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A ILHA - PEÇA TEATRAL
RODRIGO FERREIRA THOMÉ

Resumo:
Olá pessoal aqui vou publicar uma peça de teatro que eu escrevi para o meu curso de teatro em que eu faço e que até chegamos a encenar. Caso alguém tenha algum interesse em encenar ou reproduzir a obra peço que entre em contato comigo através do meu e-mail rodrigo.ferreirathom@gmail.com

A ILHA

Peça teatral escrita por Rodrigo Ferreira Thomé

2012

PERSONAGENS:
Advogado
Carol
David
Douglas
Felipe
Júlio
Marinheiro
Mel
Paul

Sinopse: A ILHA conta a história de 6 herdeiros de um homem bilionário que deixa em uma ilha uma herança de 1,5 bilhões de dólares e para recuperar o dinheiro os seus seis herdeiros haverão de ir à uma ilha misteriosa para recuperar a herança, mais muitas coisas acontecerão nessa tal ilha que marcará para sempre a vida de todos os herdeiros desse homem. A tal ilha esconde um grave segredo que envolve o milionário Samuel.

Perfil dos personagens:
Advogado - Fala sobre o testamento.
Carol - Ex-mulher de Samuel Stone, casou-se com ele apenas por interesse, arqui rival de Mel, veste-se sempre de forma um pouco mais chique.
David - O mais honesto de todos os herdeiros, sobrinho de Samuel Stone, apaixona-se por Mel.
Douglas - Secretário de Samuel Stone, sabe do passado da ilha, foi o segundo a descobrir sobre o passado da ilha.
Felipe - Empregado de Samuel Stone, sabe do passado da ilha, o mais ambicioso dos herdeiros, foi o segundo a descobrir sobre o passado da ilha.
Júlio - Primo de Samuel, interesseiro, gostava do primo, mas gostou da morte do primo por causa do seu dinheiro.
Mel - Ex-prostituta, ex-amante do Samuel, esconde um segredo sobre sua prostituição, também trabalhava de empregada na casa de Samuel, apaixona-se por David, sabe do passado da ilha, foi a última a descobrir sobre o passado da ilha.
Paul - Fantasma da ilha, assombra todos os herdeiros, é o responsável por tudo o que acontece na ilha.



CENA 1

Todos os herdeiros, (estes são Carol, David, Douglas, Felipe, Júlio e Mel) estão reunidos na sala da casa de Samuel, todos tensos e silenciados, a porta está aberta, todos sentados em sofás e estofados, um longe do outro. Entra o Advogado quebrando o silêncio.

ADVOGADO - Olá pessoal.

Todos respondem bem animados.

ADVOGADO - Vejo que todos estão muito animados para a leitura do testamento não é mesmo?

CAROL - Eu estou, afinal sei que Samuel deixou tudo, exclusivamente e unicamente para mim e para mais ninguém.

JÚLIO - Nada disso! Meu primo deixou toda a herança para mim!

Inicia-se uma leve discussão entre os herdeiros, todos discutindo sobre quem ficou com a herança. Eles se levantam e saem de seus lugares para discutir. O Advogado observa tudo atento. Foco na discussão de Mel e Carol.

CAROL - Ah prostituta! Você acha mesmo que o Samuel, deixou tudo para você mesmo? Ele não te deu nenhum centavo, tudo o que eu acho que você vai ganhar é um pé bem no meio do você sabe o que sua vaca!

MEL - Vaca é você que se casou por interesse, se eu sou prostituta querida, você é uma prostituta mil vezes pior do que eu!

Carol levanta a mão para dar uma bofetada em Mel, que levanta também a mão.

MEL - Bate! Bate, bem na minha cara, eu juro que acabo com você!

O Advogado interve na discussão.

ADVOGADO - Chega! Todos vocês! Afinal de contas, querem ou não saber para quem Samuel Stone deixou toda a sua herança de 1,5 bilhões, detalhe: 15, bilhões em doláres.

Todos ficam paralisados com a fala do Advogado e em silêncio, todos demonstram um certo medo de não terem a herança.

CAROL - (Insegura) Pra que toda essa baboseira? Todos sabem que fui eu quem ficou com a herança.

Todos começam a reclamar.

CAROL - Mais gente, isso é óbvil! Eu sou a mulherzinha querida dele! Eu!

JÚLIO - O Samuel gostava mesmo era de mim! (Aponta para todos os herdeiros) Sempre pensava em mim antes de todos vocês!

DAVID - Isso eu vou ter que discordar! Eu era o parente preferido dele.

FELIPE - Ele odiava à todos vocês, ele dizia que vocês são um bando de ambiciosos, urubus, carniceiros que só estão com ele por dinheiro, a única pessoa em que ele confiava era em mim, o mordomo favorito dele, lógico, eu fiquei com tudo.

MEL - Nada disso, eu era a empregada querida dele!

DOUGLAS - A profissão que era mais valorizada por ele era a minha! Eu era o secretário favorito dele, ele me deu tudo! Bando de idiotas!

O Advogado já está com a paciência curta.

ADVOGADO - (Gritando) Chega! Vocês querem saber de uma vez por todas pra quem ele deixou a herança? Pois agora eu vou dizer! Ele não deixou pra nenhum de vocês!

Todos se perguntam “O quê?” “Como?”, começa um grande falatório na cena.

MEL - Que piada é essa?

CAROL - Eu que pergunto! Ele com certeza não doou tudo para a caridade, ele odiava caridade!

DAVID - Tá bom pessoal! Que história é essa?

JÚLIO - Não estou entendendo mais nada.

ADVOGADO - Agora se permitem, sem interrupções, vou ler o testamento, por favor, sentem-se.

Todos se sentam em seus lugares, inclusive o Advogado senta numa poltrona, abre sua pasta, tira o testamento de Samuel e começa a ler.

ADVOGADO - “Eu sei que todos vocês estão agradecendo à Deus por minha morte. Aliais tenho absoluta certeza disso, se estão lendo isso eu com certeza estou morto, é uma pena! Eu daria tudo para ver a cara de vocês após souberem o que estiver aqui nesse testamento. Bom, vamos começar, eu não deixei um centavo para nenhum de vocês. Eu tenho certeza que vocês, bando de urubus carniceiros, só querem meu dinheiro! E isso não vão conseguir fácil! Eu juro! Eu deixei todo meu dinheiro, a escritura de todas as minhas casas, meus carros, tudo, tudo o que eu tenho, eu mandei para uma ilha do Caribe um baú com as escrituras, os documentos e principalmente o dinheiro! Tenho certeza que os olhinhos de vocês já estão todo arregalados! Pois então... Vamos logo ao que interessa? A ilha do Caribe para o qual tenho certeza que vocês vão chama-se La isla del fantasma”.

Nesse momento, Felipe, Douglas e Mel se entreolham totalmente nervosos.

MEL - (Nervosa) Que palhaçada foi essa?

ADVOGADO - Ainda não acabou, vou continuar. “Para vocês irem para a ilha que fica no Caribe, há algumas condições, primeiro de tudo, vocês não podem revelar à ninguém aonde fica essa ilha, segundo, só para deixar a caça ao tesouro no clima vocês terão que ir de navio, barco pirata, bote, barquinho de papel, qualquer coisa, desde que vão pelo mar.” Pessoal, quais são os interessados em ir pra ilha?

Douglas, Felipe e Mel estão tensos, entreolham-se a todo instante.

DOUGLAS - (Para Felipe e Mel) Será que vale a pena?

FELIPE - Com certeza, é muito dinheiro em jogo.

MEL - Não sei se vale, mas eu? Depois de tudo o que eu já passei, não tenho absolutamente nada a perder.

Carol, David e Júlio olham curiosos para Douglas, Felipe e Mel.

CAROL - Que papo cinistro é esse?

Douglas, Felipe e Mel estão continuam pensativos.

DAVID - (Amedrontado) Anda, falem, eu estou tenso.

ADVOGADO - Vocês não vão falar, falo eu!

O Advogado vira a poltrona para o público.

ADVOGADO - (Para o público) Essa tal isla del fantasma é uma ilha do Caribe na qual há mais de 40 anos é assombrada por uma lenda, 3 pessoas vão para essa tal ilha passarem suas férias, essas pessoas nunca mais voltam para o continente, uma maldição muito estranha se abateu sobre a ilha, desde então quem foi aquela tal ilha jamais voltou.

Todos ficam tensos. O Advogado levanta-se e quebra o clima de tensão gerado por ele.

ADVOGADO - Então, quem aqui está interessado em ir para a ilha.

CAROL - Não é uma lendazinha que vai me por medo, eu vou.

DAVID - Eu quero esse dinheiro, ele será bem útil para mim e pros meus projetos, eu vou!

JÚLIO - Eu preciso desse dinheiro também, é não é qualquer balela do Samuel que vai me amedrontar! Aquele velho gagá não me põe medo!

Mel, Douglas e Felipe estão pensativos.

ADVOGADO - Agora só falta vocês! Decidam!

MEL - Eu vou! Eu não tenho nada a perder.

DOUGLAS - Eu tenho, e muito... Mas eu quero tentar! Seja o que Deus quiser!

FELIPE - Eu também tenho muita e muita coisa a perder, mas o que eu tenho a perder o dinheiro compensa.

MEL - Tem certeza Felipe? Você pode até conseguir o dinheiro, mas quem garante que saíra vivo da ilha?

FELIPE - Minha ambição.

