Por Jonathan Edwards
O apóstolo Paulo apresenta uma razão por que ele continuava com tamanha coragem e firmeza imóveis em meio a tantas labutas, sofrimentos e perigos a serviço do Senhor. Sua atitude fazia com que seus inimigos, os falsos mestres entre os coríntios, o reprovassem por estar fora de si e impulsionado por um tipo de loucura. Na parte final do capítulo precedente, o apóstolo informa os coríntios cristãos que a razão de ele agir assim era porque ele cria firmemente nas promessas que Jesus fizera aos seus servos fiéis, de uma futura recompensa gloriosa e eterna. Ele sabia que estas aflições presentes eram leves e momentâneas em comparação àquele mui excelente e eterno peso de glória. Neste capítulo, ele prossegue insistindo na razão de sua firmeza no sofrimento e exposição à morte na obra do ministério, até chegar ao estado mais feliz que esperava desfrutar depois da morte. Este é o tema do meu texto, sobre o qual faremos algumas observações:
1. O grande privilégio futuro de estar presente com Cristo, fato que o apóstolo esperava desfrutar. As palavras no original significam habitar com Cristo no mesmo país ou cidade, ou fazer uma casa com Cristo.
2. O tempo em que o apóstolo gozaria este privilégio, isto é, quando ele estaria ausente do corpo. Ele quer dizer a mesma coisa em Filipenses 1.22,23: "Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei, então, o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor".
3. O valor que o apóstolo deu a este privilégio era tão grande que por esta causa ele escolheu estar ausente do corpo. Ele estava propenso, ou (como a palavra corretamente significa) lhe era mais agradável, partir da vida presente e de todos os seus prazeres no interesse de possuir este grande benefício.
4. O benefício que o apóstolo já desfrutava pela fé e esperança deste futuro privilégio, ou seja, que ele recebeu coragem, garantia e constância de mente de acordo com a significação própria da palavra que é traduzida por "temos confiança". O apóstolo está dando a razão dessa fortaleza e estabilidade mental inabalável com as quais ele passou por extremas labutas, sofrimentos e perigos que menciona neste discurso, de forma que, no meio de tudo isso ele não desfalecia, não ficava desencorajado, mas tinha luz constante e apoio, força e consolo interiores: "Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia" (2 Co 4.16). O mesmo pensamento é expresso mais particularmente nos versículos 8 a 10 do mesmo capítulo: "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos". No capítulo 6, versículos 4 a 10, lemos: "Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo: na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo e eis que vivemos; como castigados e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo".
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