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Geraldo, o Malas-artes
Paulo Azze

Resumo:
Casos e ocorrências na vida de estudantes em uma República!

De início, para evitar mal-entendidos, confesso que pesquisei a termo malas-artes, e dentre todos os significados que achei, o que se aplica no caso é: “faz coisas mal feitas, trapalhadas.” Devidamente esclarecido, vamos aos fatos.
        O Geraldo era um dos cinco ocupantes da nossa República da Rua Mar de Espanha, lá pelos lados do Bairro Santo Antônio de BH, nos idos de 1964 e anos subsequentes. Personagem de fatos marcantes, dentre eles destaco aqui dois.
        Ele foi seminarista, mas devido as suas ideias avançadas no contesto do Seminário, parece que foi gentilmente convidado a buscar outras praias, mas como por aqui em Minas não tem, foi obrigado a buscar outros rumos. Mas ele conservou a batina e demais apetrechos do oficio religioso, apesar de não ter sido devidamente ordenado.
        Como gostava de zoar, de vez em quando, vestia a batina e saia pela rua distribuindo santinhos para a criançada do bairro, formando uma pequena procissão atrás, disputando a dádiva divina, para nosso grande prazer, pois ficávamos espreitando a cena hilária da janela do primeiro andar (alguém já disse isto numa música, mas era outro andar, o oitavo).
        De outra feita, a noite, estando eu e o Renato sozinhos na República, pela mesma referida janela de alguma música algures, fomos surpreendidos por uma viatura da Radio Patrulha (RP como era chamada naquele tempo as viaturas policiais) estacionada bem em frente ao nosso prédio. Luzes piscando, rádio comunicador ligado e tudo mais.
        Ficamos de tocaia (agora, literalmente esperando na janela, tal qual o Gilberto Gil) para ver o que se passava e qual não foi maior ainda nossa surpresa quando da viatura sai o colega Geraldo, em estado etílico avançado, amparado por policiais e entregue gentilmente no portão de entrada. Ato continuo, o mesmo, talvez com um esforço exagerado, subiu a íngreme escada adentrando nossa humilde residência (não a do Michel Teló lógico) cambaleando naquele triste estado. Haja cachaça!
        De minha parte, não tinha ideia do que fazer para socorre-lo; no assunto era inexperiente e não tínhamos qualquer remédio adequado; assim comentei com o Renato qual procedimento tomaríamos. Este, mas 'expert', me tranquilizou dizendo que o melhor remédio era um bom Chá de Jornal. Ignorante no assunto, nunca tinha sequer ouvido falar, tive que concordar devido as prementes circunstâncias.
        Ato contínuo e sem delongas, o mesmo esquentou uma panela de agua e quando esta começou a ferver, para minha surpresa, mergulhou algumas folhas de jornais velhas, que estavam espalhadas pelo chão da cozinha. Foi um derretimento total das letras (para o desgosto dos autores que delas se serviram) e figuras (agora dos fotógrafos) deixando as ditas folhas quase em branco de espanto, neste ponto, estando ao ponto, as mesmas foram retiradas.
        Pronto o remédio, fez-se o coitado do paciente ingerir daquele líquido meio escuro, goela abaixo, o qual, provando ser eficiente, agiu rápido provocando ânsias e vômitos, retirando tudo que havia lá por dentro, agora goela acima. O remédio funcionou, apesar da comoção geral, nossa e do Geraldo.
        Não sei se o Fernando Kassad (aquele da EPTV do Prato Feito) já tomou ciência do Chá de Jornal para indicar aos seus telespectadores ou mesmo se foi devidamente aprovado pela Anvisa ou se ainda está em teste em algum laboratório; o certo mesmo é que não me arrisco de experimentar o mesmo, 'sê besta sô', portando, precavido, sempre mantenho um estoque de Sal de Fruta a mão por precaução. Principalmente quando o Renato encontra-se por perto. Recuso Sonrisal devido à demora em dissolver pois, pode não dar tempo de acudir antes de chamar o Hugo.
        Já devidamente recuperado, ficamos sabendo que o Geraldo em alto estado etílico, estava tentando adentrar na Hora Dançante do DCE, que ficava ali perto da Praça da Liberdade, sendo devidamente bloqueado na portaria. Como insistia muito, foi necessário chamar a RP, que felizmente, ao invés de encaminha-lo a delegacia, entregou-o em casa (pelo estrangeirismo 'Police Delivery Service'). Apesar de todo o vexame, pelo menos ele economizou o táxi para mais algumas futuras biritas.
        O estimado leitor pode estar se perguntando se tais fatos são verdadeiros, mas posso afirmar sob as penas da lei que sim, o que pode ter ocorrido é algum rebuscamento no texto no tratamento do caso, mas que em nada muda a veracidade dos mesmos.
        Em tempo, apesar dos pesares, ele se formou em Sociologia pela FACE UFMG e parece que anda pelos lados de Brasília; não sei fazendo o que, pois acho que nada se faz por lá, só espero que não esteja aprontando...
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Leia este e os outros textos em: http://pauloazze.blogspot.com.br/



Biografia:
Somente um mineiro da engenharia aposentado, despendendo algum tempo tentando escrever alguma coisa, mesmo sem um estilo definido e muito menos qualquer pretensão. proseio@outlook.com
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