CENA 2

Todos os herdeiros, (estes são Carol, David, Douglas, Felipe, Júlio e Mel) desembarcam na ilha, de noite. A ilha está extremamente iluminada e bonita como em todas as noites, eles desembarcam na principal praia da ilha com suas mochilas e algumas malas. Eles descem do navio. Os marinheiros não descem do navio. Todos ficam fascinados com a beleza da ilha.

DAVID - (Fascinado) Ual! Que lugar lindo!

MEL - Não se iludam, isso aqui é um inferno disfarçado de céu.

CAROL - Por que diz isso, prostituta?

MEL - Você entenderá Carol... Você entenderá!

DAVID - E os marinheiros? Eles vão ficar aí mesmo?

MEL - Não! Eles vão embora e vem buscar a gente daqui a três dias.

DAVID - Ótimo!

CENA 3

O Marinheiro do navio está falando com o Advogado ao telefone em sua cabine no navio.

MARINHEIRO - Não se preocupa senhor Advogado, pode ficar despreocupado, a clásula do contrato que foi combinada com a gente será cumprida, nós não viremos aqui buscar eles após o terceiro dia. Sim, eu entendo que era exigência do seu cliente, Samuel Stone, não, pode ficar tranquilo, não pisamos na ilha, sequer olhamos direito para ela. Tchau, até o continente.

O Marinheiro desliga o telefone.

CENA 4

Cabana da ilha, todos os herdeiros estão reunidos lá jantando na sala de estar que é ocupada por alguns móveis, todos sentam-se no chão, pois não há cadeiras na sala.

PAUL - (Fora de cena) Três dias já se passaram, os herdeiros começaram a perceber que sobreviver nessa ilha não será tarefa das mais fáceis e quanto menos achar o tesouro, o navio não voltou para buscá-los, mas os herdeiros continuam tranquilos procurando incansávelmente o grande tesouro... Mal sabem o que vos espera.

CAROL - Bem que aqui poderia ter umas cadeiras! Comer em sofá, no chão, não é muito bom não.

DAVID - Não mesmo, eu não suporto esse tapete!

David olha para o lado e repara em Mel pensativa.

DAVID - O que foi Mel?

MEL - Terceira noite nossa aqui.

DOUGLAS - E até agora nada.

FELIPE - Ai pessoal, desencana! Se ainda não aconteceu nada é porque não há de acontecer.

MEL - Será?

Felipe fica extremamente pensativo. Aos poucos todos vão acabando o jantar e levam os pratos, copos e talheres para fora de cena, Felipe observa o comportamento de todos atento. Alguns minutos depois todos começam a demonstrar sinais de extremo cansaso e de sono com exceção de Felipe.

MEL - Que sono meu Deus! Vou dormir, espero que todos nós acordemos amanhã!

DOUGLAS - Eu também vou.

Todos sonolentos caem dormindo no tapete, com exceção de Felipe, após sairem de cena e entraram para o corredor dos quartos, Felipe vai até sua mochila.

FELIPE - É hoje que eu acho esse tesouro e fugo dessa ilha! Colocar sonífero na comida deles foi tacada de mestre!

Felipe tira da mochila um mapa e uma lanterna. Felipe sai com a chave da cabana e tranca a porta de madeira.

CENA 5

Felipe anda pela mata da ilha clareando a lanterna, luz um pouco baixa, Felipe olha no mata incansávelmente, começam a aparecer sombras na cena, sombras de Paul.

FELIPE - Sombras! Ai meu Deus! É o Paul!

Do nada todas as luzes do palco apagam-se, se vê um fantasma durante segundos, Felipe rapidamente acende a lanterna que rapidamente se apaga. Ouve-se sons estranhos.

FELIPE - (Gritando) Ah!

Do nada tudo para, a luz continua apagada.

CENA 6

Carol, David, Douglas, Júlio e Mel vão se despertando aos poucos. Todos despertam.

CAROL - Cadê o Felipe?

MEL - É mesmo! Cadê o Felipe?

JÚLIO - O desgraçado saiu! Aproveitou, e se brincar ele nos dopou ontem à noite para trapacear na caça ao tesouro!

Douglas rapidamente vê a mochila de Felipe caída no chão, pega a mochila e começa a vê-la, percebe que na mochila não há a lanterna e que há um frasco de sonífero, Douglas tira o sonífero para fora.

DOUGLAS - Ele trapaceou! A lanterna não está aqui e ele realmente nos dopou.

DAVID - Temos que achá-lo!

David vai abrir a porta e percebe que está trancada.

DAVID - Ele trancou a porta.

CAROL - A essa hora já deve ter achado o tesouro e se mandado.

Douglas fica pensativo.

DOUGLAS - Meu medo é que ele tenha se mandado para uma melhor.

DAVID - Ai credo!

David rápidamente sai de cena e volta com um pé de cabra, David insere o pé de cabra na porta e a arromba.

DAVID - Vamos atrás dele.

CAROL - Cada um pra um lado pra facilitar que achemos ele.

Todos saem da casa.

CENA 7

Carol está procurando Felipe pela mata atenta a tudo, Carol se destraí olhando para o céu azul da ilha e continua andando, logo tropeça no corpo de Felipe que tem aspectos de asfixia. Carol se choca ao ver o corpo de Felipe.

CAROL - (Gritando) Ah!

Mel, Douglas, David e Júlio chegam a cena (nessa ordem).

MEL - (Chocada) Assassina! Você matou o Felipe! Sua assassina!

Carol se afasta de todos com os olhos cheios de lágrima.

CAROL - Não fui eu!

MEL - Foi sim! Você matou o Felipe porque ele era uma ameaça na sua tentativa de achar o tesouro! Sua assassina! Você o matou.

DOUGLAS - Mel, não foi a Carol, foi o Paul!

MEL - Você acredita nessa lenda de fantasma? Pra mim quem matou o Felipe e vai matar a todos nós foi a Carol.

Todos estão pensativos.

CAROL - Cala a boca prostituta! Eu não dúvido que você tenha matado ele!

Mel cospe no rosto de Carol. Carol revida com um tapa, Mel levanta-se pronta para brigar com Carol. David interve entre as duas, ao mesmo tempo em que Júlio agacha até o corpo de Felipe e pega um papel que estava debaixo do corpo e que tinha apenas uma pequena parte vísivel, Júlio joga o papel sem sequer olha-lo na bolsa.

DAVID - Parem as duas (olha para o corpo de Felipe) não sabemos nem se foi uma pessoa que matou, pode ter sido um animal, pode ter sido uma parada respiratória, uma parada cardíaca ou até mesmo o tal fantasma da ilha.

MEL - Me poupe dessa conversa fiada né David! Um homem de 20 e poucos anos não ia morrer assim de parada cardíaca ou respiratória! E animal? Que animal que mata uma presa e não a devora?

DOUGLAS - Mel, você sabe quem foi, eu sei e o Felipe sabia.

MEL - Tudo o que eu sei, é que a Carol tinha motivos para matá-lo, que a Carol foi a primeira a encontrar o corpo e que quando chegamos aqui ela estava em cima do corpo.

CAROL - Eu não sou assassina, pistoleira como você, sua prostituta!

DOUGLAS - Todos nós tinhamos motivos para matá-lo Mel, inclusive eu e você, a gente estava procurando pelo Felipe e pelo estado do corpo ele com certeza não morreu agora.

MEL - Vocês que sabem! Mas quando todos vocês estiverem mortos, estirados como o Felipe e forem encontrar o Samuel lá embaixo e só sobrar a Carol, veremos quem é a mocinha e a vilã da história.

Mel olha mais uma vez para o corpo, aproxima-se do corpo e o abraça, emocionada.

MEL - Ô amigo, por que você deixou sua ambição falar mais alto? Adeus Felipe, adeus.

Mel levanta-se e sai correndo da cena chorando. Todos continuam pasmos olhando para Felipe.

CENA 8

Mel entra na cabana e continua emocionada, chorando, minutos depois entram na cabana, Carol, David, Douglas e Júlio entram emocionados e cabisbaixos na cena.

MEL - O que fizeram com o corpo do Felipe?

DOUGLAS - Jogamos de um penhasco.

MEL - Tinham que jogar essa assassina do penhasco.

DOUGLAS - Como você explica que absoultamente todos que pisaram aqui não voltaram para o continente.

MEL - Eu acho que essa ilha realmente tem uma maldição, a maldição dos milhões! Todos que vem pra cá tem que se matar em busca de alguma coisa, a nossa sina é morrer nas mãos dessa bandida da Carol que matará a todos nós.

DAVID - Chega Mel, já deu, já esqueceu que também estamos chocados com a morte do Felipe?

MEL - O que eu não esqueci é que a Mel matou o Felipe! Isso eu não esqueci.

CAROL - Deus do céu! Eu já disse prostituta, quando eu encontrei o Felipe ele estava morto, estirado.

MEL - Quem garante? Eu vi você em cima do corpo dele!

DOUGLAS - Gente, já chega de desgraça, vamos mudar de assunto por favor! O que aconteceu, aconteceu. Eu estou ficando com muito medo do Paul.

MEL - Eu também estou começando a perceber que a pistoleira pode não ter matado o Felipe, mas sim o Paul.

CAROL - (Amedrontada) Isso está muito macabro.

DOUGLAS - Gente, por que o Felipe foi o primeiro a morrer?

Ninguém responde, todos pensativos.

MEL - Ele sabia de tudo! Por isso ele foi o primeiro a morrer, isso quer dizer que...

DOUGLAS - Eu e você podemos ser as próximas vítimas.

DAVID - Seja qual for a história ou a maldição que assombra essa ilha, eu quero achar esse tesouro e sair daqui o mais rápido possível.

