A primeira vez que vi o mundo como ele é verdadeiramente, chorei em cima da sepultura da inocência/ a primeira vez que fui ao fundo de repente, andei na moldura do significado da existência. A primeira vez que senti ódio, pensava que era um monstro/ a primeira vez que estive no pódio, achava que esse planeta era outro. A primeira vez que senti medo, refugiei-me na minha própria pele à espera de ajuda/ a primeira vez com um brinquedo, tornei-me na cópia de mimados só com uma audição mais surda. A primeira vez num jogo de palavras, senti-me realizado/ a primeira vez no meio de nadas, senti-me frustrado. A primeira e ultima vez que aprendi que a vida é uma bomba-relógio atómica/ as vezes que já vi que nada bate o grito de silêncio duma voz afónica. Dum ponto de vista, é só uma questão de tempo/ doutro ponto de vista, é um acontecimento corrente neste momento. A primeira vez que desfrutei das dádivas me dadas/ a primeira vez que me afoguei num mar de lágrimas salgadas. A primeira vez que fui enganado pela publicidade enganosa/ a primeira vez que me apercebi como é encoberta a realidade para parecer tudo um mar de rosas. As primeiras vezes não dão para repetir/ mas são mesmo essas vezes que nos podem definir.
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