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Sleepyhead
parte 2
Lucas Oliveira de Lima

A cidade de Natividade era uma cidade extremamente segura, registrava por ano uma média de 10 roubos apenas, todos feitos pelo mesmo grupo de pessoas. Mas a cidade nunca mais foi a mesma depois do dia 23 de Março. A cidade acordou em estado de choque, uma garota havia sido brutalmente assassinada na noite passada, um crime hediondo, o corpo da jovem estava desfigurado, pichado com marcas estranhas, arranhões, os dizeres “despertem” gravados nas costas, foi notado pelos policiais que o braço esquerdo do corpo havia desaparecido. Rapidamente a polícia local chamou a divisão de homicídios do estado do Rio de Janeiro. A brutalidade do fato chamou a atenção, sinais indicavam que a menina apenas tinha sido desovada no local, exames mais completos revelaram que ela foi abusada sexualmente mais de 50 vezes, -Tomara que ela já estivesse morta- Diziam os investigadores. A população revoltada com o crime se voltou para achar um culpado, os únicos criminosos da cidade são acusados. A polícia os convocam para serem interrogados, e os mantém sobre custódia para não serem mortos pela população.

24 de março, Natividade, Rio de Janeiro.
-Okay senhores, sabemos que vocês não têm das fichas mais limpas dessa cidade, são os que mandam na criminalidade local. Mas agora evoluíram para estupro, tortura e cárcere privado? Por quê? Estavam enjoados de roubar galinha? – Esse era o Investigador Ellison Cunha, tinha um pulso firme e uma terrível técnica de investigação, com seu jeito de gigante raivoso, ele conseguia fazer uma porta chorar.
-Nós não fizemos nada senhor, somos apenas ladrões! -Choravam desesperados os pobres ladrões. Rafael, Tobias, Marcos e Roberto, o quarteto do crime. Desde pequenos eles tinham uma índole muito ruim. Rafael por exemplo tinha a estranha mania de ir à casa dos amigos e roubar seus brinquedos, quebrá-los e depois colocar de volta sem que percebessem, parecia que ele tinha prazer em simplesmente quebrar o brinquedo, com certeza algum psicólogo poderia explicar melhor o porquê dessa ação. Os quatros se conheceram ainda na 5° série, juntos roubaram praticamente todo mundo da cidade, durante uns seis anos ninguém nunca soube quem era o autor dos contínuos assaltos, muitos inclusive acreditavam que era o saci. Mas após um deslize ridículo um deles foi preso, ele foi pego estuprando a galinha de uma de suas vítimas, para ganhar um alívio na pena anonimamente acusou os seus comparsas, assim a cidade conheceu o rosto do seu “Saci”. Ao ouvir essa afirmação dos criminosos Ellison não se agüentou.
-Hahaha essa é nova, “somos apenas ladrões”, daqui a pouco vão falar que são ladrões honestos. Já ouviram o que Jesus Disse? “se você quebrar a menor das leis, é culpado de quebrar todas”. Gosto dessa frase torna vocês, culpados. –Impetuoso como sempre.
-Não! Não somos monstros!
-Deixa que eu decida isso. –Disse já saindo da sala de interrogatório. Ellison se tornou policial por uma razão, sempre teve a síndrome de herói. No fundo queria ser um vigilante, como o Batman. Mas a vida é dura, e ele não era bilionário tinha que pagar as contas. Após ser promovido a investigador, ele investigou um caso sobre um serial killer que se auto-intitulava “The Killer”, matava por puro prazer, sem padrão definido sem preferências. Esse matador capturava as vitimas as torturava por no mínimo dois dias, na verdade era para o tempo que fosse necessário para que elas pedissem pela morte, quando finalmente estavam desesperadas e agonizando pela morte ele as entregava ao doce consolo da morte. O final dessa história é intrigante, depois de dois anos de investigação, o assassino se entregou a polícia, disse que a obra estava completa, e para espanto de todos, o assassino era ninguém mais, ninguém menos que o filho do Investigador Ellison. A cena do seu filho entrando algemado com um sorriso no rosto o assombrava todas as noites. A imprensa obviamente não perdoou discutindo a exaustão a influência da violência na cabeça dos jovens, culpando vídeo games, músicas e por último convívio familiar usando sempre a história de Ellison como exemplo.
- Delegado, eu quero revisar o local do crime, quero ir lá- Disse Ellison, na esperança de encontrar qualquer vestígio do assassino dentro da floresta, ele luta para convocar uma força tarefa de peritos das cidades da Serra carioca. Enquanto caminhava em direção ao bebedouro da delegacia ele com o canto do olho observa alguém entrar afoito dentro da delegacia, atento ele inclina um pouco o ouvido enquanto bebe água e escuta a conversa. O Senhor parece um tanto desnorteado, de longe não da para compreender uma palavra do que ele diz. Ellison então decide se aproximar do Balcão, e finalmente consegue compreender o que o homem está falando. Ele dizia:
- Eu vi quando uns homens encapuzados levavam uma menina vestida de branco para fora da cidade, a menina parecia em transe estava andando com eles por livre e espontânea vontade. – Ellison não agüenta mais e pergunta:
- Com licença, meu nome é Ellison Cunha sou o investigador da homicídios, você se lembra quem era a jovem?