DOUGLAS - Tem razão David!

CAROL - Mas... E quando voltarmos ao continente...

JÚLIO - (Corta) Se voltarmos você quer dizer né?

CAROL - Se voltarmos, o que diremos as autoridades sobre a morte do Felipe?

DOUGLAS - A verdade, que a maldição o atacou.

Todos continuam pensativos.

CENA 9

O dia amanhece lindo na ilha, a mata da ilha está toda cavada por pás e enchadas, do lado, Carol, David, Douglas, Júlio e Mel cavam tuda a área, o sol está escaudante.

DAVID - Já cavamos esta ilha inteira e nada! Que droga, será que aquele velho decrepito escondeu a herança dele por aqui?

MEL - Boa pergunta!

JÚLIO - David, o Samuel ele blefava, mas esconder a herança dele em outro lugar ele não fez, ele era muito honesto.

MEL - (Irônica) Ô se era.

JÚLIO - O que Mel?

MEL - Nada, o Samuel era um exemplo de honestidade.

David solta e pá com que cavava o chão duro e seco da ilha e senta no chão da ilha, encosta-se num coqueiro.

MEL - O que foi David?

DAVID - Muito cansaço! Estou desde ontem de noite à cavar essa terra que parece mais concreto e não acho nada!

Mel olha para umas montanhas.

MEL - E se o tesouro estivesse escondido nas belas montanhas dessa ilha?

DOUGLAS - Eu não me atreveria a ir lá.

CAROL - Nem eu.

DAVID - Gente, precisamos ter uma séria conversa.

Todos param de cavar por um instante e sentam perto de David.

CAROL - Fala logo o que foi David! Porque nesse caso “time is money”.

DAVID - A questão é simples, o combinado era que aqueles marinheiros iam vir aqui na ilha ao menos saber se estávamos vivos no terceiro dia e até agora nada, com certeza não viram mais.

DOUGLAS - Isso é preocupante, mas aonde quer chegar?

DAVID - Temos que arrumar um jeito de chegarmos até o continente, e pode ter certeza que nadando nesse mar não será.

DOUGLAS - (Espantado) Estamos ilhados!?

David faz que sim com a cabeça.

DAVID - Temos que construir canoas pra sair daqui, é nossa única chance! Começamos com isso amanhã mesmo, por agora vamos achar o tesouro.

CAROL - Era só o que faltava, eu Carol Almeida Quintanilha mexendo com pá, enchada e construindo canoa com folha de bananeira!

MEL - Você veio aqui porque quis, ninguém te obrigou!

CAROL - Por que você está aqui hein prostituta?

MEL - Pelo simples fato de precisar do dinheiro, e você, pistoleira? Por que está aqui?

CAROL - Eu mereço esse dinheiro! Eu não fiquei casada com aquele muquirana anos e anos por nada!

DAVID - Eu estou aqui porque parte do dinheiro eu vou usar pra caridade.

JÚLIO - Eu estou aqui apenas por ambição e porque como todos nós preciso do dinheiro. E você Douglas?

DOUGLAS - Eu? Eu só estou aqui por durante anos e mais anos fui espisinhado pelo Samuel, eu mereço uma reconpensa por tudo o que passei na mão daquele crápula.

MEL - Todos nós merecemos, mais eu? Mereço mais do que todos vocês.

CAROL - Claro, com certeza é difícil ir pra cama com o Samuel toda noite, imagino como deve ser nojento.

MEL - Mais nojento é se casar por dinheiro.

CAROL - Pelo menos eu não dei pra São Paulo inteiro e se dúvidar mais um pouco!

MEL - Pelo menos eu não matei um homem e disse (imitando Carol) foi o fantasma, eu sou inocente.

DAVID - Parou as duas! Vamos continuar com isso aqui!

David levanta-se e continua a cavar. Todos voltam a cavar.

CENA 10

Mel está andando por uma outra mata da ilha segundo uma enchada, Mel começa a cavar, perto de um grande buraco que não é vísivel ao público, Carol entra, Mel não percebe Carol, Mel no centro do palco, Carol entrando pela lateral esquerda. Carol aproxima-se mais de Mel que está mais perto do buraco que supostamente seria um precípicio, Carol empurra Mel, Mel fica se segurando com apenas uma mão no que parece ser um precípicio (pode ser um fundo falso), Mel segura-se apenas com uma mão.

MEL - Ah!

CAROL - Adeuzinho prostituta!

MEL - Não faz isso comigo Carol! Por favor.

CAROL - Adeus sua prostituta!

MEL - Pode me matar, assim como você fez com o Felipe, mas a mim você não engana! Você não passa duma pistoleira, assassina, nojenta.

CAROL - Eu ficaria profundamente irritada com você, mas eu jamais ia deixar você morrer achando que eu estou irritado! Nana nina não. Goodbye.

Carol aproxima o sapato do pé de Carol e prepara-se para pisar. David entra em cena pela lateral esquerda e vê a cena.

DAVID - (Gritando) Mel!

Carol afasta-se.

DAVID - (Exaltado) Então o tempo inteiro a Mel estava certa! Você não prestava sua pistoleira assassina! Você matou o Felipe e ia matar a Mel.

MEL - Me ajuda logo pelo amor de Deus, eu vou cair!

David dá a mão para Mel e a tira do “precípicio”.

MEL - Sua pistoleira vagabunda, tentou me matar!

Mel prepara-se para avançar sobre Carol, David a segura.

DAVID - (Com repulsa) Não vale a pena sujar suas mãos com ela.

David abraça Mel de lado, ambos saem. Carol fica em cena furiosa.

CAROL - Droga, droga, droga! Agora todos vão pensar que eu matei o Felipe!

PAUL - (Fora de cena) Afinal, matou, ou não matou?

CENA 11

O tempo está fechado na ilha, chuvendo forte, todos estão na cabana, com exceção de Carol, logo Carol entra na cabana toda encharcada, David, Douglas, Júlio e Mel estão um do lado do outro formando uma linha de braços cruzados, Carol entra, todos olham para ela com certa raiva.

JÚLIO - Olá assassina, tomou um banho de chuva bom?

DOUGLAS - A Mel ia ser a próxima vítima, ia incriminar quem? Eu? O David? Ou o Paul?

CAROL - Eu tentei jogar a Carol do penhasco sim! Mas isso pra livrar vocês dela! Ela não presta! Ela é uma assassina! Ela matou o Felipe e eu quase fui incriminada por causa disso.

MEL - A única assassina aqui é você.

JÚLIO - (Para Carol e Mel) Querem saber? Quero mais que as duas se matem! Porque daí se quando um de nós achar o tesouro e tivermos que dividir com os que sobrarem serão duas a menos na divisão.

CENA 12

A noite já caiu na ilha, Douglas está andando pela mata com uma lanterna.

DOUGLAS - É brincadeira viu! Eu indo nessa mata escura pegar uma droga de enchada! Se a Carol não fosse a assassina eu não estaria me arriscando por essa ilha!

Começa-se a ver algumas sombras na cena, sombras de Paul. Do nada a lanterna apaga-se, também apaga-se toda a luz do palco, ouve-se apenas um grito de Douglas e após o grito tudo volta a ficar mudo.

CENA 13

Carol, David, Júlio e Mel estão dentro da casa e assustam-se ao ouvir o eco do grito de Douglas.

MEL - O Douglas! (Com lágrimas nos olhos) O que será que aconteceu.

CAROL - O Douglas! Vamos lá fora ver o que aconteceu.

JÚLIO - Carol e Mel, vocês ficam! Só vão lá fora se a gente demorar muito.

DAVID - É mesmo! Fiquem aí as duas e só saiam se demorar muito.

David e Júlio saem correndo aflitos, Mel e Carol ficam na cabana aflitas.

CAROL - (Aflita) O que será que aconteceu hein prostituta?

MEL - (Com lágrimas nos olhos) Não é óbvil? O Douglas foi assassinado. (Chorando, para o público) E eu com certeza serei a próxima vítima.

CAROL - Já chega! Eu não suporto ficar sem notícias.

MEL - Nem eu!

CAROL - Vamos?

MEL - Sim!

Mel e Carol saem correndo da casa.

CENA 14

Mel e Carol chegam juntas à cena correndo, aonde estão Júlio e David chocados ao ver o corpo de Douglas que está asfixiado.

MEL - (Com a mão levada à boca) Meu Deus! Douglas!

CAROL - Dessa vez ninguém pode dizer que fui eu! Eu estava em casa como todos vocês, mas quem garante que não foi o Júlio ou o David que fez isso? (Para Júlio e David) Quem garante que não foi um de vocês, ou quem garante que não foram os dois?

DAVID - Olha quem vem ficar gerando intrigas! A mulher que tentou matar a Mel à jogando do penhasco.

MEL - É mesmo! Eu coloco minha mão no fogo pelo David e eu conheço o Júlio de longa data, ele jamais faria isso.

DAVID - Eu também conheço a Carol de longa data e jamais imaginei que ela fosse capaz de tentar te matar Mel, e assim como eu conhecia o Felipe de longa data e jamais imaginei que ele fosse nos dopar, nos trancar e nos deixar presos nesse inferno.

Mel lança um olhar sobre o corpo de Douglas e nota seus olhos arregalados, Mel agacha-se e fecha carinhosamente seus olhos.

CAROL - Vamos ter que jogar o corpo do penhasco, assim como fizemos com o Felipe, aqui ele vai feder e não dar pra suportar o cheiro.

