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Esther e Levi rolam no chão do estacionamento e por pouquissímo conseguem escapar do carro de Guilherme. Guilherme bate um carro com força num pilar da cobertura. O alarme dispara, Guilherme sai do carro zonzo e fora de si do carro, logo Branca desce assustada.
- O que aconteceu aqui meu Deus!? - Pergunta Branca assustada.
- Nada mãe, só o Guilherme que chegou do show meio alto e quase me matou, a mim e o Levi! - Diz Esther furiosa.
- Tá vendo! Garota desobediente! - Diz Branca - Se ficasse em casa como eu mandei nada disso havia acontecido.
- Ai mãe, quer saber? Tchau! Vou indo que já to atrasada, vê se bota esse muleque no chuveiro aí. - Esther e Levi entram no carro, Felipe dirige tenso e eles saem. Branca fica totalmente histérica.
- Esther! Esther, volte aqui! - Grita Branca furiosa. Ela, sem resposta vai até Guilherme e o carrega.
- Guilherme! Você está drogado ou é impressão minha? - Pergunta Branca temendo a resposta.
- Ai mãe, larga de ser careta pô! Só dei uma cheradinha num pózinho.
- Guilherme! Isso é perigoso! - Diz Branca indignada.
- Mamãe isso é maneiro! - Diz Guilherme indo com Branca, quando sobem encontra Brenda que acabou de chegar do shopping com algumas sacolas.
- Mamãe, o que é isso? - Pergunta Brenda intrigada, ao vê-la carregando Guilherme totalmente alterado.
- Quieta garota! Cuida da sua vida! - Exclama Branca novamente distribuindo patada para Brenda, o que já era de costume naquela casa... Branca coloca Guilherme no sofá, pensativa. Logo Osvaldo entra na casa, cansado de mais um dia de trabalho.
- Oi pessoal, como vão? - Pergunta Osvaldo.
- Vamos bem pai. - Diz Brenda.
- Que bem o que menina! A rebelde da Esther foi lá com aqueles arruaceiros, seu filho se drogou e essa incopetente da Brenda não fez nada de útil o dia inteiro.
- Ai meu Deus! Para de pegar no pé da Esther, deixa ela lutar pela democracia! Esse moleque se drogando! Vou dar uma boa surra em você seu drogado pra você aprender a nunca mais usar droga! - Diz Osvaldo pocesso, ele tira o cinco e avança para cima de Guilherme o surrando. Guilherme fica indiferente por causa do efeito da cocaína. Brenda, sem qualquer atenção dos pais, entra triste em seu quarto, ela pega um walkman e começa a ouvir música, deitada na cama triste. Naquela madrugada, em Bauru, no sanatório que estava desativado. Naquele sanatório havia apenas alguns doentes que ainda não sairam, e uma enfermeira que ficava lá com eles. Uma mulher está arrumando sua mala pronta para depois de mais de 20 anos voltar a sua vida, esta é: Ana Carolina. A enfermeira vai até Ana Carolina.
- Ana, querida, você tem certeza que vai mesmo até o Rio de Janeiro!? - Pergunta a enfermeira.
- Sim, eu sou muito grata por tudo que me fez... Depois que essa maldita lei foi revogada, há quase vinte anos muitos com hanseníase passaram a vagar sem ajuda pelas ruas, sem achar os parentes, afinal foram obrigado a se afastar, muitos morreram de fome, frio, angústia. Alguns ficaram nos leprosários porque perderam tudo, não tinham mais pra onde ir, como eu. Minha melhor amiga roubou minha filha, meu dinheiro, meu marido, assumiu minha vida. Mas eu vou recuperar tudo que é meu e ninguém pode me impedir. - Diz Ana Carolina decidida. - A começar pela minha filha que estará em São Paulo amanhã para um comício em prol das diretas já. E depois eu volto pro Rio.
- Boa sorte amiga. - Diz a enfermeira.
- Eu terei se Deus quiser! - Afirma decidida Ana. Logo o dia amanhece. Na manhã seguinte nasce o dia 25 de janeiro de 1984, dia do aniversário de São Paulo, neste dia também forá realizado no Vale do Anhangabaú o comício das diretas já que reuniu 1,5 milhões de pessoas. Naquela manhã, logo no ínicio do comício Levi, Esther e Felipe chegam ao Vale, todos já reunidos. Algum tempo depois as vozes de todo o povo reunido em prol da democracia brasileira era gritante, todos no mesmo ritmo, mesmo som, mesma união gritando “diretas já, diretas já, diretas já” sem descansar, eufóricos. Grandes artistas compareceram prestigiando a cidade e o evento, até que chega uma mulher em meio a multidão é Ana Carolina, procurando a todos, em meio a multidão ela encontra uma menina ao lado de dois meninos, o coração de Ana bate forte, até que ela reconhece uma mancha de nascensa em Esther. Ela reconhece sua filha e vai até ela hipnotizada. Ela esbarra propositalmente na filha.
- Oi, desculpa menina. - Diz Ana boba.
- Claro, que nada! Você também é comunista? - Pergunta Esther em meio a gritaria intercalante.
- Sim menina! Sou ativista! - Diz Ana - Como é seu nome? - Pergunta Ana Carolina tensa.
- Meu nome é Esther, Esther Nascimento Correa. - Neste instante o coração de Ana Carolina bate forte ao atestar que ela é sua filha, Ana Carolina acaba desmaiando em meio a multidão.
CONTINUA...
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