Conselho Brasileiro de Psicanálise
( I.N.N.G.)
http://www.cobrpsi.org
A EDUCAÇÃO
Dr. Wagner Paulon
1976 - 2012
É pela educação que as gerações se transformam e se aper¬feiçoam. Para uma sociedade nova é necessário homens novos.
Por isso, a educação desde a infância é de importância capital.
Não basta ensinar à criança os elementos da Ciência. Apren¬der a governar-se, conduzir-se como ser consciente e racional, é tão necessário como saber ler, escrever e contar: é entrar na vida armado não só para a luta material mas, principalmente, para a luta moral. É nisso em que menos se tem cuidado.
Presta-se mais atenção em desenvolver as faculdades e os lados brilhantes da criança, do que as suas virtudes. Na escola, como na família, há muita negligência em esclarecê-la sobre os seus deveres e sobre o seu destino. Portanto, desprovida de princí¬pios elevados, ignorando o alvo da existência, ela, no dia em que entra na vida pública, se entrega a todas as ciladas, a todos os arrebatamentos da paixão, num meio sensual e corrompido.
Mesmo no ensino secundário, aplicam-se a atulhar o cére¬bro dos estudantes com um acervo indigesto de noções e fatos, de datas e nomes, tudo em detrimento da educação moral. A moral da escola, desprovida de sanção efetiva, sem Ideal verda¬deiro, é estéril e incapaz de reformar a sociedade.
Uma boa educação é, raras vezes, obra de um mestre. Para despertar na criança as primeiras aspirações ao bem, para corri¬
gir um caráter difícil, é preciso, às vezes, a perseverança, a firmeza, uma ternura de que o coração de um pai ou de uma mãe somente podem ser suscetíveis. Se os pais não conseguem corrigir os filhos, como é que poderia fazê-lo o mestre que tem um grande número de discípulos a dirigir?
Essa tarefa, entretanto, não é tão difícil quanto se pensa, pois não exige uma ciência profunda. Pequenos e grandes podem preenchê-la, desde que se compenetrem do alvo elevado e das conseqüências da educação. Sobretudo, é preciso lembrar-nos de que esses Espíritos vêm coabitar conosco para que os ajude¬mos a vencer os seus defeitos e os preparemos para os deveres da vida. Com o matrimônio aceitamos a missão de os dirigir cumpramo-la, pois, com amor, mas com amor isento de fraqueza, porque a afeição demasiada está cheia de perigos. Estudemos, desde o berço, as tendências que a criança trouxe das suas exis¬tências anteriores, apliquemo-nos a desenvolver as boas, a ani-quilar as más.
Não confieis vossos filhos a outrem, desde que não fordes a isso absolutamente coagidos. A educação não deve ser merce¬nária. Que importa a uma ama que tal criança fale ou caminhe antes da outra?
Ela não tem o interesse nem o amor maternais. Mas, que alegria para uma mãe ao ver o seu querubim dar os primeiros passos! Nenhuma fadiga, nenhum trabalho a detém. Ama! Procedei da mesma forma para com a alma dos vossos fi¬lhos. Tende ainda mais solicitude para com essa do que pelo corpo. O corpo se consumirá breve e será sepultado, no entanto, a alma imortal, resplandecendo pelos cuidados com que foi tratada, pelos méritos adquiridos, pelos progressos realizados, viverá através dos tempos para vos abençoar e amar.
A educação, baseada numa concepção exata da vida, trans¬formaria a face do mundo.
Suponhamos cada família iniciada nas crenças espiritualistas sancionadas pelos fatos, e incutindo-as aos filhos, ao mesmo tempo que a escola laica lhes ensinasse os princípios da Ciência e as maravilhas do Universo:
uma rápída transformação social operar-se-ia então sob a ação dessa dupla corrente.
Todas as chagas morais são provenientes da má educação. Reformá-la, colocá-la sobre novas bases traria à Humanidade conseqüências incalculáveis. Instruamos a juventude, esclareça¬mos sua inteligência,
mas, antes de tudo, falemos ao seu cora¬ção, ensinemos-lhe a despojar-se das suas imperfeições.
Lembremo-nos de que a sabedoria por excelência consiste em nos tornarmos melhores.
♦-♦-♦
|