Você apareceu de forma inesperada, eu não estava procurando, mas você surgiu. Como eu poderia saber? Era apenas mais alguém numa rede social, mas conforme íamos conversando você passou a ser mais que isso, era tantas coincidências, e como me agradava conversar com você, não se via o tempo passar, e nunca faltava assunto. Me acostumei a falar com você e me apeguei de forma que eu não queria, toda noite ficávamos até tarde jogando conversa fora, e isso me fazia ir dormir feliz. E assim foi por um tempo, as vezes a gente discutia, as vezes mandávamos indiretas uma para a outra, mas estava tudo bem, até eu perceber como desejava você, como queria você, e como isso não daria certo. Não pela distância (que não chegava a ser absurda), mas sim porque você não me queria da mesma forma, o que tínhamos uma pela outra era bem distinto, e com isso foi complicado continuar a manter um contato diário. Mas eu tentei, fingia estar tudo bem pela necessidade de falar com você mas era cada vez mais difícil, nessa altura eu já sabia como isso acabaria, alguém ia se machucar, e não era você. Tentei ser coerente, e pela lógica sabia que tinha que me afastar, se continuasse a me envolver só iria te querer cada vez mais, ia tudo ficar mais intenso, e só ia resultar em mais dor. Então tentei me afastar e não vou mentir, não foi nada fácil, as noites vazias, a vontade chamar você, a saudade que pode ser cruel... Mas o que mais me incomodava era os assuntos mal resolvidos, não tínhamos conversado, não tínhamos chegado a nenhuma conclusão do que iríamos fazer e não dava pra ficar daquele jeito. E então a procurei, e você concordava comigo, tínhamos que resolver como seria, pensei em muitas coisas, a minha vontade era continuar conversando com você todos os dias como no começo, me parecia a solução mais fácil e minha vontade maior era essa, mas o bom senso sabia como acabaria, isso me faria ficar mais apegada, você não poderia me corresponder e eu só estaria adiantando o inevitável. Então fui pelo caminho mais difícil, o afastamento, você também achou que seria melhor assim, já que na sua cabeça você me fazia sofrer, e mal sabia que na verdade o que me fazia sofrer era sua indiferença, sua frieza... Nos despedimos, você me fez fazer várias promessas, que eu ficaria bem, que seguiria minha vida... E eu prometi mesmo você não merecendo toda essa consideração, e você partiu, e sabia que dali em diante começaria meu inferno diário...
Não posso negar que fiquei com raiva, muita raiva, era tudo que eu conseguia sentir, raiva de você, raiva de mim, raiva por ter conhecido alguém como você, raiva por gostar tanto de você, raiva por estar longe, raiva por não me corresponder, raiva por viver tão bem sem mim... Era tudo o que eu tinha, e isso acabava comigo.
Seguia minha vida normalmente, saía, ria, agia normalmente com os outros, mas sempre com um "amargo" terrível dentro de mim, com os dias a saudade aumentava, e eu aproveitava a noite para desabar, se passava meus minutos antes de dormi apenas chorando em silêncio, as coisas se tornavam um pouco mais fáceis no dia seguinte, de certa forma me sentia um pouco mais leve. Em noites solidária era pior, a saudade rasgava, mas estava decidida, não iria te procurar, não iria atrás de você, e assim eu fiz.
Os meses passaram, e foi tudo ficando mais fácil, talvez aquelas frases clichês realmente estejam certas, depois do mais difícil tudo ficará bem. E já não sofria tanto pela sua ausência, pensava em você mas era apenas uma lembrança, sentia saudades as vezes mas não era nada que me fizesse desabar e me desesperar como antes. Talvez se tivesse feito o que mais sentia vontade naquele momento não estaria bem, provavelmente se continuasse me envolvendo estaria sofrendo ainda mais do que sofri. E conclui que as vezes o mais difícil é o melhor a se fazer, mesmo que isso vá contra suas vontades.
Numa noite estava viajando, tudo tão escuro e silencioso, e de repente estava me questionando "será que estou passando por perto de onde você mora", esse pensamento não me surpreendeu, ainda lembrava de você, ainda pensava em você, mas isso não tinha mais efeito sobre mim, eram apenas pensamentos... Mas fiquei curiosa para saber o porque de estar pensando nisso, mesmo que estivesse passando na sua rua que diferença isso iria fazer? Já fazia tanto tempo...