MEL - Eu não quero acabar aqui! Eu sei que eu não tenho nada a perder se morrer, mas morrer assim! Feito o Douglas e o Felipe e ter meu corpo jogada de um penhasco! Sem sequer poder me despedir da minha família e... Deixa quieto.

DAVID - Por que você não falou com sua família antes de vir pra cá.

MEL - Essa é uma história que não interessa! Já disse!

CAROL - Eu hein! Achei que o único segredo que a Mel tinha com vocês, porque eu já sei há muito tempo é que ela deu pra São Paulo inteiro.

MEL - Dei, o teu...

CAROL - (Corta) Olha a boca!

DAVID - Agora não é hora pra isso! Estamos com um cadáver ao nosso lado!

CAROL - A questão é, eu não acredito nesse fantasma, um de nós está por trás disso. (Para David) você, o Júlio e a Mel poderiam muito bem terem matado o Felipe e a Mel pode ter dado um jeito de matar o Douglas.

JÚLIO - Inclusive você Carol!

MEL - Eu estou cada vez mais, achando que nenhum de nós sómos os assassinos.

DAVID - Já não acha que está na hora desse mistério acabar?

MEL - A questão é simples, todos que sabem do passado dessa maldita ilha vão morrendo na ordem que descobriram sobre o seu passado, primeiro o Felipe, depois o Douglas, agora eu.

CAROL - (Esperançosa) Isso está bom demais pro meu gosto! Eu vou ficar com uma parte grande da herança, minha melhor inimiga vai morrer! E eu vou sair sã e salva!

MEL - Ai é que se engana Carol, você também vai morrer, todos nós vamos acabar mortos como o Felipe e o Douglas!

CAROL - Você não acabou de dizer que você, o Felipe e o Douglas é que são as vítimas?

MEL - Sim, mas depois da gente o Paul começará a matar vocês aleatóriamente.

Carol desfaz o sorriso no rosto.

CENA 15

O dia amanheceu cinzento na ilha, parecendo que vai chover, Carol, David, Júlio e Mel estão reunidos na praia da ilha.

MEL - Vamos começar a construir a canoa pra sair daqui quando?

DAVID - Agora!

CAROL - Agora? E o tesouro?

DAVID - Vamos nos dividir em dois! Eu a Mel procuramos o tesouro e você e o Júlio construirão a canoa. É pra ontem, essa canoa tem de estar pronta emergentemente até o fim do dia! Se não é uma chance a menos de sobrevivermos.

JÚLIO - E a herança?

DAVID - A herança que se dane! Primeiro a nossa vida.

CAROL - E se um de vocês acharem a herança antes de sairmos daqui. Fica só com vocês?

Mel e David se entreolham.

DAVID - Claro que não! Dividimos igualmente entre os quatro.

JÚLIO - De acordo!

MEL - Ah não? Então faça o seguinte, não construa a canoa e vá procurar o tesouro, só que daí você acha o tesouro a gente sai dessa ilha e deixa você aqui pra bater um papo com o Felipe e com o Douglas, por mim seria um prazer, ou melhor ainda, a gente acha o tesouro, divide por três, saímos da ilha e deixamos você aí a conversar com os espíritos.

CAROL - (Contrariada) Tá bom, eu ajudo a construir a canoa e concordo com a divisão por quatro.

Mel sorri, David e Mel saem de cena pelas laterais. Carol continua parada no mesmo lugar de antes olhando para suas unhas.

JÚLIO - Vamos Carol! Me ajuda!

CAROL - Eu mereço isso! É imprecionante as proezas que o Samuel consegue fazer! Mesmo depois de morto o Samuel transformou a vida de todos nós num reality show.

JÚLIO - Se eu tivesse que dar um nome para esse reality show macabro eu chamaria de ambição. Mas chega de pensar nisso, e vamos pegar as folhas de bananeira, vamos!

CAROL - Tá bom!

Carol e Júlio saem de cena, o palco fica vazio.

CENA 16

Mel e David estão dentro de uma parte da mata da ilha ainda não cavada, Mel e David estão com suas pás. Ambos começam a cavar o solo da ilha.

MEL - Olha David, estou começando a concordar com você! Cavar asfalto é mais fácil do que cavar essa ilha.

DAVID - E se o Samuel escondeu todo o dinheiro na montanha?

MEL - Não acho! Eu não apostaria nisso não.

DAVID - Vai saber! Aquele velho nos mandou pra cá pra morrer, coisa boa ele não queria com isso, te garanto.

MEL - Eu sei exatamente o que ele queria.

David para de cavar e começa a pensar.

DAVID - Mel, eu sei um jeito de você quebrar a corrente e não ser a próxima vítima!

Mel para de cavar e começa a prestar atenção em David.

MEL - (Entusiasmada) Qual? Fala!

DAVID - Se você contar pra todo mundo qual o passado da ilha. É sua única chance de não ser a próxima vítima.

MEL - Não acho, se eu contar, todos vocês descobriram, mas eu continuarei a ser a terceira que descobri eu ia morrer do mesmo jeito.

DAVID - Mas podia confundir o fantasma.

MEL - Sei não. Vou pensar.

DAVID - Eu não quero te perder Mel!

MEL - Eu também não David, por isso eu vou deixar que o Paul ou a Carol façam o que tem de ser feito.

DAVID - Mas isso não tá certo! Você está se entregando de bandeja as mãos desse Paul. Isso tem alguma coisa a ver com o Samuel não tem?

Mel vira o rosto.

DAVID - Anda, fala!

MEL - Eu já disse, não vou contar nada agora. E se eu fosse contar David, eu não contaria apenas à você, senão você ia ser a próxima vítima.

DAVID - Ótimo! Sabe o que isso aqui está parecendo? A mistura de um reality show macabro que mexe com a ambição e o instinto de sobrevivência das pessoas com aquela novela do Sílvio de Abreu, a próxima vítima.

MEL - Pior que é verdade? Quando esse pesadelo vai acabar?

DAVID - Quando estivermos todos mortos porque você resolveu continuar calada.

David pega a pá e continua a cavar, bravo. Mel, em seguida pega a pá e continua a cavar pensativa.

CENA 17

A canoa improvisada de Carol e Júlio já está pronta.

CAROL - Graças a Deus! Agora sim, estamos salvos.

JÚLIO - Não vejo à hora de chegarmos ao continente.

CAROL - Eu então nem se fale! Acabar com esse pesadelo e ainda me tornar milionária.

JÚLIO - Isso se o David e a Mel acharem o tesouro.

CAROL - Não sei porque, mas eu tenho o pressentimento de que coisas importantes acontecerão em breve.

JÚLIO - Espero que seja nossa saída desse inferno! E de preferência com 1,5 bilhão nas mãos.

Do nada começa a chover muito forte na cena.

CAROL - Vamos nos esconder dessa chuva na cabana!

Carol começa a correr para fora da cena, Júlio segura seu braço

JÚLIO - E a canoa?

CAROL - Ela vai ficar aí ué!

JÚLIO - Não dá pra levar a canoa!

CAROL - Vamos logo!

Carol e Júlio continuam a correr para fora da cena. Após Carol e Júlio saírem de cena e deixarem a canoa perto do mar, a chuva engrosa mais, e a canoa é levada pelo mar, Carol e Júlio voltam à cena encharcados ao verem a canoa indo embora. Carol leva as mãos a cabeça.

CENA 18

Mel e David param de cavar com a forte chuva que continua a atingir a ilha. David olha para uma grande árvore.

DAVID - Mel, vamos se proteger embaixo daquela árvore logo!

David e Mel correm para debaixo da árvore, acontece um clima entre os dois, os dois se aproximam cada vez mais e estão quase se beijando.

CENA 19

Carol e Júlio estão furiosos na casa.

JÚLIO - Eu avisei pra não deixarmos a canoa lá! Agora estamos presos aqui de novo!

CAROL - Eu ia saber que isso ia acontecer! E depois você ou a gente deixava a canoa pra lá ou seríamos arrastados pelo mar que já estava invadindo a praia.

JÚLIO - Mas ao menos podiamos ter amarrado a canoa a um coqueiro.

CAROL - Tinha corda lá por acaso? (Irônica) Eu não sabia!

Entram encharcados na casa David e Mel.

DAVID - Cadê a canoa?

CAROL - Cadê a herança?

JÚLIO - A canoa foi arrastada pra alto mar!

DAVID - (Irônico) Eba! Estamos ilhados aqui e temos poucas horas antes de mais algum de nós aparecer estirado no chão.

MEL - Se for a Carol eu ficaria tão feliz da vida!

CAROL - Não esquece que a próxima vítima aqui é você!

DAVID - (Irritado) Chega! Dane-se quem seria a próxima vítima, o que importa é que temos que sair daqui antes que mais um de nós tenha que ser jogado do penhasco pra fazer compania ao Felipe e ao Douglas!

Mel senta-se furiosa. Todos ficam silenciados e furiosos durante alguns segundos, a chuva para, Mel levanta-se quebrando o silêncio.

MEL - Chega dessa palhaçada! O Paul me quer, o Paul me terá!

DAVID - Do que está falando Mel?

Mel se aproxima de David e beija seu rosto.

MEL - (Com lágrimas nos olhos) Eu gosto muito de você David.

Mel sai correndo da casa, David fica com lágrimas nos olhos.

JÚLIO - Vamos atrás dela, eu tenho medo que ela faça uma besteira.

DAVID - Eu também, vamos!

Júlio e David sai, Carol continua na cena sorridente.

CENA 20

Mel corre pela mata da ilha chorando desesperada, a noite está começando a cair, cada vez mais escurece, começa a se ouvir os gritos de David e Júlio em busca de Mel que continua correndo. Minutos depois, Mel para numa clareira na mata, já anoiteceu, Mel abre os braços desesperada e olha para o alto da montanha.

