Observando algumas pregações de certos pastores e pregadores que se dizem pentecostais não pude deixar de notar em suas palavras um forte anseio de louvor pessoal e autoglorificação com a desculpa de ser para o Senhor. Comparo tais pregadores, ao presunçoso e orgulhoso Hamã, que apesar de se achar grande e poderoso se sentia ofendido por um simples judeu de nome Mardoqueu.
Apenas para refrescar vossas memorias vamos relembrar os fatos: Hamã (o segundo em poder no reino da Persia antiga), todos os dias ao chegar ao palácio real era saudado por todos os súditos do rei com honras que era dignas apenas aos reis, e todos de igual modo, ao que o texto indica no livro de Ester, atendia aos seus sonhos de grandeza. Apenas um, um apenas lhe incomodava. Esse homem se chamava Mardoqueu. Este era do tipo, que não costumava ir com a multidão, e respeitava Hamã dentro dos seus limites, mas não ao ponto de se ajoelhar e lhe prestar homenagens. Hamã tinha tudo e todos aos seus pés, mas queria mais. Parecia que uma pessoa valia mais do que todo o reino e todas as pessoas, que ele já tinha sob seus caprichos. Mardoqueu por outro lado, não era ofensor, não era do partido dos “contra” nem tão pouco era uma ameaça, pois entre estar na porta do palácio e estar ao lado do rei era uma distancia enorme. Mas a soberba de um coração enegrecido pelo orgulho não tem limites, a ponto de planejar a morte de toda uma comunidade de mais de 120 mil pessoas , por causa de um que não se prostrou a ele. Quanta arrogância... A história completa leia no livro de Ester.
E o que tem essa historia com alguns pregadores modernos?
Não são poucos os pregadores que se dizem pentecostais, que exigem que a cada segundo os ouvintes digam glorias e aleluias, de modo mecânico e sem nem prestar atenção no que estar dizendo. Tão grande é a algazarra que se forma nessas “ pregações” que ao final da mesma, nem mesmo o orador sabe na verdade o que disse. Ele diz que o “espirito” o conduziu e tais ouvintes que curtem essas coisas dizem apenas que foi uma benção, pois “sentiram a presença de Deus”. Como se isso não bastassem, ai vem o pior: os que não conseguem acompanhar esse ritmo, ou simplesmente não querem participar são insultados publicamente de modo discreto ou indiscreto por tais pregadores. Tais ouvintes são chamados de “frios”, “geladeiras”, “atrapalhadores de culto”, e até já ouvi a expressão “filho das trevas” para representar tais crentes.
Já vi casos em que havia mais de 100 pessoas no ambiente de culto e quase a maioria em peso estava no clima de tal pregador, apenas por uns 5 ou 6 que não conseguiram se encaixar nesse clima foram taxados com palavras de humilhação e desprezo. Como Hamã, tais pregadores tem quase a igreja inteira em manipulação mas não se conformam. Querem todos no clima. Do velhinho a criança de colo, do cadeirante ao mudo-surdo, querem que todos glorifiquem, pulem, rodem caiam pelo chão e façam papel de trouxa não importa onde estiverem.
Que pouca vergonha!
Não basta apenas sermos crentes? Agora temos que passar ridículo dentro das igrejas(ou até em praças publicas). Não basta apenas crer no Senhor, obedecer Sua palavra e aguardar Sua vinda? Agora temos também de fazer tudo que nós é impostos nas pregações? Não basta ser um bom auxiliar, um bom obreiro, um bom crente, agora é obrigação ser palhaço também? Poxa....
Coisas do tipo: vire pra seu irmão e diga isso, diga aquilo ,faça isso, faça aquilo, saia do seu lugar e abrace fulano, dê um pulo bem alto e glorifique, etc, etc ,etc....Meu Deus, quanta bobagem, as vezes penso que estou num circo ao invés de um ambiente de Culto Ao Senhor.
Entendo e respeito os que querem cultuar assim, mas obrigar e ofender aos que não querem é demais....Por mim pulem, rodem, caiam, bata a cabeça no chão, andem de quatro pé...mas me deixem na minha por favor. No dia que eu vir que aquele ambiente não me cabe mais eu mesmo o deixarei em paz e sem ofensas.
Do mesmo modo que Hamã ficou irado com Mardoqueu, vários pregadores ficam irados quando veem alguns crentes desobedecendo a suas ordens, alegando ser tais ordens vindas direto de Deus e os que não o fazem serão castigados. Me poupem! Vão ler a bíblia que é melhor para entender qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Usam da autoridade ministerial que possuem para fazer certos crentes de palhaços.
Seria tão bom se certos pregadores, não havendo mais o que dizer, fizessem apenas uma leitura bem feita de certos textos bíblicos, como por exemplo os evangelhos. Seria muito mais produtivo e prazeroso ouvindo uma narração bem feita da bíblia do que ouvir insultos e xingamentos de pessoas que desejam autoglorificação.
Certa ocasião em que dirigia um culto ,dei o microfone a um pregador que anunciou a principio que no mínimo precisaria de 45 minutos para transmitir o “recado de Deus” para aquela igreja. Depois de apenas 15 minutos ele encerrou a pregação de forma abrupta, e quase soltando fumaça pelo nariz, me entregou o microfone dizendo que não iria mais pregar naquela noite, pois ali naquela igreja ninguém dava glorias. Glorias a quem? A ele? Só se for. Por que não há necessidade de algazarra para demonstrar que estamos entendendo. Muito pelo contrario. Não dá pra se entender enquanto todos falam simultaneamente. Não sei em que passagem bíblica eles se baseiam nisso.
Pergunto-me se os que agem assim são porque não tem nada pra falar e precisam de muito barulho para ocultar o que falam ou se é por que sofrem mesmo da sede de gloria para si próprio, pois tudo que exigimos do povo, e que esta fora da palavra, é de responsabilidade nossa.
Para encerrar, gostariam que os que usam tal método repensassem seu ponto de vista, e que se não puderem mudar seu estilo de pregação, que pelo menos não insultem quem não se adapta, ou não concorda, e desse modo poderemos viver em união. Respeitar a liderança e a palavra de Deus é uma coisa e ser babaca é outra. Que Deus nos abençoe.
|