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Recuperando-se do Desânimo
Richard Sibbes

“Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.” (Salmo 43.5)

Este salmo foi escrito por Davi, o qual mostra as paixões de sua alma; porque os filhos de Deus conhecem o estado de suas próprias almas para o fortalecimento de sua confiança e melhoria de sua obediência.
Agora, esta é a diferença entre os salmos e outros partes da Escritura. Outras escrituras falam principalmente de Deus para nós, mas nos Salmos, é este santo homem quem fala principalmente a Deus e à sua própria alma, de modo que este salmo é uma admoestação de Davi à sua própria alma atribulada, quando se achava ausente da casa de Deus, ele expõe o assunto à sua alma: "Por que estás abatida, ó minha alma? e por que te perturbas dentro de mim?” As palavras contêm:

1. O estado de perplexidade de Davi; e
2. Sua recuperação do mesmo.

Sua perplexidade é estabelecida com estas palavras: "Por que estás abatida minha alma?” etc. Sua recuperação disto reside primeiro no questionamento que fizera consigo mesmo. E, então, por uma admoestação à sua alma: "Confia em Deus”, e essa confiança é amplificada pela razão pela qual a sua alma deve confiar em Deus: "pois, ainda o louvarei," isto é, eu deverei ser livrado, para que com um coração libertado eu possa lhe dar graças. Porque este é o meu Deus, a minha salvação, e minha ajuda, o fundamento da minha fé e confiança.

Consideremos primeiro a sua perplexidade, quanto ao caminho que ele seguiu para ser achado assim tão perplexo.