MEL - (Gritando) Você me quer Paul! Aqui estou eu! Não é isso que você quer? A sua próxima vítima. Pois então me mata logo de uma vez! Acaba com essa palhaçada, me mata Paul, não é isso que você quer? Me matar, me mata, anda!

Começa a ventar muito forte na cena, o vento vem na direção de Mel, cada vez mais forte, começa-se a se ouvir ruídos estranhos. Os gritos desesperados de David e Júlio estão cada vez mais altos e mais pertos da cena.

MEL - (Gritando) Isso Paul! Você não quer me matar! Anda me mata, acaba com tudo!

Ouve-se mais um grande ruído, as luzes do palco começam a piscar, ouve-se mais um ruído, Mel cai no chão desmaiada. As luzes não param de piscar, na clareira entra David e Júlio.

DAVID - (Gritando) Mel!

David vai até Mel que está desmaiada e a pega no colo. Júlio ajuda, David e Júlio saem de cena segurando Mel rapidamente.

CENA 21

Carol está jantando tranquilamente, relachada. Carol está acabando o jantar, Carol acaba de jantar põe os pratos na pia. Carol pega um copo de suco e começa a tomar, encostada na pia.

CAROL - Será que a prostituta partiu dessa pra uma melhor? Bem que não seria nada mal, sobraria mais grana pra mim e ver minha pior inimiga morrer... Nada melhor... Pena que eu não fui atrás da prostituta, ia ser um prazer ver seu cadáver.

David e Júlio entram rapidamente na casa carregando Mel que está desmaiada, Carol fica brava.

CAROL - A prostituta não se matou?

DAVID - Muito ajuda quem não atrapalha Carol.

David põe Mel no sofá.

DAVID - Júlio, pega um copo de água pra mim!

Júlio rápidamente pega um copo de água na cozinha e entrega a David. David levanta a cabeça de Mel e começa a dar um pouco de água para ela.

DAVID - Acorda Mel, por favor, acorda!

Mel acorda aos poucos.

DAVID - Graças a Deus você acordou Mel!

MEL - Não sei o que deu em mim! Eu fui bater de frente com o Paul?

DAVID - O desespero nos provoca reações desesperadas Mel.

MEL - Eu deveria saber disso.

DAVID - Por quê?

MEL - Por nada, agora vamos jantar, estou com fome.

CAROL - Desmaiada? Sei. Pra mim isso tudo é um fingimento dessa falsa aí pra acreditarem que ela é bosinha, mas eu Mel, não caio no seu teatro. Você é uma falsa.

DAVID - Não! De novo não, será que essa briga de vocês não vai acabar nunca?

CAROL - Só quando uma de nós morrer, e eu garanto que não serei eu.

MEL - Como você pode ter certeza Carol? Ah menos que você vá me matar.

CAROL - Já disse que não sou assassina!

MEL - E eu já disse que não acredito em nenhuma palavra que sai da sua boca.

CENA 22

Carol, David, Júlio e Mel estão todos reunidos na praia da ilha, o dia novamente já amanheceu na ilha.

DAVID - Então pessoal, a única coisa que temos de nos preocupar hoje é em sair dessa ilha, a droga daquele tesouro que se dane! Mais vale a nossa vida!

CAROL - Se terminarmos cedo podemos procurar a herança.

DAVID - Se a gente conseguir garantir que não perderemos a canoa ok, mas caso formos procurar temos que voltar antes da noite.

JÚLIO - Então vamos começar!

MEL - Pessoal, tenho uma coisa para revelar à vocês.

DAVID - Não me diga que é o passado dessa ilha?

MEL - É.

JÚLIO - Conta logo!

CAROL - Agora até eu estou interessado na conversa da prostituta.

MEL - (Para Carol) Quem diria né pistoleira? (Para todos) O Samuel me contou isso à dois anos, Samuel foi criado pelo pai e pela mãe aqui no Brasil, mas o pai do Samuel teve um caso com uma norte-americana, que morava em Los Angeles, a mais ou menos uns dez anos, o Samuel morreu com quantos... 65 anos, o Paul já deveria ter uns 80, se estivesse vivo.

JÚLIO - E o que Samuel tem a ver com esse Paul?

MEL - Já chego lá. O Paul tinha quase 20 anos quando o Samuel tinha 5, o Paul descobriu que o homem que o criou não era seu pai, mas sim o pai de Samuel.

CAROL - Nossa que história!

MEL - Você ainda não viu nada!

CAROL - Continua!

MEL - Ele e o Samuel se tornaram muito amigos, embora o Paul tivesse idade pra ser seu pai, logo Paul tomou metade de tudo da família Stone, ficou tão bilionário quanto Samuel, mas ele tinha um outro irmão com parte de mãe, o Paul, esse irmão era muito invejoso queria ficar com tudo do Paul, o Paul se casou um tempo depois com uma colega de faculdade, e começou a desconfiar que ela o estava traindo com o irmão, aí ele enloqueceu totalmente, trouxe o irmão e a mulher pra cá, planejando matá-los, mas foi aqui que o irmão e amante planejaram a morte do Paul nessa ilha, iam matá-lo com ácido e dizer que foi um fantasma caso achassem o corpo, do contrário diriam que foi um acidente com o barco, eles mataram o Paul sufocado e jogaram o corpo dele penhasco abaixo, depois, após o terceiro dia de sua morte o espírito de Paul voltou e os dois morreram sufocados, da mesma forma que mataram Paul, e desde então essa ilha ficou amaldiçoada, todos que aqui pisaram jamais saíram.

CAROL - Nossa! To pasma!

DAVID - Eu também.

JÚLIO - Não fazia idéia como a história era cabeluda.

DAVID - Julio, vamos pegar as coisas pra construir o bote.

David e Júlio saem, Mel fica pensativa. Mel senta-se numa tora de madeira que há na cena, de frente para essa tora de madeira há uma outra tora de madeira, Carol está prestes a sair de cena, Carol olha para trás e vê Mel pensativa, Carol volta atrás e senta-se na tora de madeira que está de frente para a tora em que está sentada Mel.

CAROL - Mel, por que está assim?

MEL - Milagre você se preocupar comigo. Estou me lembrando do quanto eu fui infeliz nessa vida, por tudo o que eu já passei e que me fizeram passar, eu já sofri muito sabia? Nas mãos do seu marido também.

CAROL - Eu vou te contar uma coisa que eu nunca contei pra ninguém, (chorando) antes de eu me casar com o Samuel ele me abusou de mim, me engravidou, todos acharam que eu dei em cima dele, eu fui obrigada a casar com ele, eu virei seu passatempo, enquanto ele ia pra cama com outras. Depois eu abortei o bebê e tentei sair do casamento, mas ele jamais ia deixar por orgulho, ele queria ter posse de mim, ele estragou toda a minha juventude, a minha inocência, até ele abusar de mim eu era virgem, eu era inocente, eu era só uma menina!

MEL - Nossa, Carol, você também sofreu nas mãos do Samuel, isso que você acabou de me contar mudou meu conceito sobre você, agora eu sei porque você é assim, tão fria.

CAROL - Eu não sou fria, eu só ago assim com você porque eu achava que você entrou naquela casa disfarçada de empregada e se deitou com meu marido apenas pra me fazer sofrer ainda mais do que eu sofri, entende?

MEL - Entendo, mas eu depois dessa eu vou te contar a minha história. Tudo começou na pequena cidade onde eu morava com...

CENA 23

David e Júlio estão perto das bananeiras pegando folhas.

DAVID - Ah que cansativo!

JÚLIO - Será que conseguiremos chegar ao continente?

DAVID - Depois do que a Mel contou? Não, ninguém jamais conseguiu sair daqui. Tenho quase certeza de que não seremos os primeiros.

JÚLIO - Nossa!

DAVID - Mais mesmo assim eu vou tentar até morrer, eu não vou entregar minha cabeça de bandeja à essa assobração do além. Se ele tiver que matar todo mundo aqui, mate, mas eu me entregar?

JÚLIO - É isso aí David! Tem que lutar até o fim.

DAVID - Maldita, maldita, mil vezes maldita seja a hora em que eu topei vir pra esse inferno!

JÚLIO - Se lamentar não vai fazer a gente voltar no tempo.

DAVID - Infelizmente... Infelizmente.

JÚLIO - Por que será que a Mel e a Carol não vieram atrás da gente?

DAVID - Seilá, vai ver ficaram olhando pro mar vendo se algum navio vai vir aqui nos salvar.

JÚLIO - Mais sacanagem o que fizeram com a gente não é?

DAVID - Com certeza.

JÚLIO - Me diz uma coisa com sinceridade, você está apaixonado pela Mel?

DAVID - Sim!

CENA 24

Mel e Carol continuam sentadas uma de frente para a outra nas toras de madeira, Carol está chocada e emocionada com o que ouviu.

CAROL - Meu sofrimento não é nada perto de tudo o que você passou!

MEL - Não diga isso, nós duas sofremos muito.

CAROL - Mel, desculpa por tudo o que eu falei de você, por tudo o que eu fiz contra você, é que como eu disse eu achei que você entrou na minha casa pra me destruir ainda mais do que você me destruiu.

MEL - Quem ia imaginar que a amante do seu marido que era empregada da sua casa tinha uma história de vida dessas, que tinha essas razões pra fazer isso.

CAROL - Obrigado Mel por me entender. (Emocionada) Posso te dar um abraço?

MEL - Pode, amiga.

