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TRÍPTICO
Antônio Oliveira Pena

1.     Desalento

Não são os meus sentidos como antes
(ou o meu ser talvez que haja mudado):
que o mesmo não me é o descampado,
nem mesmas as colinas verdejantes!

Embora na estação das tão fragrantes,
risonhas flores a se abrir no prado,
e sobre escarpas, e por todo lado,
e em que chilreiam os pássaros amantes,

ai! tudo, me parece, se amesquinha:
não têm os lírios do caminho aquela
magia que a menor das flores tinha;

e o ruidoso chilrar da passarada,
da alegre passarada tagarela,
por mais que diga, diz-me quase nada!

Santa Rita de Jacutinga, 2008

2.     Ver o passar sereno deste rio...

Ver o passar sereno deste rio,
em que alegres brincávamos outrora,
numa algazarra que jamais agora
pudéramos fazer, que é só fastio

o espírito; e o coração, num calafrio,
sabe: não torna atrás o dia, à aurora
sua. Antes avança para o cais sombrio
da noite, onde se aquieta, aonde ancora...

Ver este rio (de surpresa, a esmo)
cujos perigos conhecemos juntos,
é a nós próprios vermos, todavia

través da névoa de dias defuntos;
é verdes vossa sombra; é — me arrepia —
deparar com o fantasma de mim mesmo!

Santa Rita de Jacutinga, 2008

3.     No céu de estrelas ermo...

No céu de estrelas ermo ou orvalhado,
numa noite em que venta, misteriosa,
procura o homem, como embriagado,
alguma coisa estranha, vaporosa.

Na luz do dia, branca e dadivosa,
nas flores que se espalham pelo prado;
na doença cruel, infecciosa,
no suspiro do peito enamorado...

O homem, em tudo o que há, em ver insiste
um brilho diamantino ou, inda que triste,
a resposta àquilo que o enfadonha;

quando é dentro de si que, todavia,
a joia rara existe, com que sonha,
e o lenitivo ao mal que o crucia.

Do livro: Recado, que integra o volume: O invólucro da noite — Poemas reunidos, 2010.


Biografia:
Antônio Oliveira Pena, nascido em Santa Rita de Jacutinga, MG, conquanto naturalizado fluminense, precisamente de Barra Mansa, é professor e poeta. Em 1999, estreia com Poemas - Poesia da juventude e Esboço, reeditado em 2004 acrescido dos livros: O ritmo da palavra, Vertigem e Nau submersa, este último posteriormente aumentado. Em 2010, com o patrocínio da Secretaria de Cultura de Volta Redonda, publica O invólucro da noite - toda a poesia até então, a que se somam, ainda, o livro que empresta o nome ao volume e o opúsculo Recado. Também em 2010, o Grêmio Barra-mansense de Letras edita Frêmito - também poesia, seguido de Haicais, épica & sonetos, em parceria com José Fleming e Menulfo Nery Bezerra. Criado pelo poeta, o blog poetaantoniopena.blogspot.com resume o fazer poético desse autor da cidade de Volta Redonda ainda desconhecido do grande público.
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