Conselho Brasileiro de Psicanálise
( I.N .N.G.)
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A DECISÃO DE PENSAR
(Separação)
Dr. Wagner Paulon
1975 - 2012
As principais tarefas psicológicas da criança pequena con¬sistem em aperfeiçoar sua capacidade de falar, aprender mais coisas a respeito de seus próprios sentimentos e dos sentimentos dos outros, resolver alguns de seus problemas básicos de vida, tornar-se indivíduo separado e, finalmente, fornecer energia aos estados do ego de Adulto.
Aos 18 meses de idade, muitas crianças sabem dizer mais do que vinte palavras. Falam por meio de frases curtas: “Par, bô” (“Parem de crescer e de cobrir minhas mãos, bolhas!”), “Vê, eu!” (“Espia enquanto subo nessa cerca!" e "Mostro você!”). Seu período de atenção aumenta e são capazes de se sentar e de olhar para alguma coisa em suas mãos durante alguns minutos sem se entediar. Também desenvolvem um melhor sentido de tempo. Sabem o que “agora” significa e que “mais tarde” não é “agora”.
Crianças nesse estágio estão preocupadas com o que lhes pertence, à medida que começam a discriminar entre elas pró¬prias e os outros. Isto significa o despertar de um sentido de identidade separada. Aqueles cujos estados do ego de Adulto ainda não estão plenamente ativados brincam perto de, mas não com, outras crianças. Precisam de um certo tempo para poder lidar com seus próprios sentimentos e os de outros. Uma criança mais velha, já disposta a usar seu Aa, pode sair-se muito bem em suas relações sociais, fazendo concessões, divertin¬do-se e usando de tato.
A crescente liberdade com que movimentam o pulso nesse estágio permite que possam começar a tratar das tarefas de se vestir (podem, por exemplo, tirar a roupa sozinhas) e também girar a maçaneta das portas (e por isso desfilar nuas na rua!).
Tornam-se mais competentes em determinadas atividades como encher e esvaziar copos, encaixar coisas etc. Continuam também atentas aos resultados de seus experimentos à medida que vão ingressando nos seus estados do ego de Adulto.
Além de saber equilibrar melhor seus corpos, as crianças aprendem gradualmente a andar para trás e a sentar-se de cos¬tas numa cadeira. É este um avanço intelectual de grande importância. As crianças têm que captar a ideia de que a cadeira (e, por extensão, o resto do mundo atrás delas) continua existindo, mesmo quando não está mais à vista. Têm também que relacionar a imagem da cadeira em suas mentes com a sensação de alguma coisa que sentem na parte de trás de suas pernas.
O Treino no Uso do Toalete
Nesse estágio, as crianças começam a perceber que têm uma parte de trás. Tomam conhecimento de determinadas áreas de seu corpo e dos produtos que eliminam.
Demonstram que percebem estar com as fraldas sujas andando com os pés bem abertos. Também aprendem a observar o reflexo da eólica - uma ligeira cãibra que anuncia a chegada de mais material a ser eliminado na seção final do intestino grosso e estimula a necessidade de esvaziá-lo. É preciso tempo e prática para aprender a relaxar o esfíncter anal e empurrar de maneira conveniente. Tal coordenação é aprendida mais facilmente numa atmosfera tranquila e na posição de cócoras. Um bom número de hemorroidas são adquiridas quando essa capacidade não é aprendida de modo efetivo.
O treino no uso do toalete deve ser aplicado gradualmente. As crianças aprendem a prender a urina e as fezes muito antes de serem capazes de deixá-las correr voluntariamente no urinol (da mesma forma que aprendem a segurar seis meses antes de aprender a largar).
Quando as crianças dispõem de algum controle (permanecem limpas por períodos longos), já se pode pensar em treiná-las no uso do toalete. Outros sinais importantes para identificar a prontidão para tal treinamento são:
1. Níveis sofisticados de controle das partes inferiores do corpo
(correm, andam e sobem com facilidade).
2. Percepção e insatisfação com as fraldas sujas.
3. Um sistema de comunicação já desenvolvido ao ponto
de poderem informar os pais do que está havendo.
4. Já sabem como usar o troninho por terem visto outras crianças
fazê-lo.
O treino no uso do toalete é parte de crescimento social. Nas famílias em que tais atividades são consideradas naturais, as crianças aprendem com facilidade.
Alguns pais se deixam influenciar por parentes ou por outras pessoas significativas; acabam então por adotar a opinião de outra pessoa a respeito de quando iniciar o treino, em vez de usar o seu próprio estado do ego de Adulto para decidir quando uma determinada criança está pronta.
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