(1) Ele estava em grandes problemas e aflições. Assim, vemos por isto, que Deus permite que seus filhos cheguem ao limite, por muitas e longas aflições e problemas, antes de lhes prover livramento. Eles são mais sensatos das cruzes espirituais, em razão da vida da graça que há neles; e portanto, isto é o que os deprime mais do que todas as demais coisas. A necessidade de meios espirituais os tornam mais sedentos do que o cervo que brama pelos de ribeiros de águas, Sl 42.1. A sede espiritual é forte, e a vida da graça deve ser mantida. Agora o desejo pelos meios que possam fazer isto, lhe interessará mais do que tudo o mais.
A alma que está vivendo na graça não pode suportar viver sob pequenos meios de salvação, muito menos para suportar censuras blasfemas. Portanto, as pessoas que podem se contentar com pequenos ou quaisquer meios, com pequenos confortos, sem trabalhar e se esforçar por uma mais doce e íntima comunhão com Deus, têm motivos para temer as suas próprias condições. Uma criança, tão logo nasça, chora e procura o peito, que coloca fora de toda questão que há vida nela, embora seja tão fraca. Assim, a vida da graça que começou em nós é conhecida pelos nossos apetites espirituais e desejos pelos meios da graça.
(2) A segunda coisa que perturbou este homem santo, foram as palavras blasfemas de homens ímpios. Portanto, se nós vamos tentar manter uma condição boa, devemos ver como podemos levar a sério tudo o que é feito contra a religião. Pode um filho ser paciente quando ele vê seu pai sendo abusado? Quando um homem vê o evangelho de Deus sendo pisado, se ele ficar indiferente, ele mostra que seu coração está morto. Em tal caso, é melhor se irar do que ser indiferente, porque isto revela vida, ainda que com muito destempero. Deus irá dar a luz de sua salvação a quem se importa com a Sua honra. O inimigo disse: “Onde está o teu Deus?” Sl 42.10. Isto penetrou no coração de Davi. Agora, o que é que o inimigo nos diz neste dia? Onde está o seu Deus? Sua religião reformada? Seu Cristo? Bem, eles não são afetados com isso que é um estado ruim e perigoso; deixe que julguem por si mesmos o que eles farão. Os filhos de Deus são sensíveis a tais coisas, eles são homens, e não pedras. Carne, e não ferro. Portanto, não é à toa que eles são tão sensíveis em nossa época, e por a levarem tão a sério quanto possam; esquecendo as suas feridas, e misturando seus sentimentos com suas aflições, que deixam suas mentes perplexas.
Assim Davi se perturbou, e se entristeceu muito, pois afirma: "Por que estás abatida, minha alma?" De fato, por natureza, não temos limites em nossas afeições; se nos alegramos, nos alegramos demais; se nos entristecemos, nos entristecemos demais. A Graça somente faz qualificar todas as nossas ações e afeições, e onde não há a graça, há alegria ou tristeza total. Nabal, quando começou a se alegrar, alegrou-se muito em sua bebida, e quando começou a se entristecer, ele se excedeu nisto, 1 Sam 25 36,37.
O filho de Deus é mantido de pé por aquilo que é forjado em seu coração, no qual a sua tristeza e alegria são misturadas.
"Por que estás abatida, ó minha alma?" O ponto é este:
É um pecado para um filho de Deus ficar muito desanimado e deprimido nas aflições, ou melhor, eu acrescento mais, embora a causa seja boa, como era aqui no caso de Davi.
Mas como saberemos quando um homem está abatido demais? Porque isto é uma coisa pecaminosa alguém não ser sensato do que está sobre ele.
A alma está abatida demais, quando nosso luto e tristeza não nos trazem a Deus, mas nos levam para longe de Deus.
Dor, tristeza e humildade são bons, mas o desânimo é mau. Daí nosso Senhor nos ordenar que tenhamos bom ânimo em todas as nossas aflições, por ser um testemunho da nossa confiança em Deus para nos livrar ou fortalecer em meio às nossas tribulações.
O excesso de desânimo foi o motivo de os filhos de Israel não terem dado ouvido a Moisés quando lhes falou, porque estavam em angústia de espírito, Êx 6.9.
O permitir-se ficar desanimado por causa da aflição é um pecado porque isto coloca uma reprovação no próprio Deus, como se não houvesse força nas promessas de Deus para manter a alma no tempo de angústia e inquietação.
Porque ficar tão afundado sob aflições nunca produz qualquer bom fruto.
Sim, o próprio diabo, em tal caso , dirá: Deus te esqueceu, e assim ele junta suas tentações às tuas tribulações. E, por isso, peço que você considere que nosso Pai não negligenciará seus próprios filhos, para que eles fiquem abatidos.
Ficar debaixo do desânimo, sem buscar força em Deus, é um pecado porque nos atrapalha na execução de nossos deveres sagrados. Porque onde a alma está abatida, ou não desempenha seus deveres completamente, ou então o faz fracamente, de modo que a alma perturbada não pode fazer o bem, e nem receber o bem.
É a alma tranquila e em paz que tanto recebe quanto faz o bem como deveria ser feito, pois a quietude é a condição da alma, seja para fazer ou receber. As coisas santas são somente aceitas por Deus, pela vontade e alegria em fazê-las.
Deus habita no alto e santo lugar. É o Deus Altíssimo. Por isso nos deu um espírito que está habilitado a subir às alturas celestiais; ainda que no nosso corpo natural esteja ligado ao pó, a esta terra.
Assim, é próprio da natureza terrena decaída no pecado trazer juntamente consigo o nosso espírito para baixo.