Carol e Mel se abraçam, ambas extremamente emocionadas. Entram David e Júlio com várias folhas de bananeira e se surprendem ao verem Carol e Mel abraçadas.

DAVID - Júlio eu to vendo o que eu to vendo ou eu to cego?

JÚLIO - Sim, você está vendo a mesma cena que eu? Você acredita em loucura coletiva?

DAVID - Não acreditava.

David e Júlio se aproximam de Carol e Mel.

DAVID - Essa cena é real ou obra de ficção?

Carol e Mel param de se abraçar, ainda emocionadas.

CAROL - Não, essa cena é real, e bem real.

MEL - Nós agora vamos deixar o que passou no passado, afinal quem vive de passado é museu e vamos tentar ser amigas a partir de agora.

DAVID - Já que vocês resolveram deixar o amor no ar... Eu também vou.

David vai até Mel.

DAVID - Eu me apaixonei por você Mel.

MEL - Eu já estou apaixonada, desde aquela vez em que nos beijamos naquela chuva.

DAVID - Quando sairmos daqui eu vou te fazer a mulher mais feliz do mundo.

MEL - E eu vou te fazer o homem mais feliz do mundo.

DAVID - Só de estar ao meu lado, já me faz.

JÚLIO - Agora eu e o David vamos procurar a herança.

MEL - Com ela ou não, voltem aqui em 3 horas.

DAVID - Não temos relógio, lembra que mais uma das regras daquele contrato absurdo pra virmos pra cá era não trazer qualquer aparelho eletronico, que usasse pilha, que usasse bateria etc com exceção da lanterna.

MEL - Antes de vir pra essa ilha eu achava que não tinha na a perder, vejo que estive enganada e cada vez mais vejo o quanto estava enganada.

Mel se emociona.

CENA 25

Já anoiteceu, Carol, Júlio, David e Mel estão na praia com suas mochilas perto da canoa, as lanternas de todos eles iluminam a cena.

CAROL - É, chegou a hora, de dar de uma vez por todas adeus a essa ilha!

MEL - É mesmo!

Carol vira-se e olha para o alto da montanha.

DAVID - Vamos rasgar essa página infeliz de nossa vida e lê-la nunca mais.

Carol, David, Júlio e Mel entram na canoa e começam a remar, a mochila de Carol ainda está na ilha, a canoa já está quase no mar, pronta para entrar no mar.

CAROL - Perai pessoal, vou pegar minha mochila.

Carol sai e é iluminada pelas lanternas.

MEL - Anda logo Carol, estou com péssimo pressentimento!

CAROL - Já vai!

Começa aparecer sombras na cena, sombras de Paul, Mel é a única a notar.

MEL - Essa não!

Do nada as luzes de todas as lanternas se apagam e todas as luzes do palco também, tudo fica escuro, começa-se a ouvir ruídos estranhos.

DAVID - (Gritando) Ai meu Deus! Vamos sair daqui!

MEL - (Gritando) Socorro!

Todos saem da canoa no escuro e começam a correr.

MEL - Carol! Carol! Cadê você Carol! (Gritando) Carol!

Há o clarão de uma lanterna que acende e apaga em questão de segundos.

MULHER - (Gritando) Ah!

DAVID - (Gritando) Mel! Cadê você Mel! Responde!

JÚLIO - (Ao mesmo tempo que David) Carol, cadê você! Responde Carol!

As lanternas voltam a funcionar se deparam com Carol e Mel desacordadas, Carol no centro do palco, Mel no canto. Carol está morta. David e Júlio estão pasmos. A canoa já não está mais na cena.

DAVID - A Mel e a Carol!

Júlio vai até Mel. Júlio põe a mão no pescoço de Mel, vira-se para David com cara de tristeza.

DAVID - A Mel está viva?

Júlio faz que não, David fica arrasado, imediatamente Mel levanta-se subtamente e assusta Júlio.

JÚLIO - (Espantado) Mel!

David corre para abraçar Mel e beija seu rosto várias vezes.

DAVID - Graças as Deus você está bem!

MEL - Eu só desmaei! Eu vi o fantasma desmaei. E a Carol?

David aponta para o corpo de Carol no centro da cena, Mel começa a chorar.

MEL - Justo agora!? Agora que nos tornamos amigas? Agora que nos perdoamos? Por que ela tinha que morrer agora hein? Por quê?

DAVID - A vida é assim... Vai ver, a última coisa que ela tinha que fazer nessa vida era ficar de bem de com você!

MEL - A vida não é justa! Ela sofreu pra caramba nas mãos do Samuel! Ela perdeu sua inocencia, sua juventude, sua virgindade quando foi estuprada pelo Samuel e foi obrigada a se casar com ele!

DAVID - Não fica assim Mel.

MEL - Vamos sair dessa ilha!

DAVID - Apenas amanhã! O mar levou a canoa, novamente!

MEL - Não merecemos isso! A Carol só morreu por minha culpa! A culpa foi minha, a culpa foi minha!

JÚLIO - Não foi não! A gente insistiu pra você contar, a gente sabia do risco! Não foi sua culpa!

DAVID - Não diz isso Mel! Isso não foi sua culpa, se a Carol não tivesse voltado para buscar a bolsa ela não teria morrido, estaria no mar, com a gente a essa hora.

MEL - Vamos jogá-la do penhasco, como fizemos com os outros.

DAVID - Que coisa trágica meu Deus! Que coisa trágica.

CENA 26

David, Júlio e Mel estão na cabana, todos extremamente abalados.

DAVID - Pessoal, vamos passar essa noite aqui, amanhã vamos embora, dane-se o tesouro, dane-se a herança, precisamos viver acima de tudo!

JÚLIO - O que não me conforma é que estavámos a metros de nos livrar desse inferno!

MEL - E justo agora? Que viramos amigas?

DAVID - Infelizmente, amanhã temos que voltar a construir a canoa, e vamos rezar para dar certo! Vamos rezar!

JÚLIO - Agora vamos dormir, e amanhã é a vida que segue.

CENA 27

O dia acaba de amanhecer na ilha, David, Júlio e Mel estão na mesma praia, Júlio e Mel estão sentados na areia da praia, totalmente desanimados. (Júlio tem de estar com a mesma bermuda da cena 7)

DAVID - Ânimo pessoal, vamos entregar o jogo assim?

JÚLIO - Vamos morrer mesmo.

DAVID - Ou saimos desse inferno vivos, ou morremos tentando. Se vocês desistiram eu não, eu vou construir a droga da canoa e me madar daqui antes que anoiteça, se vocês vão ficar esperando a morte, problema é de vocês.

MEL - Quem disse que estamos esperando a morte? Estamos esperando o Paul.

JÚLIO - Mel, eu sei que isso é injusto, mas Mel temos que tentar sair daqui. Você está praticamente se suicidando assim.

MEL - Pelo menos eu não vou me iludir novamente em construir a canoa, achar que finalmente acabou e depois ter mais um de nós estirado, morto no chão! Não mesmo! Eu prefiro morrer de uma vez.

DAVID - Não prefere não! Você não pode desistir.

JÚLIO - Você acha que seus amigos, o Felipe e a Carol gostaria que você entregasse o jogo assim de bandeja pro Paul e pro Samuel?

MEL - Não.

DAVID - Então Mel, vamos?

MEL - Vocês têm razão! Eu não posso me entregar pro Paul e pro Samuel assim de bandeja. Vamos construir a droga da canoa logo!

DAVID - Assim que se fala!

Júlio e Mel levantam-se.

DAVID - Vamos pegar as folhas de bananeira!

MEL - É pra já!

David, Júlio e Mel saem rapidamente de cena. Tempo depois, David, Júlio e Mel voltam à praia da ilha com a canoa montada.

DAVID - Finalmente vamos sair dessa maldita ilha!

David, Júlio e Mel entram na canoa com as mochilas.

DAVID - Vamos pessoal.

MEL - Finalmente.

David pega os remos.

JÚLIO - Pessoal, esperem.

MEL - De novo não!

DAVID - Não tem nada o que esperar, vamos embora logo!

JÚLIO - Pessoal, acabou de nascer o sol certo?

MEL - Certo.

DAVID - Sim, por quê?

JÚLIO - O fantasma aparece apenas à noite, quando não tem luz! Agora o dia acabou de amanhecer! E se fossemos procurar a herança?

MEL - Boa ideia.

DAVID - Estão loucos?

MEL - Por quê? Eu não vim pra essa ilha pra sair de mãos abanando. Depois ainda temos muitas e muitas horas até o pôr do sol.

DAVID - Ok. Vamos, mas deixando claro, assim que eu perceber que chegou o fim de tarde, paramos o que estivermos fazendo e vamos embora daqui!

MEL - Ok.

JÚLIO - Mas antes de sair, vamos proteger a canoa.

DAVID - Como?

JÚLIO - Vamos levá-la a cabana, aí sim, tenho certeza que estará totalmente segura.

MEL - Você é um gênio Júlio!

DAVID - É melhor ser um burro vivo do que um gênio morto.

JÚLIO - Relacha, nada de mal irá nos acontecer.

PAUL - (Fora de cena) Será mesmo? Já morreram três pessoas, o Felipe, o Douglas e a Carol, quem garante que não vou matar mais um deles? Não apostaria 1,5 bilhão nisso!

CENA 28

David, Júlio e Mel entram na cabana segurando a canoa.

DAVID - Espero não me arrepender depois!

MEL - Com tudo que saiamos daqui até o pôr do sol não temos nada a perder.

JÚLIO - É mesmo!

