Cada pedaço do tempo que gastei
com coisas fúteis sei que não voltará,
a brisa olorosa já não poderei respirar,
tenho essas lembranças como fatos vividos,
é como uma noite de inverno
e o beijo no vidro
que sumirá dentro de instantes,
por não ser exato, o tempo,
por não ser constante,
vago, bruma, líquido,
denso, distante...
O que tenho nas mãos são manchas de poesias
que povoaram meus pensamentos,
me deram tristes momentos
e grandes alegrias,
espanto e afeto,
lágrimas frias
que secaram ao vento...
Que fique gravado que houve perguntas,
mas nem todas com respostas,
que o peso que levei
nunca me pesou, às costas,
que as medidas foram inventadas
para se supor que seriam úteis
quando já não houvessem palavras
que servissem às lembranças
como, depois de crescer e ser grande,
me visse, de cabelos brancos,
sempre uma criança...
|