A tristeza e o pecado concordam tanto nisso, porque eles não vêm do alto, mas de baixo, então trazem a alma para baixo. O diabo, desde que ele foi precipitado do céu para as profundezas, se esforça para lançar tudo na mesma condição. Sua voz é, desce, desce até o chão.
A nova criatura criada pelo Espírito de Deus é o oposto, pois busca totalmente o que é do alto. Onde a esperança está, aí a alma gosta de estar em pensamento e meditação, e tudo o que ela faz ou pode fazer é subir.
"Por que estás abatida, ó minha alma? e Por que te perturbas?”
O que se entende por abatimento? E por que Davi se queixa disto?
Porque gera inquietação. Lança para baixo, quando não é com humildade, mas com desânimo.
Deus nos lança para baixo para nos humilhar, senão com o propósito de nos exaltar com a mais doce consolação, porque tanto a alma está abatida por Deus, quanto é levantada por Deus. Mas a pessoa que está abatida por Satanás ou pelo pecado não descansa em Deus, mas está preocupada.
Assim, um homem pode saber, quando suas murmurações da alma, são contra o próprio Deus, ou contra o instrumento do desânimo pecaminoso de sua alma. Aqui não há verdadeira humilhação, senão abundância de corrupção, que traz aflição e desânimo.
Qual foi a razão pela qual a alma de Davi ficou assim tão abatida?
Ao examinar sua alma ele verificou que não havia nenhum bom motivo para ficar assim desanimado. Por isso ele procurou indagar qual foi a causa que o conduziu àquele estado: “Por que te perturbas dentro de mim?”
Não há desânimo em qualquer aflição ou problema, mas isto é por falta de conhecimento da razão pela qual Deus permitiu que fôssemos afligidos ou atribulados. Primeiro, por vezes, para o exercício de nossas graças, bem como por causa dos nossos pecados. Ainda, o esquecimento do modo de Deus lidar conosco nos corrigindo, Heb 12.5; e também porque não examinamos a causa de maneira correta com as nossas próprias almas.
Rogo-vos, vamos ser mais sábios. Há algumas pessoas que fazem o problema por si mesmas, buscando seu conforto apenas em sua santificação, quando deveria ser procurado em sua justificação, e alguns há que se afligem sobre a questão de coisas para o tempo por vir, quando temos o mandamento de não ficarmos ansiosos com o amanhã, Mat 6.34, e no tempo presente negligenciam o seu dever no uso dos meios da graça, e na confiança em Deus. Novamente, a falta de confiança em Deus, pois quando não confiamos em Deus, então temos uma confiança falsa na criatura, ou em qualquer outra coisa.
Então, isto se segue: a vaidade trará aflição de espírito. Assim, quando a vaidade vai adiante, a vexação virá em seguida. Portanto, quando os homens decidem fazer qualquer bem ou sofrimento para o bem, por sua própria força, e não confiando em Deus para um suprimento constante, isto fará com que Deus remova o seu apoio, e então eles caem mais vergonhosamente. Sem dúvida, quando um homem que confia em si mesmo e no seu dom de graça, mais do que em Deus, ele pode ter a certeza que cairá, pois devemos confiar em Deus para o tempo por vir, por uma graça renovada, e orar para que Deus renove as nossas graças, para nos fortalecer em todos os problemas e aflições.
A razão pela qual os filhos de Deus fracassam em momentos de dificuldade é porque eles se preocupam e não confiam em Deus para uma nova oferta de graça. Nós não podemos realizar novas funções, e nos submetermos a novos sofrimentos, que nos sobrevirão na obra de Cristo, com as graças antigas. Então agora você tem algumas causas por que os homens ficam assim abatidos e inquietos; falsa confiança, ou então não confiança em Deus, como o profeta tinha dito: “Por que estás abatida, minha alma?" A razão é esta, tu não confias em Deus como tu deves fazer e foi por isso que o nosso Salvador repreendeu Pedro, quando ele temia, dizendo: “Homem de pouca fé,” Mat 14.81. Não foi o tamanho das ondas, mas a fraqueza de sua fé, que o fez afundar. Na verdade, a causa dos nossos problemas e inquietações é necessidade de fé, sem a qual não podemos confiar em Deus em nossos problemas e aflições; porque a alma sendo fraca de si mesma, tem necessidade de alguma coisa para confiar, como uma planta fraca tem necessidade de um amparo. Ora, o que nos dá força é a nossa confiança em Deus. Quando falta isto, então há inquietações e desânimos em nossas almas.
Então, os filhos de Deus, quando estão em tribulações, podem se recuperar e achar consolo. E, na verdade, a Sagrada Escritura mostra isso; porque esta confiança e dependência de Deus em situações extremas, é o que difere o filho de Deus do ímpio.
Uma pequena cruz não tentará as graças dos homens assim como as grandes. Veja o que fez Saul, que em grandes problemas, procurou uma feiticeira, 1 Sam 28.7. Mas o filho de Deus, em seus maiores problemas, tem o Espírito de Deus para fortalecê-lo, ele descansa em Deus, como se vê em Rom 8.26.
Agora, o Espírito opera por fé, que nos habilita a enviar orações e fortes clamores ao ouvido de Deus. O filho de Deus pode clamar, chorar, e conversar, esforçando-se contra a apatia, e contra a sua infidelidade, e por isso, quando eles se encontram, ainda que na angústia mais profunda, eles podem se recuperar.

Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, da parte inicial do texto de Richard Sibbes, intitulado Recuperando-se do Desânimo, em domínio publico.


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
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