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Consultoria. |
Conversa (des)afinada |
Alexandru Solomon |
Resumo: Dramatizando, seria ele o próximo ministro a cair? |
Um frisson (mais um) percorre a espinha dorsal da Nação. Será o ministro Fernando Pimentel culpado da vilania que vozes açodadas lhe imputam primeiro em surdina, e já em inconveniente crescendo? Estariam com razão aqueles que encontrarem semelhança com a famosa ária de Don Basilio: La calunnia è um venticello? Ou, deixando Rossini de lado, teria o atual ministro recebido uma remuneração por trabalhos sem ao menos (em dois casos) haver contratos que formalizassem termos e condições da prestação de serviços, substituídos pelo tradicional fio de bigode? A FIEMG utilizou efetivamente esses trabalhos de que seus associados precisavam? Dramatizando, seria ele o próximo ministro a cair? Por enquanto, Sua Excelência não pode ser acusado sem haver provas. Mas no caso presente, como no clássico exemplo da mulher de Cesar, é preciso além de ser honesto, parecer sê-lo.
Caso o ministro FP tenha prestado realmente consultoria, nada mais fácil de comprovar – lembrando que recolher IR sobre dinheiro recebido não significa ter sido a renda tributada resultado do trabalho de consultor solitário. Bastará mostrar os belos volumes encadernados nos quais Sua Excelência destilou sua perícia, no período de ‘quarentena’ em que a excelência limitava-se à qualidade do trabalho intelectual, colocado em dúvida por integrantes do detestável PIG. Na ausência desses vistosos cadernos, bastaria um (ou mais) pen drive. Palimpsestos poderiam ser aceitos, afinal, vale sempre a ‘última forma’.
Caso os trabalhos sejam confidenciais, por exemplo, um plano de contingência na hipótese de um tsunami em Minas, indique-se uma pessoa isenta – parece que ainda existem dois ou três exemplares em vida –, ou uma comissão com algum preparo para dizer à Pátria aflita: Os trabalhos existem e fazem sentido. Não será necessário responder à pergunta: Valeram o dinheiro gasto? Será desnecessário porque não existe uma tabela de custos de exprefeitofuturoministro/hora.Quem assistiu O belo Antonio, haverá de se lembrar da cena do lençol nupcial.
Caso os trabalhos estejam no padrão – Nos trechos com neblina, use farol alto – com um pouco de cara dura, será possível dizer: Pagaram porque quiseram. Ninguém os obrigou.
Se não surgir algo ‘muito ruim’, tudo indica que o Sr. Ministro estará mais tranqüilo que a superfície do lago Baikal, em pleno inverno.
É isso aí.
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Biografia: Alexandru Solomon nasceu em Bucareste (1943), mas vive no Brasil desde os 17 anos. Ao lado de uma sólida carreira empresarial, de uns tempos para cá passou a se dedicar a uma nova paixão: a literatura. Através da sua escrita nunca deixa o leitor indiferente. Um contador de histórias na velha tradição, empregando recursos que vão mostrar ao mundo em que vivemos, algo que pudesse estar perdido. Preparem-se, portanto, para uma surpresa que virá atrás da outra. Pois, Alexandru Solomon, além de humor, vai mais fundo.
Autor de ´Almanaque Anacrônico`, ´Versos Anacrônicos`, ´Apetite Famélico`, ´Mãos Outonais`, ´Sessão da Tarde`, ´Desespero Provisório` , ´Não basta sonhar`, ´Um Triângulo de Bermudas`, ´O Desmonte de Vênus`, ´Bucareste` (contos e crônicas) e ´Plataforma G`, além de vários prêmios nacionais e internacionais por sua escrita. |
Este texto é administrado por:
Celso Fernandes
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