Os meus dias eram normais, como era antes de você passar pela minha vida, depois do que houve ninguém mais tinha me "dominado", não me envolvi sentimentalmente com mais ninguém, e eu nem queria isso mesmo. Depois da experiência que tive evitaria isso o máximo, não valia a pena.
Quase um ano depois sem saber nada de você, sem nunca mais entrar em contato, você me procura, não estava esperando, tanto tempo depois. Me disse que estava com saudades, e por um minuto de recaída eu respondi, não parei para pensar, fui ingênua e no mesmo segundo disse que também sentia saudades, foi tão rápido que mal deu tempo daquilo me causar impacto. E com isso lá estávamos nós outra vez, conversando como antigamente, contando uma para outra o que andávamos fazendo, e nos envolvendo novamente. Como sou tola, pelo jeito esqueci bem rápido como tinha acabado da primeira vez, como é ruim não guardar rancor.
Entre nossa longa conversa você me disse que tinha errado, que não deveria ter agido daquele jeito, e pronto, bastou para mim acreditar que tinha mudado. Como pude ter sido tão cega? Acreditar e me deixar levar tão fácil apenas com palavras, hoje em dia isso me surpreende, nunca fui de acreditar facilmente. Não demorou para que a gente voltasse a se falar todos os dias, ficávamos até de madrugada conversando como nos velhos tempos, e como adorava isso, o assunto rendia com tanta facilidade. Poucos dias depois se tornou meio que uma necessidade conversar com você, e eu nem pensava nas consequências que isso poderia ter, como me odeio por isso.
Algumas semanas se foram, e a gente continuava a se falar todos os dias, a essa altura eu já estava bem apegada a você, e tinha uma necessidade idiota de deixar isso claro, talvez seria melhor se tivesse guardado os meus sentimentos, porque ai quem sabe, você poderia permanecer como uma amiga, mesmo que o que eu sinto fosse me sufocar uma hora, acho que seria menos torturante que a sua ausência.
Conforme o tempo ia passando a minha vontade de ter você só crescia, e íamos ficando mais próximas, a gente era bem mais íntima de quando você apareceu pela primeira vez, imaginávamos coisas juntas e isso era sensacional, tinha noites em que a gente ficava até amanhecer e isso era o paraíso pra mim.
Cheguei a um ponto que não escondia nada de você, falava tudo o que sentia, e dessa vez era tão mais intenso, era algo bem maior do que eu. E foi ai que as coisas foi se complicando, você não sentia o mesmo, e isso era óbvio, mas eu precisava tentar, precisava me humilhar.
Demorei até perceber que para você eu não passava de um tapa buraco, você me procurou depois de terminar com alguém e queria uma distração, e então me procurou, gostava de conversar comigo mas era apenas isso, você não tinha sentimentos nenhum por mim.
Isso acabou comigo, mas não como a primeira vez, isso me destruiu bem mais, porque agora não era só alguém que eu gostava, era alguém que eu amava, tínhamos tido algo bem mais intimo, e você conseguia ser tão fria diante disso, ainda me lembro de algumas palavras sua que vieram como um tiro, mas ainda assim não quis te deixar, na verdade, não conseguia.
Como era maravilhoso ouvir sua voz, abraçar qualquer coisa que seja e imaginar você, como era reconfortante criar cenas de nós juntas, como num filme, que você me correspondia e a gente tinha nossa vida juntas, eu imaginava tudo, até os mínimos detalhes, você dormindo exausta sobre mim, você me provocando enquanto te olho, você me beijando enquanto te aperto, você brava enquanto te puxo pela cintura, você dormindo enquanto te olho e passo a mão no seu cabelo, você triste enquanto te consolo, você tentando dormir enquanto te abraço, você doente enquanto cuido de você... Não tinha coisa que eu não imaginava, mas também tinha a realidade que tinha que encarar, você longe enquanto te desejo, você indiferente enquanto eu te amo, como era difícil lidar com isso.
Lembro que falava mal da sua ex, como se ela fosse a pior pessoa do mundo, nunca a conheci, mas acho difícil ela ser pior do que você. Demorei até conseguir encarar a verdade, que o melhor seria me afastar de você, de novo, porém dessa vez, a bagunça feita era bem maior. Uma noite conversamos normalmente, você disse que havia perdido seu número, me contou sobre uma situação que teve com sua ex, e ai percebi que ainda gostava dela, e bom, a essa altura já não tinha mais o que ser destruído em mim, você ficou de me procurar no começo daquela semana e eu concordei, mas passou uma semana e nada...
