Estas alegrias violentas, têm fins violentos
Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora
Que num beijo se consomem. William Shakespeare.
Qual opção William Shakespeare deixou á Romeu quando matou sua amada Julieta? Penso nisso diversas vezes.
Quando se é uma arma potente de destruição você se torna uma ameaça até mesmo estando sozinho. Mesmo sendo incrivelmente forte e rápido eu não consegui salvar Anne. Eu queria poder ser destruído no lugar dela, eu queria que eles tivessem me matado e deixado ela em paz.
A dor de saber que ela nunca mais estará presente é brutalmente forte, dilacerante. Eu mesmo não consigo sobreviver a isso. Tenho cem por cento de certeza de que não conseguirei sobreviver á isso.
Se meu coração estivesse batendo ele sentiria a dor que sinto agora, como se uma cratera estivesse sendo aberta dentro do meu peito. As lembranças são como uma cama de facas bem afiadas; deite-se sobre ela e depois jogue álcool sobre suas feridas, isso multiplicado por mil. Ainda não é o suficiente.
Eu não ligo muito de sentir essa dor, o que eu sinto mesmo é de lembrar a cada instante o seu motivo, esse é a verdadeira parte que sinto mesmo.
Quando somos transformados, sentimos o fogo se espalhar por cada mínimo espaço de nós. Depois vem a glória, a beleza que não tínhamos quando éramos humanos frágeis. Com a força que temos, somos capazes de destruir o que for. A velocidade nos torna letal.
Mas qual a velocidade que pode superá-la? Existe antídoto para eliminá-la? Pode um amor deixar de existir por causa da morte? A dor é o que resume tudo. É com ela que terminaremos. Este será o verdadeiro fim.
A dor e o para sempre. A eternidade costurada em nossa pele.
Mas eu não viverei o bastante para deixa-la vencer. Eu te amo, Anne.
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