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ao fim e ao cabo |
Martinho Tota |
cada pedaço de mim
um selvagem, um aborígine que me habita
uma pérola uma bala
que me ameaça
pondo minha vida em xeque
mate!
um chá mate gelado
o melhor você encontra ali
do outro lado
na esquina entre um hemisfério e outro
cada parte de mim é uma fruta
tem laranja maçã banana abacaxi e framboesa
até kiwi tem e tem sapoti também tem
ten dólares cada
porque tá tudo caro
qualquer nabo qualquer rabo
anda caro
cada pedaço de mim tem preço
preço e apreço
nem sempre alto
nem sempre baixo
cada pedaço de mim é um bicho
um animal
um veado aqui, outro veado ali
é veado em cima, veado em baixo
sei que esculacho
claro que sei que esculacho
às vezes
é claro
nem sempre é claro
cada parte de mim é bosta e joia
depende de quem vier
depende de quem quiser
bosta pra quem é de bosta
joia pra quem é de joia
e quando falta mercadoria
invento uma pra deixar o cliente satisfeito
cada pedaço de mim é floresta
é mato é sítio é sertão
cada parte de mim é veneno
veneno ácido e amor
ácido
não confiem em mim
não deem confiança alguma a nenhuma parte de mim
no final das contas
ao fim e ao cabo
de enxada ou de machado)
sou uma civilização inteira
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Biografia: Nasci em Campina Grande, estado da Paraíba. Comecei a escrever contos e poesias aos 15 anos, além de vários esboços de romances nunca terminados. Hoje sou antropólogo, porém a atividade literária continua absorvendo boa parte da minha vida. Hoje devo ter perto de dois mil textos poéticos escritos, bastante heterogêneos em suas formas (visto que sou um antropófago pós-moderno), porém muito próximos em seus temas. Passados dez anos dedicados a esta diletante profissão, só agora me dispuz a levar a público os crimes de que sou o único culpado. |
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Publicações de número 1 até 5 de um total de 5.
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