Não conseguia compreender, como podia ser tão cruel? O que tinha feito para você fazer aquilo? Você falava do que eu sentia como se fosse uma chuva passageira, como se tudo fosse drama, como se não importasse se ia ou não me ferir. No fundo te invejava por conseguir ser tão fria e indiferente assim. De fato, nada é eterno, nem mesmo a dor, mas pra que fazer isso? Você não se importava com o que podia causar sobre mim, na sua cabeça isso ia passar uma hora então tudo bem. Mas nem sempre o fim justifica os meios.
Depois que você resolveu aparecer a minha vontade era jogar tudo isso na sua cara, mas resolvi ser curta, fui grossa com tudo que me perguntava, e você nem se mostrava surpresa com a minha raiva porque sabia que tinha motivos. Não conversamos quase nada depois que você, meu amor, deu o ar da graça. Eu não te procurava e você muito menos. Então percebi que você não ia tentar conversar, e pelo menos ter um pouco de consideração pra falar o que fez naqueles dias que sumiu, ou o porque disso...
Não ia me humilhar mais ainda, a gota de dignidade que ainda me restou fez eu excluir tudo que lembrava você (não que tenha adiantado). Mas pelo menos daria pra você perceber que eu não queria mais conversa com você, pra ser mais exata queria sim, mas no que isso resultaria? Depois de ver como você é só ia resultar em mais sofrimento. E então tudo se acabou ali, sem nenhuma despedida, com vários assuntos mal resolvidos, com várias perguntas, e eu literalmente com vontade de morrer.
Maldita cabeça a minha, quando mais pensava mais dor me causava, a unica coisa que me passava na mente era conseguir encontrar um porque, nenhuma das respostas colocava você numa situação agradável. Imaginei que nesse tempo que sumiu tenha se acertado com sua ex, e então, para que mais precisaria do seu tapa buraco não é mesmo? E enfim, não importava a conclusão que chegava não consegui mais ver você como uma pessoa boa. Da primeira vez que partiu me lembrava de você como alguém que eu conheci, apenas. Agora vejo você como alguém que talvez nunca tenha conhecido o amor, como alguém que gosta de causar dor, como alguém que só pensa em si próprio, como alguém que não quero no meu caminho. Incrível como um segundo de recaída faz você ter consequências durante meses, se tivesse ignorado aquele saudades sua hoje em dia estaria bem, não estaria escrevendo esse texto enorme como uma forma de desabafar, não estaria indo dormir com o travesseiro molhado... Poderia evitar tantas coisas, que vontade voltar no tempo.
Hoje em dia, meses depois disso tudo continuo pensando em você, continuo querendo você, chorando por você, amando e ao mesmo tempo odiando você. Talvez algum dia você seja cara de pau o suficiente para me procurar de novo, e nesse dia estarei pronta para te ignorar, ou talvez eu seja atrevida para te mandar isso tudo. Talvez algum dia por um acaso o seu caminho se cruze com o meu, e então por um minuto eu te olhe com desprezo e siga meu caminho, ainda que isso me rasgue, ainda que eu desabe logo em seguida, ainda que a minha vontade seja de correr até você e te abraçar... Isso não vai acontecer, você não me terá mais em suas mãos, eu não me humilharei mais por alguém como você.
Enquanto essa paixão (como você dizia) que você tanto afirmou ser passageira não passa, vou seguindo com minha vida, vou me ocupando, me desesperando, me culpando, me lamentando... Vou tentar arrumar mais ocupações porque não importa o que eu faça, não importa como tente me distrair com algo, não importa com quem esteja, não importa onde esteja... Nada, exatamente nada faz eu parar de pensar em você, e como minhas noites morrendo por você são longas, como é difícil fingir que está tudo bem, como é difícil se sentir feliz, como é difícil sentir vontade acordar...
Mas caso um dia chegue a ler isso, saiba que não escrevi por você, e sim por mim, apenas mais uma forma de tentar aliviar a dor, e isso no momento é algo que eu não estou em condições de negar.
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