Caminhante, caminhava Pero Vaz de Caminha.
Enviou uma carta, essa carta continha
Um relato sucinto e bastante otimista,
Se plantarem vai dar, não é papo ufanista.
Os anos passaram às mil maravilhas,
Viva o Paraíso de aquém Tordesilhas.
Despertou a cobiça. Vários corsários
Aqui aportaram, como bons mercenários.
Rechaçando, rechaçamos essa plebe imunda.
Os nossos heróis ministraram a tunda.
E, assim, o gigante agora crescido
Cresceu, prosperou, mesmo adormecido.
O que houve depois? Um Brasil desigual,
Apesar de dizerem ‘tudo pelo social’.
Criou-se um conflito com os sem-terra,
Nem é mais um conflito, hoje é uma guerra.
É uma nova espécie de guerra civil
Que está vicejando em ambiente hostil.
O clima criado é de pura baderna
E a tropa ficou confinada em caserna.
O governo acuado cuida do desenlace.
Esbofeteado, oferece a outra face.
Mesmo sendo humilhado, queda-se quieto
Para não ofender os bispos, frei Betto.
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Biografia: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de ´´Almanaque Anacrônico´´, ´´Versos Anacrônicos´´, ´´Apetite Famélico´´, ´´Mãos Outonais´´, ´´Sessão da Tarde´´, ´´Desespero Provisório´´, ´´Não basta sonhar´´, ´´Um Triângulo de Bermudas´´, ´´O Desmonte de Vênus´´ (Ed. Totalidade), “Bucareste” e ´´a luta continua´´ (Ed. Letraviva). Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br. |