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A Correção Como um Favor Divino
Calvino

Por João Calvino

O CASTIGO INFLIGIDO A DAVI E A OUTROS, NA ESCRITURA, É CLARA EVIDÊNCIA DE FAVOR DIVINO, E NÃO EXPRESSÃO DE SUA JUSTIÇA PUNITIVA OU FORMA DE SATISFAÇÃO PELO PECADO

Todos podem agora compreender, se não me engano, a que propósito teve esse castigo do Senhor para com Davi, isto é, para que fosse uma prova de que o homicídio e o adultério desagradam gravemente a Deus, contra os quais havia declarado ser tão grande ofensa em seu dileto e fiel servo, que daí fosse o próprio Davi ensinado, para que depois disso não mais ousasse praticar tal crime. Não, porém, que fosse uma penalidade pela qual pagasse a Deus uma certa compensação por sua falta.

Assim também se deve julgar acerca do outro castigo, com que o Senhor aflige ao povo de Israel com violenta praga [2 Sam 24.15] por causa da desobediência de Davi, no qual caíra quando ordenou o censo do próprio povo. Ora, na verdade, Deus perdoou graciosamente a Davi a gravidade da culpa de seu pecado, mas, porque era pertinente, não apenas como exemplo público de todos os séculos, como também para a humilhação de Davi; é por isso que tal crime não podia ficar impune, castigando-o mui severamente com seu azorrague.

Convém ter diante dos olhos também este propósito na maldição universal do gênero humano [Gen 3.16-19]. Pois, uma vez que depois de obtida a graça, no entanto sofremos ainda todas as misérias que foram infligidas a nosso pai como pena do pecado, sentimos que, com tais medidas disciplinares, somos advertidos de quão seriamente desagrada a Deus a transgressão de sua lei, para que, abatidos e humilhados pela consciência de nossa miserável sorte, aspiremos mais ardentemente à verdadeira bem-aventurança.

Mui estulto, de fato, haverá de ser quem julgue que as calamidades da presente vida nos foram impostas como punição de pecado. Isto, parece-me, foi o que Crisóstomo quis dizer quando assim escreveu: “Se Deus nos castiga por esta causa: para chamar ao arrependimento aos que perseveram em seus maus feitos, havendo-nos já arrependido, a penalidade seria supérflua.” Por isso, conforme reconhece ser mais adequado à natural disposição de cada um, assim trata a este com severidade maior, àquele com indulgência mais benigna. E dessa forma, quando quer ensinar que não é imoderado em impor punições, exprobra ao povo duro e obstinado, porque, castigado, entretanto não cessa de pecar [Jer 5.3]. Nesse sentido, queixa-se ele de que Efraim é como um bolo assado de uma banda, e cru de outra banda [Os 7.8], obviamente porque os açoites de Deus não penetravam as almas; daí, cozidas as falhas, o próprio povo se fizesse apto para o perdão.

Com efeito, Aquele que assim fala mostra que, tão logo alguém tenha se arrependido, o mesmo haverá ele de ser prontamente aplacado, e que em decorrência de nossa obstinação para consigo, se exprime o rigor que exerce castigando as transgressões, rigor ao encontro do qual ocorreria a espontânea correção. No entanto, uma vez que de todos é esta a dureza e desconhecimento que em geral é preciso castigar, aprouve ao sapientíssimo Pai a todos, sem exceção, exercitar por toda a vida com comum flagelação.

Entretanto, é estranho por que assim os olhos se volvem somente para exemplo de Davi e não sejam movidos fundamente de tantos exemplos nos quais lhes era facultado contemplar a graciosa remissão dos pecados. Lê-se que o publicano desceu do templo justificado [Lc 18.14]. Não há nenhuma menção de pena. Pedro obteve perdão de sua falta. Diz Ambrósio: “Lemos de suas lágrimas [Lc 22.62], nada lemos de satisfação.” E o paralítico ouve: “Levanta-te; teus pecados estão perdoados” [Mt 9.2]. Nenhuma pena lhe é imposta. Todas as absolvições que se registram na Escritura são descritas como gratuitas. Desta abundância de exemplos devia buscar-se a regra, e não do único exemplo de Davi, que contém não sei quê de singular.

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