DAVID - Algo me diz que temos algo a ganhar e algo a perder com isso!

MEL - Vira essa boca pra lá!

Júlio pega a canoa de Mel e David e a coloca no sofá da sala. Júlio olha para a cabana.

JÚLIO - Esta é a penúltima vez que olho para esta cabana, graças a Deus esse pesadelo está prestes a acabar.

DAVID - Espero que realmente seja a penúltima vez.

MEL - Dá pra parar de rogar praga ou tá difícil?

DAVID - Quer saber? Vocês têm razão! Não temos nada a perder com tanto que voltemos até o pôr do sol.

David, Júlio e Mel se entreolham emocionados.

MEL - (Emocionada) Nossa vida vai mudar para sempre daqui pra frente!

JÚLIO - Para melhor se Deus quiser!

PAUL - (Fora de cena) E de fato, mudaria mesmo, (com ênfase) para sempre.

CENA 29

David, Júlio e Mel estão numa parte da mata da ilha que é perto das montanhas, horas já se passaram, está quase no pôr do sol, ninguém percebe isso. Todos estão cavando incansávelmente o chão da ilha, muito soados.

JÚLIO - Pessoal, vou parar um pouquinho e tomar uma água!

DAVID - Ok! Daqui a uma hora vamos sair daqui!

JÚLIO - Sem problemas, pelo menos tentamos.

Júlio larga a enchada, vai até sua mochila e retira uma garrafa de água, Júlio bebe a água, a garrafa está quase seca, Júlio sem querer vira a garrafa e molha o bolso da calça que está usando. Júlio olha para o bolso.

JÚLIO - Ah que droga, molhei minha calça.

Júlio ouve o som de um corvo, Júlio olha para o céu, logo após, olha para a montanha. Júlio faz uma cara esquisita, como se lembrasse de algo importante.

JÚLIO - É isso! A montanha! Pessoal, parem agora! Já sei aonde está o tesouro.

David e Mel param de cavar.

DAVID - O que foi Júlio?

JÚLIO - Lembram da morte do Felipe?

MEL - Sim.

DAVID - Claro, o que tem?

JÚLIO - É simples, quando o Felipe morreu, eu abaixei pra ver se ele realmente havia morrido, eu abaixei e constatei que ele realmente estava morto, mas quando eu ia me levantar eu vi uma folha de papel (tira a folha do bolso e a mostra) que estava debaixo do Felipe, eu peguei a folha e guardei no bolso dessa calça.

DAVID - Por que não nos contou antes e está nos contando agora?

JÚLIO - Eu pus no bolso, eu sabia que aquela folha, que tinha uma espécie de mapa nos levaria ao tesouro, eu pus no bolso e com toda a confusão que teve por causa da morte eu esqueci, agora lembrei, o tesouro, está na montanha. Era pra lá que o Felipe estava indo, por isso ele tinha tanta convicção que encontraria o tesouro.

DAVID - Como ele sabia disso?

JÚLIO - Vou saber? Eu só sei que estamos com a chave para o tesouro.

MEL - Eu acho que eu sei como ele sabia, antes do Samuel morrer, o Felipe uma vez, ele me disse que pegou o Samuel sonhando e no sonho ele dizia as palavras “na montanha da ilha, está o dinheiro”. Eu só lembrei disso agora também.

DAVID - Então vamos logo à montanha.

David, Júlio e Mel pegam as pás, as enchadas e suas mochilas e saem correndo da cena com direção à montanha.

CENA 30

David, Júlio e Mel estão subindo à montanha, o sol está perto de se pôr. Júlio está na frente, segurando o braço de Mel, que segura o braço de David, todos com suas mochilas, pás e enchadas.

DAVID - Gente, eu acho que o sol está perto de se pôr, não é melhor voltarmos?

MEL - Não, besteira, não to vendo sol nenhum se pôr.

JÚLIO - Nem eu.

DAVID - Ok! Então estou ficando louco.

Júlio dá dois passos e cai num buraco na montanha (um fundo falso no cenário da montanha), com a enchada, as pás e a mochila, Mel é arrastada.

DAVID - Mel!

David pula no fundo falso sem pestanejar.

CENA 31

David, Júlio e Mel estão dentro da montanha, onde há uma imensa cratera dentro da montanha.

JÚLIO - Estamos ferrados!

MEL - Estamos mesmo!

DAVID - O que fazemos agora?

MEL - (Gritando) Socorro, socorro.

DAVID - Além da gente, não tem nenhuma alma viva nesse lugar! Grita mesmo Mel, você vai gastar sua sáliva e o Paul pode vir nos socorrer!

Júlio pega uma pá e começa a cavar a montanha.

MEL - (Apavorada) Está louco? Vai provocar um deslizamento de terra!

JÚLIO - Não estou não! O tesouro está aqui.

Júlio cava por mais alguns segundos, David a olhar para o céu pelo buraco aberto, percebe que o sol já se pôs.

DAVID - (Apavorado) O sol já se pôs, temos que sair daqui logo!

Júlio cava e encontra um baú.

JÚLIO - Estamos ricos! Milionários! 500 milhões de dólares para cada um, é dinheiro de mais!

DAVID - Nem acredito!

MEL - Pode acreditar!

DAVID - Abre logo o baú.

Júlio abre o baú e encontra vários cheques.

DAVID - Estamos milionários, isso é ótimo, mas como saimos daqui? Estou desesperado!

MEL - Estamos todos.

JÚLIO - E um 1,5 bilhão mais ricos. Não é pra desespero pessoal! Não é hora mesmo! Temos que sair daqui!

Mel: Eu vou subir no baú e sair daqui, depois eu ajudo vocês.

Júlio passa o baú para Mel, Mel sobe no baú, pega uma das pás e apoia na subida, Mel sobe.

MEL - Agora vou ajudar vocês pessoal!

Mel estende o braço para David, que sobe rapidamente, David sobe, David e Mel puxam Júlio que sobe com o baú e as mochilas.

MEL - Agora sim! Vamos embora, logo desse inferno!

Já anoiteceu, David, Júlio e Mel começam a correr desesperados com as lanternas acessas, do nada as luzes da montanha começam a piscar, sombras são vistas na cena e ruídos estranhos também. Ouve-se uma música de tensão que cresce na cena.

DAVID - (Gritando) Corram!

Todos correm desesperados com o baú.

JÚLIO - Pra onde?

DAVID - Cabana!

CENA 32

David, Júlio e Mel estão correndo desesperados pela mata da ilha, as luzes das lanternas estão piscando.

JÚLIO - Eu aguento! Falta pouco, falta pouco!

Aparece algumas sombras na cena cada vez mais. Do nada as luzes apagam-se, ouve-se vários passos, ruídos estranhos e gritos de David, Júlio e Mel desesperados. Ouve-se um ruído estranho mais alto ainda, e um grito de um homem, rapidamente, o clarão de uma lanterna é acendida, Mel olha para trás e vê um vulto e um corpo no chão.

MEL - (Gritando) Júlio!

Nesse instante, David puxa o braço de Mel que estava carregando a herança, Mel deixa cair o baú. Tudo fica em silêncio por segundos, do nada as luzes acendem, Júlio está estirado, morto no meio do palco, com os olhos arregalados, de modo que possa chocar a platéia.

CENA 33

David e Mel entram na cabana aflitos.

DAVID - O Paul está à solta na ilha! Ele irá nos matar, ele irá nos matar!

MEL - (Chocada) O Júlio morreu!

DAVID - O baú! Cadê o baú?

MEL - Ah meu Deus! Ele deve ter caído.

DAVID - (Pegando a canoa, os remos e a mochila) Agora já é tarde, temos que sair daqui, isso se dermos sorte de chegarmos vivos aqui na praia!

MEL - Eu vou buscar!

Mel vira-se para buscar, David segura seu braço.

DAVID - Você não pode ir! O Paul vai te matar!

MEL - Eu (com ênfase) necessito daquele dinheiro.

DAVID - Isso tem a ver com seu passado não é Mel.

Mel continua calada.

DAVID - Fala Mel!

MEL - Sim, tem a ver com ele. Acho que já é hora de você saber de toda a verdade sobre mim.

DAVID - Conta.

MEL - Não sei se você vai me perdoar depois que eu contar isso, mas enfim. Cedo ou tarde você ia descobrir.

DAVID - Confia em mim.

MEL - É uma longa história e não temos tempo.

DAVID - Mas conta.

MEL - Tá bom, o motivo pelo qual eu não falei com a minha família é porque eu sou uma foragida da polícia, eu estou sendo acusada de matar injustamente uma pessoa.

DAVID - (Surpreso) O quê? Explica essa história direito.

MEL - Eu morava no interior e tinha uma irmã gêmea, minha irmã se chamava Leandra, ela sempre foi muito máu caráter, sempre me odiou, e era muito ambiciosa, até que um dia ela foi convencida pelo namorado a sequestrar um homem, mas o namorado dela morreu num tiroteio com a polícia, ela ficou desesperada e matou a vítima. Foi quando ela passou a ser procurada. Depois ela me sequestrou me levou pra casa dela e foi pra minha, ela avisou a polícia e nos trocou de identidade, ela assumiu minha vida e a polícia estava no meu pé, eu não consegui provar que era inocente, então minha irmã sofreu um acidente de carro e morreu, todos achavam que eu morri, eu a Mel morri, mas minha irmã morreu, então eu fugi pra São Paulo e me tornei empregada de uma amiga do Samuel, o Felipe era meu amigo e já trabalhava para o Samuel, então o Samuel usou ele para descobrir meu passado, ele chantageou o Felipe daquele jeito que só aquele crápula sabia, depois que ele forçou o Felipe a contar meu passado pro Samuel, o Samuel começou a me chantagear, praticamente me obrigou a ir pra casa dele trabalhar como empregada e me tornar amante dele, se não ele ia falar pra polícia tudo, (chorando) aí o Samuel me obrigou a ir para um bordel e aceitar quem pagasse mais, ele me usou pra ganhar dinheiro! Foi aí que a Carol tirou que eu sou prostituta e também era amante do Samuel.

