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Nino e Nina, metades eternas
Copyright© 2014 by Otaviano Maciel de Alencar Filho
otaviano maciel de alencar filho


Em uma fábrica de meias, vários caixotes saiam deslizando sobre as esteiras rolantes que davam acesso aos veículos que despachariam os pedidos dos clientes para as mais variadas lojas das grandes cidades.

No interior de um desses caixotes estava um par de meias de listras azuis. Chamavam-se respectivamente: Nino e Nina! E a partir do momento mágico da confecção de ambos, apaixonaram-se e decidiram jamais se separarem.

O caminhão saiu para despachar os pedidos, e, após algumas horas, estacionou em frente a uma grande loja do setor varejista. Os funcionários, então, efetuaram a entrega da encomenda e seguiram adiante, para fazerem a entrega dos outros pedidos. Nesse caixote estavam Nino e Nina.

- Chegamos. – Disse Nina.

- Sim, a partir de agora é só aguardarmos a criança que irá nos usar para agasalhar os seus pezinhos. – Falou Nino.

Instantes depois entrou na loja uma senhora de mãos dadas a um garotinho aparentando sete anos de idade. Eles caminharam para o departamento de cama, mesa e banho, seguindo até o setor onde se encontravam as meias. O garotinho, ao ver o par de meias com listras azuis, pediu para que sua mãe o comprasse. A mãe atendeu ao pedido do filhinho, que ficara embevecido com o par de meias.

Assim que chegaram a casa, o garotinho foi logo calçando as meias. Sua mãe logo lhe advertiu, explicando que elas eram para serem usadas em momentos especiais e não no dia a dia. O garotinho obedeceu a sua mãe, contudo fez um pedido:

- Mamãe, posso usá-las para ir à escola? – Perguntou apreensivo.

- Pode sim, filho. Mas só por um dia! - Respondeu a matrona, orgulhosa do rebento. Agora, guarde-as em lugar apropriado.

O pequenino foi até seu quarto e, abrindo a gaveta de pequena cômoda, colocou-as, bem dobradinhas, embaixo de outras roupas que lá estavam.

- Pronto, meu amor, agora seremos muito felizes junto com essa amável criança. - Disse Nino, muito alegre.

Logo anoitecera e, em chegando a hora de dormir, o pequenino tratou de ir para a cama, já pensando em usar as meias no dia seguinte, quando fosse para a escola.

O dia raiara com esplêndido sol. O menino levantou, tomou um banho, serviu-se do café matinal e foi vestir-se para ir à escola. Pegou as meias e as calçou.

Chegando à escola, todos notaram as meias que ele estava usando e acharam elas muito bonitas.

Nina ficou bastante jubilosa com a atenção que era dispensada a ela e a Nino.

- Falei para você que seríamos muito felizes. – Falou Nino.

Na hora do recreio, quando brincava de futebol com os coleguinhas, tropeçou em uma pedra afiada, vindo a rasgar a meia do pé esquerdo. O garotinho ficou muito triste e voltou para a sala de aula permanecendo desapontado consigo mesmo até o término da aula.

Quando chegou a sua casa, contou o ocorrido para sua mãe, que tratou de consolá-lo, garantindo o imediato conserto da meia danificada, enviando-a a uma costureira.

- Nino... Não fique preocupado, logo você estará recuperado.

- Sei disso Nina, mas não consigo ficar longe de você por muito tempo.

Uma semana se passou sem que Nino retornasse da oficina de costura. O garotinho não era mais o mesmo, andava triste, não jogava futebol, as tarefas escolares que deviam ser realizadas em casa, não estavam sendo concluídas. Os meninos da escola perguntavam pelas meias listradas, e ele triste, dizia que a meia rasgada estava na costureira para ser consertada.

No início da semana seguinte, o menino pergunta para sua mãe:

- Mamãe, quando minha meia listrada vai ficar pronta?

- Filho, hoje irei à casa de D. Antônia e certificar-me-ei se a mesma já efetuou o reparo. Provavelmente quando você chegar da escola, sua querida meia já estará aqui em casa - Respondeu a atenciosa genitora.

O pirralho, contente, foi para a escola e contou para seus amiguinhos que sua mãe fora buscar a meia na costureira e no outro dia ele já estaria calçado com elas.

Depois da aula, quando chegou a casa, ficou emocionado quando viu em cima de sua cama o par de meias, dobradinhas e com um aroma agradável. Pegou a meia que estava com defeito e observou que estava “novinha em folha”. Foi até a cozinha, deu um forte abraço em sua mãe e disse:

- Muito obrigado, mamãe. Posso usá-las agora, para “matar” a saudade?

- Claro, mas daqui em diante tenha mais cuidado para não furá-las novamente!

Enquanto isso, no quarto outra conversação estava acontecendo:

- Nino, agora voltaremos a ser felizes novamente!

- Sim, querida, estaremos juntos até nossa velhice... Até a eternidade!


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