Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A Correção Como um Favor Divino
Calvino

Por João Calvino

O CASTIGO INFLIGIDO A DAVI E A OUTROS, NA ESCRITURA, É CLARA EVIDÊNCIA DE FAVOR DIVINO, E NÃO EXPRESSÃO DE SUA JUSTIÇA PUNITIVA OU FORMA DE SATISFAÇÃO PELO PECADO

Todos podem agora compreender, se não me engano, a que propósito teve esse castigo do Senhor para com Davi, isto é, para que fosse uma prova de que o homicídio e o adultério desagradam gravemente a Deus, contra os quais havia declarado ser tão grande ofensa em seu dileto e fiel servo, que daí fosse o próprio Davi ensinado, para que depois disso não mais ousasse praticar tal crime. Não, porém, que fosse uma penalidade pela qual pagasse a Deus uma certa compensação por sua falta.

Assim também se deve julgar acerca do outro castigo, com que o Senhor aflige ao povo de Israel com violenta praga [2 Sam 24.15] por causa da desobediência de Davi, no qual caíra quando ordenou o censo do próprio povo. Ora, na verdade, Deus perdoou graciosamente a Davi a gravidade da culpa de seu pecado, mas, porque era pertinente, não apenas como exemplo público de todos os séculos, como também para a humilhação de Davi; é por isso que tal crime não podia ficar impune, castigando-o mui severamente com seu azorrague.

Convém ter diante dos olhos também este propósito na maldição universal do gênero humano [Gen 3.16-19]. Pois, uma vez que depois de obtida a graça, no entanto sofremos ainda todas as misérias que foram infligidas a nosso pai como pena do pecado, sentimos que, com tais medidas disciplinares, somos advertidos de quão seriamente desagrada a Deus a transgressão de sua lei, para que, abatidos e humilhados pela consciência de nossa miserável sorte, aspiremos mais ardentemente à verdadeira bem-aventurança.

Mui estulto, de fato, haverá de ser quem julgue que as calamidades da presente vida nos foram impostas como punição de pecado. Isto, parece-me, foi o que Crisóstomo quis dizer quando assim escreveu: “Se Deus nos castiga por esta causa: para chamar ao arrependimento aos que perseveram em seus maus feitos, havendo-nos já arrependido, a penalidade seria supérflua.” Por isso, conforme reconhece ser mais adequado à natural disposição de cada um, assim trata a este com severidade maior, àquele com indulgência mais benigna. E dessa forma, quando quer ensinar que não é imoderado em impor punições, exprobra ao povo duro e obstinado, porque, castigado, entretanto não cessa de pecar [Jer 5.3]. Nesse sentido, queixa-se ele de que Efraim é como um bolo assado de uma banda, e cru de outra banda [Os 7.8], obviamente porque os açoites de Deus não penetravam as almas; daí, cozidas as falhas, o próprio povo se fizesse apto para o perdão.

Com efeito, Aquele que assim fala mostra que, tão logo alguém tenha se arrependido, o mesmo haverá ele de ser prontamente aplacado, e que em decorrência de nossa obstinação para consigo, se exprime o rigor que exerce castigando as transgressões, rigor ao encontro do qual ocorreria a espontânea correção. No entanto, uma vez que de todos é esta a dureza e desconhecimento que em geral é preciso castigar, aprouve ao sapientíssimo Pai a todos, sem exceção, exercitar por toda a vida com comum flagelação.

Entretanto, é estranho por que assim os olhos se volvem somente para exemplo de Davi e não sejam movidos fundamente de tantos exemplos nos quais lhes era facultado contemplar a graciosa remissão dos pecados. Lê-se que o publicano desceu do templo justificado [Lc 18.14]. Não há nenhuma menção de pena. Pedro obteve perdão de sua falta. Diz Ambrósio: “Lemos de suas lágrimas [Lc 22.62], nada lemos de satisfação.” E o paralítico ouve: “Levanta-te; teus pecados estão perdoados” [Mt 9.2]. Nenhuma pena lhe é imposta. Todas as absolvições que se registram na Escritura são descritas como gratuitas. Desta abundância de exemplos devia buscar-se a regra, e não do único exemplo de Davi, que contém não sei quê de singular.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Comentário dos livros do Velho Testamento:
http://livrosbiblia.blogspot.com.br/

Comentário do Novo Testamento:
http://livrono.blogspot.com.br/

Mensagens:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/

Escatologia (tempo do fim):
http://aguardandovj.blogspot.com.br/


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
Número de vezes que este texto foi lido: 52813


Outros títulos do mesmo autor

Artigos O Amor Fraternal Calvino
Artigos A Bíblia é a Palavra de Deus Calvino
Artigos Chamados para a Santificação Calvino
Artigos Crescendo no Amor Mútuo Calvino
Artigos Orando Muito Dia e Noite Calvino
Artigos O Sentido da Vida Calvino
Artigos Testemunho da Fé e do Amor Calvino
Artigos Ordenados para Vencer as Tribulações Calvino
Artigos O Cuidado Pastoral de Paulo Calvino
Artigos A Preocupação de Paulo com as Igrejas Calvino

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 215.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 68980 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57900 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56725 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55804 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55057 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 54980 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54858 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54850 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54750 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54720 Visitas

Páginas: Próxima Última