-Não a conhecia. - Respondeu o senhor.
-Tem algo pode nos ajudar a identificar os homens que levaram a menina?
-Não, estava muito escuro eu não conseguia ver nada. Só a menina porque ela estava de branco.
-Hm, muito obrigado pela colaboração, se lembrar de algo útil, por favor, venha nos procurar. –Ellison desconfia muito do depoimento desse senhor, afinal ele estava nervoso demais e ficou ainda mais nervoso quando ele se apresentou como Investigador. O telefone toca, a secretária repassa para o investigador:
-É para o senhor, é o doutor Amélio Cabral.
Rapidamente Ellison pega o telefone e desliga. Nunca atenda ligações desse senhor Alice, ele é um louco que me persegue desde que descobriu sobre meu filho. Ellison se retira para a sala do delegado, com o rosto fechado como se tivessem pisado no calo dele.
-Podemos ir agora senhor delegado? Quanto mais tempo perdemos aqui, mais as pistas esfriam os peritos já estão de volta ao local?- Perguntou apressadamente, querendo sair muito rápido dali.
-Eles estão se dirigindo ao local imediatamente. –Falou o condescendente delegado César.
-Então devemos ir agora. –Realmente Ellison era um amor de pessoa, quando você conhece por uns cinco anos. A caminho do local do assassinato Ellison avista de longe uma menininha sentada no meio feio olhando para o chão, ele sente pena dela, e questiona o delegado.
-Senhor delegado, me estranha ver que nessa cidade exista uma criança sem-teto, ninguém na cidade se ofereceu para acolher ela? – Indagou o investigador
-Não, pelo menos não que eu me lembre, essa garotinha fica rodando pela cidade, a quase impossível vê-la com freqüência. Hoje ela está aqui rodando no centro da cidade, amanhã ela está La para o fim da cidade, tem dia que ninguém vê ela. Com certeza é um mistério. –Ellison não se contém e exclama.
-Mas, então por que a prefeitura não a colocou num abrigo? Ou a igreja acolheu a pobre a criança? Ela poderia virar feira qualquer coisa! Mas deixar uma criança largada a própria sorte é muita maldade, não acha? –Disse indignado para o delegado, surpreso com a atitude de “dane-se ela”. Saindo dos arredores do centro da cidade pegando a estrada para o interior da cidade, Ellison avista na estrada um comboio de bois passando pela rua, mas estranha o fato de eles não estarem sendo guardados por ninguém.
-Esses bois estão fugindo? – Perguntou ao delegado
-Com certeza, muitos pecuaristas por aqui têm perdido os seus bois por causa da traquinagem de algumas criancinhas. Coisa normal de interior, rapidamente eles acham as vacas de novo. Para isso que são marcadas. Ellison concorda com a cabeça, olhando mais ao fundo eles passam por uma casa simples na beira do rio. A paisagem leva a mente do investigador embora, ele começa a questionar quem é a garota que foi morta, a primeira coisa que passa pela cabeça dele é olhar novamente nos dados de pessoas desaparecidas, embora tenha centenas de pessoas desaparecidas no Brasil. Não demora muito para os pensamentos tão focados do investigador, o derrubarem. Em 1 minuto ele está dormindo, de repente o carro bate, ele acorda meio tonto, tenta ver se o delegado está bem, ao ver que o delegado havia desaparecido ele fica espantado. Ao olhar ao redor ele percebe que tudo parece igual e pensa “será que o delegado saiu e deixou o carro com freio de mão destravado? ha típico”. Ele sai do carro começa a andar no sentido contrário ao que o carro estava vindo, infelizmente era uma ladeira bem íngreme. Ao chegar ao topo ele avista um grupo de pessoas em marcha, elas correm em direção a casa na beira do lago. Passam por ele como se ele nem estivesse ali. Elas começam a gritar um nome, ou pelo menos tentam, pois o que gritam é impronunciável. Ele se posiciona melhor e olha para janela, percebe que tem uma garotinha dentro da casa! Ele tenta puxar sua arma para dispersar a multidão, mas num piscar de olhos três coquetéis molotov são arremessados para dentro da casa, as pessoas na rua gritam “QUEIME NO INFERNO SEU DEMÔNIO” “ASSASSINA! BRUXA!” em meio a tantos gritos de ódio a menininha dentro da casa grita com pavor, o investigador não se agüenta corre para acudir a menina quando ele vai se aproximando da casa o chão começa a rachar, não só o chão como o cenário inteiro, ele então sente um puxão e desperta no centro da cidade. A cidade está em chamas, as pessoas gritam nas ruas de desespero, no centro da cidade está uma criança pequena, bom, pelo menos só a silhueta dessa criança. O investigador sente um calafrio na espinha uma mão negra encosta-se a seu ombro, fria como a própria morte, escura como a própria. Completamente congelado de medo ele vê essa figura passar ao seu lado, esse ser o encara com os olhos brancos e muito luminosos chega cada vez mais perto, ele consegue sentir a vida fugindo dele, a alegria a esperança, era como se sua alma fosse despedaçada. A figura olha para o lado e se afasta rapidamente dele chega perto da criança e lhe estende a mão, hesitante ela agarra em sua mão e nessa hora seus olhos se tornam vermelho como sangue, ambos encaram o investigador em pé sozinho diante daquele inferno. O investigador sorri.


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