Poema para um futuro Outono |
João Tomaz Parreira |
Quero que saibas que ainda
não tens saudades minhas
Espera o tempo
em que a luz do outono
vai entrar
por uma janela cinzenta
E um cristal emergirá do silêncio
das tuas lágrimas
Espera
que as praças fiquem
com a luz amarela das folhas
Nem mesmo no dia em que rostos
parcialmente escondidos
por detrás de lentes tristes
sigam o corpo
ainda não terás saudades minhas
A saudade é uma névoa que inicia
levantar-se sobre as coisas
que sempre dividimos
Uma pequena dor
transmitida no rosto de um filho
uma frase
incerta na boca de um neto
como um passo que desliza
para a queda
um livro que se abra e deixe
cair uma palavra
qualquer coisa que vá bater
no fundo dos teus olhos.
21-9-2006
|
Biografia: Poeta e jornalista religioso evangélico, nascido em 1947, Lisboa. Tem 5 livros de poesia e ensaio teológico publicados entre 1973-1996. Participa de várias antologias,editadas entre 1971-2006.
No âmbito oficial da Aliança Evangélica Portuguesa tem proferido anualmente conferências literárias, designadamente sobre Fernando Pessoa,José Saramago e Albert Camus.
Reside com a mulher em Aveiro.
|
Número de vezes que este texto foi lido: 59423 |
Outros títulos do mesmo autor
Publicações de número 1 até 8 de um total de 8.
|