Os momentos que a gente passa pela vida dos outros além de aprendizado trazem saudade. Mas o que dizer quando encontramos anjos a beira de uma fonte? Quem sabe de que céu vieram e para onde estão indo?
Tenho medo do amanhã desses anjinhos. O que será deles? Terão direito ao futuro? Ou morrerão na ponta da faca, na bala perdida? Saberão viver neste mundo? Onde estariam seus pais?
O dia-a-dia da vida da gente parece tão complicado. Temos tantas perguntas e tantas delas sem respostas. Penso que as perguntas devem ficar guardadas naquela caixa velha que temos dentro do coração.
Um dia abrimos a caixa, tiramos de lá cada uma, e então a poeira pode se desfazer. Perguntas já vividas. Respostas inacabadas. Passo a passo. Momento a momento.
Mas, e os anjos da fonte? Com que grandes asas vieram? Pousaram na água a jorrar e se desfizeram em meninos que ali querem brincar. E brincam felizes. Sem saber do amanhã.
E quem olha em seus olhos? Serei eu? Também já fui assim. Um anjo com asas para voar e pousar onde elas me levassem.
Mas hoje? Ah, hoje cresci, mas lá dentro ainda mora a menina, embora não tenho mais asas. Perdi.
E os sonhos desses anjos? Seriam de luzes e cores? Teriam eles uma estrada para trilhar suas léguas de vida? Léguas de vida com asas. Léguas de vida sem elas. Vida daquelas, como a minha, que as asas perdi.
Ah, mas posso voar como os anjos da fonte, se fechar os olhos. Se soltar o espírito, que preso está, como a água na fonte a jorrar. E então poderei juntar-me a esses anjos da fonte.
Mas a pergunta inevitável: Anjos da fonte - não seria eu um deles?
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