Repúdio
Eu ando bem cansada e sem ventura,
Porque nem mais sorrir já não consigo.
Caminho só e só sem ombro amigo,
Que possa partilhar minha amargura.
Palmilho cada passo em desventura
Imersa na frieza de um jazigo.
Mascando grama seca, meu castigo,
Não sinto mais na vida formosura.
Assim me deixem, anjos, ir-me embora,
Porque me pesa o fardo em cada hora,
E sinto-me tão seca qual deserto.
No cárcere que vivo, a luz da aurora,
Não treme e já não brilha como outrora,
E o tempo que passou não tem conserto.
Edith Lobato – 29/06/14
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