DESPERTAR |
rogerio farias |
Paro.
Minha vida é um continuo inverno
Disfarçada em canções de primavera
E ouço passos descalços
A correr pelos quintais
Em meio as roupas velhas
Estendidas no varal do que fui um dia
E dos canteiros
Cujas flores
Agora murchas
Colhi com tristeza e saudade
Olho.
Vejo meu céu nem tão azul
E os pássaros fugidios
Que nele habitam
Voam sem rumo
Sem ninho na volta
E há um rasgo nesse verde da grama
E as nuvens de chuva me falam em trovões
Enquanto relâmpagos tremendos
São flashes de luz
A iluminar meus caminhos
Choro.
Choro o golpe da faca que corta
O não da porta que fecha
A dor do medo de tentar
A dor de existir e não ter
Choro a procura
Da metade mais minha
Choro a dor de ver e não crer
A dor de saber e sentir
Choro a dor
Com inveja da dor
Acordo.
Mãos tateiam entre lençóis
Procuram parte dos sonhos
Antes sonhados
Agora acordados sem querer
Buscam em vão
Por todos os lados
Sem sentir um toque
Um corpo
Outra mão
Você...
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Biografia: Perto dos 50 anos, escrever é quase sinônimo de pensar ou de sentir... |
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