DAVID - (Pasmo) Que história Mel!

MEL - Parte desse dinheiro que supostamente era do Samuel (bate no peito) é meu por dinheiro, porque eu tive que abrir as pernas pra ganhar esse dinheiro e pagar minha liberdade. E depois, se mesmo fazendo tudo que aquele maldito queria não consegui minha liberdade, é depois da morte dele que eu vou conseguir.

DAVID - Mel não vai!

Mel abraça David e sai correndo da cabana, David pega a canoa, como já está com as mochilas sai correndo.

CENA 34

Mel está correndo pela ilha desesperada, corre de um lado para o outro pelo palco, até que encontra o baú, David está atrás dela.

DAVID - Se você vai, eu vou com você!
MEL - Você não devia ter feito isso, se você morresse por minha causa eu jamais ia me perdoar!

DAVID - Não é hora pra isso! Vamos embora logo pra praia!

David e Mel vão correndo para a praia, vários vultos aparecem na cena.

CENA 35

David e Mel chegam à praia, entram na canoa, colocam o baú e as mochilas, sombras de Paul aparecem na cena, o remo do barco não está na canoa.

DAVID - Temos que pegar o remo!

MEL - Não, temos que ir embora!

DAVID - Não tem como!

MEL - O Paul está se aproximando!

DAVID - Eu sei Mel.

Clima de alta tensão. David sai da canoa e vai pegar os remos, as sombras aproximam-se ainda mais de David, que pega o remo e rapidamente volta para a canoa, Paul se aproxima ainda mais, David entra na canoa.

DAVID - Começa a remar logo Mel!

MEL - A canoa tá pesada!

DAVID - Vai temos que conseguir!

MEL - Já sei!

Mel sai da canoa e a empurra para o mar, logo após Mel volta a canoa, Paul quase os pega.

CENA 36

Dias já se passaram, David e Mel estão na canoa sem as mochilas, apenas com o baú do tesouro, no meio do mar (a canoa pode estar em cima de um papel azul que cobre todo o palco, dando a ligeira impressão que tratasse do mar) Mel está machucada, ambos estão muito fracos. Na cena toca um instrumental.

DAVID - (Segurando a mão de Mel) Aguenta firme Mel, a gente vai sobreviver até o continente!

MEL - Não estou aguentando de fome!

DAVID - O pior já passou Mel! Nós somos vencedores! Nós fomos os únicos até hoje que conseguimos sair daquela ilha!

MEL - Pra morrer de fome, frio e sede no oceano.

DAVID - A gente vai sobreviver até o continente.

MEL - Eu não consigo mais.

Mel fecha os olhos, vira-se o rosto e fica estática, como se estivesse morta, o instrumental ganha a cena.

DAVID - Mel não vai, não me deixa aqui Mel, pelo amor de Deus, não, assim não, por favor não! Isso não é justo! Isso não é justo! Maldita herança, maldita herança, maldito seja Samuel, (gritando) maldito seja você!

David abraça-se ao corpo de Mel chorando.

CENA 37

É uma bela manhã ensolarada na ilha, a cena está se passando debaixo do penhasco, de baixo do penhasco tem os corpos acumulados de todos os quatro que morreram na ilha, os corpos estão no centro do palco, todos com os mesmos sinais comuns de asfixia. Ouve-se na ilha, vindos de longe, risos assustadores e choros com as vozes dos mortos.

CENA 38

Uma praia do continente está deserta, já é de madrugada, uma canoa chega à cena, na canoa está David e Mel, Mel continua como na sua cena anterior, David e Mel estão dormindo. David acorda.

DAVID - (Pasmo) Chegamos, estamos no continente!

David levanta-se da canoa rapidamente, vai ao centro do palco, olhando para o continente.

DAVID - (Gritando surpreso) Nós conseguimos! Nós conseguimos!

David vira-se para trás e olha para Mel, chorando. David vai até Mel.

DAVID - (Olhando para o céu) Por que meu Deus? Por quê?

David beija Mel no rosto. Mel acorda.

DAVID - (Emocionado) Você está viva! Obrigado meu Deus, estamos vivos, graças a Deus.

David e Mel se abraçam, emocionados.

CENA 39

Muitos anos se passaram desde a cena anterior. A cena se passa numa praça, há um banco no meio do palco, várias árvores ocupam a cena, David e Mel entram na cena de mãos dadas, bem velhinhos, David usa até bengala, ambos tem por volta de uns 70/80 anos, eles entram de mãos dadas, lentamente vão caminhando, sentam-se no banco, e olham para a plateia.

DAVID - (Para o público) Muitos anos se passaram desde que fomos para a ilha em busca da herança, muitas coisas aconteceram na nossa vida, (olha para Mel orgulhoso) quem diria que estaríamos aqui vivos para contar para vocês nossa bela história antes e depois de passarmos pela ilha? (David emociona-se).

MEL - (Para o público) Desde que voltamos da ilha, com o dinheiro nós criamos uma fundação que ajuda à crianças que são sexualmente exploradas a saírem da vida e se tornarem pessoas de verdade, eu e o David, tivemos um filho, na fundação, nós acolhemos uma menina que teve uma história muito parecida com a minha, nós nos apaixonamos por ela e a adotamos como nossa filha, com o dinheiro a gente também continuou a empresa do Samuel que nos foi deixada, e hoje em dia, somos uma das famílias mais ricas do Brasil, e podemos dizer que por que não?

DAVID - Fomos, somos e seremos pelo pouco tempo que nos resta nessa vida a família mais feliz desse país, um exemplo de família, vivemos uma vida muito boa e confortável, mas ainda hoje, carregamos muitas dores físicas e psicológicas de tudo o que passamos naquela ilha.

David puxa a manga da camisa e mostra para o público um machucado.

DAVID - (Para o público) Consegui este machucado ao fugir da montanha quando achamos o tesouro.

MEL - (Para o público) Eu? Consegui provar minha inocência quanto ao meu passado e me encontrei como pessoa, minha família me aceitou de volta, pois tinha certeza que eu era a Mel, aquela mulher doce e carinhosa que havia antes de passar pelas mãos de Samuel Stone, também, pior do que as marcas físicas, são as cicatrizes que carrego em meu coração, essas sim, ninguém jamais poderá curar, eu vi pessoas queridas minhas morrerem! O Felipe, o Douglas, a Carol de uma forma horrível, asfixiados e seus corpos serem jogados de um penhasco, e as almas deles terem ficado para sempre aprisionadas naquela ilha.

DAVID - (Para o público) Quase todas as noites sonhamos com eles nos dizendo “venham nos buscar, ainda estamos aqui, por favor”. Isso nos tira a paz. As pessoas são capazes de por suas vidas nas mãos de coisas que elas nem conhecem por dinheiro, hoje, eu vejo que o dinheiro da herança não nos trouxe felicidade, mas mandou buscar muita da felicidade que hoje temos, mas graças a esse mesmo dinheiro temos marcas escúlpidas em nossas almas que em mais de 50 anos o tempo não foi capaz de apagar e sequer cicatrizar, ainda dói, muito.

MEL - (Para o público) O importante, é que o nosso amor, a nossa união, a nossa cúmplicidade superou tudo isso, nada trará as pessoas que morreram de volta, nada trará paz de volta as nossas vidas, nada nos trará nosso sono tranquilo sem peso na consciência. Hoje eu vejo todas as desgraças e os benefícios que nos trouxe aquela viagem a...

DAVID & MEL - (Para o público) a ilha.

David e Mel dão as mãos, David pega sua bengala e ambos saem de cena a lentos passos.

CENA 40

No alto da montanha da ilha, Paul está olhando para tudo o que acontece, não sua sombra, mas o fantasma que usa um lençol branco como o de costume com fantasma.

PAUL - Toda maldição, uma hora ela tem um fim, graças ao Júlio, que foi o último que eu consegui matar para cumprir minha maldição, por causa dele, hoje, a maldição vai acabar, o único jeito de acabar com um espírito que não tem paz é se ele ver um espelho.

No meio do palco há um espelho.

PAUL - Aquele espelho será um fim da maldição, jamais voltarei a atormentar ninguém, nunca mais.

Paul caminha até o espelho e olha para o espelho. Paul cai no chão.

PAUL - Sinto-me como se estivesse pela segunda vez morrendo, dessa vez, estou morrendo, morrendo pelas minhas próprias mãos, aos próximos que nessa ilha pisarem, eu não os atrapalharei, eles sobreviveram a aqui, que os próximos que vierem sejam bem vindo a (com ênfase) A ILHA.

FECHA-SE AS CORTINAS


Biografia:
Olá gente, me chamo Rodrigo, sou espôntaneo, alegre, faço teatro, escrevo histórias, sonhador e SEMPRE de bem com a vida! Já escrevi O FUTURO, A ILHA DO TESOURO, EM NOME DO AMOR, DESTINOS CRUZADOS e LINHAS DO AMOR nesse site. Postador e escritor do site http://alvonatv.wordpress.com onde escreverei "RELAÇÕES PERIGOSAS - Um tiro no escuro não escolhe sua vítima
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