços como bebê. Ele simplesmente era tudo para mim; seus olhos cor de caramelo, seu pelo macio e com um cheiro exclusivamente seu. Nós andávamos juntos sempre. Lado a lado. Até ele ser morto com um tiro. O som da arma disparando nunca saiu definitivamente da minha cabeça, sempre o escuto ecoando dentro do meu crânio.

Uma palavra. Cadáver.

Durante as minhas idas á escola, uma professora muito simpática disse-me que Cadáver possui vários significados. Um corpo sem vida, uma pessoa enfraquecida, e o que mais me chamou atenção: Cobrador de dívidas.

Somos Cadáveres ambulantes. Somos aquilo que ninguém se importa em perder. Iremos cobrar uma dívida. Ser feliz é o que cobramos.


Biografia:
Meu nome é Wellington Almeida,nasci no estado de são paulo, mais fui criado no interior do Paraná. Onde com muito orgulho surge deliciosas histórias para entreter-me e me fazer flutuar nas maravilhosas facetas da escrita.
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