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O amendoim - Parte 2
Celso Valois


A cachaça corria solta na venda do Zé fiado. Petrônio com seu compadre e mais três amigos que foram chegando após saber da notícia.
- Agora o amigo vai ter com que se preocupar – Falou Pedro, sujeito que a língua não cabia na boca, em tom de ironia.
- Pois saiba o amigo que essa preocupação tem nome e se chama Júlia.
Disse o pai, já com a voz enrolando pelo efeito das trinta e cinco garrafas de conhaque. Era uma comemoração que estava a consumir todo o estoque do Zé fiado, que por volta das onze da noite, cochilava sobre o balcão.
- Ô Petrônio, me diga uma coisa, se nessa idade o amigo conseguiu fazer só uma mulher, que há de crescer com saúde e beleza, quem vai herdar estas terras, a fazenda... – Como falei, esse sujeito tinha uma língua que não cabia na boca; ora se aquele era o momento pra este tipo de assunto? Não deu outra.
Petrônio, puxou da peixeira que sempre anda na sua cintura e partiu pra cima do linguarudo, que se não fosse pela intervenção do Zé Fiado, uma tragédia teria acontecido.
- Olha aqui seu cabra da peste, se você acha que não fui homem pra fazer um herdeiro macho, saiba que sou suficiente... ( tropeçou e caiu sobre a mesa)
- Calma amigo e deixa de valentia, só fiz uma pergunta, sem querer ofender...
- Vamos parar com esta discussão, pelo amor de Deus! – Disse Zé Fiado empurrando o linguarudo para fora do estabelecimento.
Os dois companheiros de bar, levantaram o Petrônio e cuidaram de carrega-lo, cambaleando pelas ruas, até sua casa. Na verdade não era só o Petrônio que cambaleava de bêbado, todos os três andavam em zig-zag, conversando assuntos que nem eles mesmos entendiam um ao outro.
Chegando em casa, os dois amigos deixaram Petrônio numa rede, sempre armada na varanda da fazenda e trataram de ir embora, haja que o amigo assim que sentou, logo dormiu.
Por volta das cinco da manhã, um clarão de luz invadiu a varanda por entre os buracos do telhado, que tanto sua mulher já havia reclamado para o marido consertar e foi bater justamente no rosto do ressacado.
Petrônio abriu os olhos e ouviu ao fundo o cantar do galo e outro som diferente, motivo da sua bebedeira do dia anterior. Era o choro da Júlia, que pelo visto anunciava que o dia havia amanhecido e reclamava pelo seu café.
Petrônio então se levantou e se dirigiu ao quarto para, agora sim, conhecer sua pequena e amada Júlia.
Tomou a criança em seus braços e ficou olhando admirado, ouvindo o que sua mulher falava.
- Devia era ter respeito pela tua filha. Já to sabendo do que tu andou aprontando ontem na venda do Zé Fiado... – Interrompeu ele.
- Ora mulher, sabe que não sou de levar desaforo pra casa. Mas tudo bem, hoje mesmo vou lá e me acertar com o Pedro. Ele vai pedir desculpa pela bobagem que falou.
Helena, esposa do Petrônio, mãe de Júlia, sabia que o que o marido falava era verdade. Que se não fosse pela sua valentia, nunca haveria de ter se casado com ele, que foi capaz de enfrentar seu pai, tomando-a para si, visto seu casamento arranjado com o filho de outro fazendeiro já estar encomendado.
- Ô Zé, tu sabe que sempre quis te dar essa satisfação, se Deus quis uma mulher, então que há de se fazer?
Petrônio, sentou-se na cama e com a bebê nos braços, afagou o rosto de Helena suavemente, como se partilhando com ela os mesmos sentimentos.

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