A noite estava fria e convidava para o repouso noturno.
Por volta das vinte horas resolvo deitar-me e ter uma longa noite de sono reparador para o corpo físico e a mente.
Deito-me, e após um quarto de hora, presumo, adentrei em estado de sono profundo.
Sim, estava tão cansado que não demorou muito para “agarrar no sono” após ter tido um dia de trabalho exaustivo.
Intrigante é o fato de que ninguém ou talvez raríssimas pessoas consigam ter noção do exato momento em que despertam no mundo dos sonhos, deixando para trás o estado de vigília.
Assim aconteceu e acontece comigo. Não tenho percepção do momento exato em que faço essa “passagem”, embora em alguns sonhos perceba que estou sonhando sem, contudo, interferir nos acontecimentos.
Um sonho estranho aconteceu comigo tempos atrás.
Naquela noite, quando despertei no sonho, encontrava-me em minha antiga residência, quando ainda era adolescente. Era manhã e todos os familiares estavam em casa ocupados cada qual em suas tarefas cotidianas.
Passeava pela casa, conversava com eles, observava toda a movimentação ordinária. E o dia ia avançando. Chegou a hora do almoço. Almoçamos.
Minha mãe, que era costureira, depois de algumas horas foi para a máquina de costura cuidar de seus afazeres enquanto eu e meus irmãos dispersamo-nos pela casa enquanto a tarde cessava.
Não demorou muito para que a noite chegasse e com ela a necessidade de dormir. Aos poucos todos nós nos recolhemos para deitar.
Novamente dormi!
Sonhei que estava em um lugar onde a tranquilidade e a paz interior, - e por que não dizer também a paz exterior – era o principal atrativo. Ali não fazia calor, tampouco frio, mas a sensação corpórea que eu experimentava era algo intraduzível. O ambiente era de uma luminosidade que não sabia descrever. Nenhuma sombra ou penumbra! Ruído nenhum! No entanto, pude aos poucos perceber sons de acordes de guitarra que ecoavam de todos os lados, de tal forma que a melodia produzida parecia adentrar todo o meu ser. A canção entoada era “Sweet child o' mine” do grupo musical Guns N’ Roses. O arranjo musical produzido era de uma beleza extraordinária. Intraduzível, diria! Compreensível somente para quem estivesse ali, naquele momento, naquela situação. Em suma, todas as sensações e percepções pareciam estar presentes em todo o meu ser e não apenas em órgãos específicos aptos a recebê-las.
Após alguns instantes, nesse estado de imobilidade extática, não sei por qual mecanismo senti a necessidade de acordar. Acordei e encontrei-me junto aos meus familiares vivenciando o dia a dia normal de uma família.
Estranhei o fato de perceber que ainda sonhava e que precisava acordar para o “mundo real”. Imediatamente a inevitável vontade de voltar ao estado de vigília me veio à mente.
Acordei!!!
Durante muito tempo fiquei sem achar explicações para o fenômeno que se verificou.
Somente há pouco tempo, após algumas pesquisas realizadas em torno do sono e dos sonhos, fiquei sabendo que pode ocorrer de algumas vezes termos um “sonho dentro de outro sonho”.
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