A dor que toma minha alma
De negra tormenta
De bruma sangrenta
Arranca a alegria
Que no dia sumiu.
Ela vem
Dobra a haste
Da vida
Derruba ao chão
Com força trovão
E sei que essa dor
Você nunca sentiu.
Ela vem
Ela arranha
Meu rosto
Me entrega
Ao desgosto
Crava afiadas
Espadas
Em meu coração.
A dor que toma minha alma
Não sei como é,
Mas digo é assim
Que fere de morte
O ser que de pena
Ainda vive em mim.
A dor que toma minha alma
Nem eu mesma sei
De onde é que vem
Mas chega do além
Do azul do desdém
Traz terror
Traz tremor.
Ela vem
E sei,
Que me rasga
E corrói,
Corta e destrói
Me amarra por dentro
Me toma no tempo
Me arrasta ao vento
Torna negro o interior.
A dor que toma minha alma
Me fere com faca
E corta minhas asas
Me lança no nada
Já nem sei voar
Nem mesmo vogar
Só viver solidão.
A dor que toma minha alma
Me atira no espaço
Me prende num laço
Transforma-me em trapo
Desgraça,
Um farrapo
Quase sem valor.
A dor que toma minha alma
Me tomba,
Me amassa
E gemo,
Lamento,
Pois grandes
Tormentos
Enchem
Meu coração.
Ela vem,
Me arrasta ao sabor
Das tormentas
De pedras, cimentos
De vagas que ferem
E me entregam a dor.
A dor que toma minha alma
Me joga nas sombras
Escuridão latente
Onde não tem nem gente
E não tem nem amor.
Ela vem
Me arrasta errante
Me atira bem longe,
Me joga nas chamas
E vivo no drama
Da alegria de ontem
Que o vento levou.
A dor que toma minha alma
Sufoca, estremece
Confunde, retumbe
Volveia e mata.
Ela vem,
Enterra minha alma
E cala o espírito
Na tumba agreste
Onde tudo esquece
E sempre
Permanece,
No abismo,
Na dor!
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