Impressionante como as pessoas mudam rápido de opinião.
Quando voltei a frequentar o colégio, me encaravam como uma coitadinha, traumatizada, depressiva; depois passaram a me ignorar, aceitando que eu era uma antissocial esquisita. Agora a minha fama era a de maluca invejosa, que queria estar no lugar da Lúcia, principalmente por não ter superado o problema e que tenta levar a ex-amiga para o fundo do poço junto.
Não, não foi a Lúcia que espalhou essa fama. Não diretamente. Seus amiguinhos fizeram esse papel muito bem e a participação dela se dava toda vez que ela tentava "me defender", reforçando a sua imagem de pacifista compreensiva e a minha de barraqueira difamadora.
Quando eu pensei que as pessoas finalmente passaram a questionar o que houve entre a gente, que passaram a refletir sobre essa "volta por cima" rápida e com 100% de sucesso, percebo que, na verdade, elas passaram a refletir sobre o porquê de eu ter ficado desse jeito e elas, desconsiderando totalmente a culpa que a Lúcia possa ter nessa história, concluíram que eu simplesmente quero que a Lúcia fique deprimida comigo.
Eu não estou deprimida. Eu estou com raiva. Muita. Porque nada disso teria acontecido se a Lúcia tivesse feito escolhas menos egoístas. Se ela não fosse tão inconsequente. Se ela não fosse tão Lúcia!
Pensar não parece ser uma prática muito comum entre essas pessoas e elas preferem ficar fazendo piadinhas quando passo, comentários maldosos e ofensivos. Foda-se eles também. Tenho isso como consolo, porque eu pelo menos tenho que enfrentar a tudo isso sozinha, de cara limpa; a Lúcia precisa desses imbecis para manter as aparências. Eu tenho pena dela.
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