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Olá, homo sapiens de todos os sexos e credos.
Peço um momento de suas valiosas vidas para contar o drama pelo qual estou passando.
Venho de longe, mais precisamente do planeta Quaser-w3. Meu planeta natal orbita a estrela, aqui, chamada Alfa centauro.
Pertenço a 43º geração de EAPs(exploradores do amanhã potencial). Minha missão primária consiste em viajar pelo universo possível em busca de lugares habitáveis e tecnologias viáveis para meu planeta.
Somos uma raça preocupada com o futuro e, desde o primórdio de nossa evolução, o fato de nosso planeta possuir apenas ax76-zzs(equivalente a 720 000Km² terráqueos) já era assustador. Pois com nossa alta capacidade reprodutiva o resultado evidente seria uma taxa de superpopulação extrema em poucas gerações.
Batalhei muito para conseguir minha aprovação de ingresso nos EAPs. Apesar de minhas notas plenamente satisfatórias em todos os 82 exames da Acadêmia de Preparação de Exploradores, ainda houve uma certa dificuldade em me aceitarem. 65tr-zzs(cerca de 210 anos na Terra) atrás, um piloto explorador com deficiência física seria um sonho inaceitável. Mas hoje estou aqui para provar, não só para mim, mas para todos os deficientes de meu planeta, que a nossa inclusão é apenas uma questão de força de vontade.
Nasci no dia conhecido como darinos-islanebluntos(O dia em que a ilha explodiu). Desculpem por minha tradução mesquinha. Voltando... neste dia nossos únicos dois continentes colidiram. O fato já era esperado por nossos estudiosos, mas não naquele momento. Alguns dizem que os estudiosos não foram bons o suficiente para calcular corretamente, outros preferem acreditar em nosso frágil estado corpóreo e em nossa incapacidade de prever eventos do cosmo. Eu... eu acredito em fatalidades.
O choque dos continentes provocaram seguidos terremotos e consequentes panes nos mais diversos sistemas do planeta, entre eles, o sistema de aceleração de elétrons da aldeia onde naquele momento minha mãe fêmea realizava meu parto. O laser de intrusão perínea teve uma falha grave no sistema de cálculo de potência e o resultado foi a amputação dos 7 dedos de minha pata superior esquerda.
Não posso dizer que foi fácil, mas posso afirmar que somente conhecendo a verdadeira dor é que podemos saber o quão forte somos.
A missão que me trouxe até o exato momento era de simples objetivo. Com as coordenadas em patas eu deveria viajar até aqui(Terra) e capturar um exemplar de phyllomedusa bicolor(queríamos estudar sua super sensibilidade de pressão atmosférica e como isso implicava na sua capacidade de conseguir prever a chuva).
Parti de meu planeta sozinho em meu veículo Asdes-espartes, não havia necessidade alguma de solicitar uma equipe e tudo parecia fácil e rápido. Em menos de 1c-zzs(~ 2hs na Terra) eu já me aproximava do local de destino. A região, por sua pouca taxa populacional, permitia uma vôo rasante em baixa velocidade e foi isso o que fiz.
Posso, de certa maneira, dizer que foi a minha paixão por este período de existência consciente(que vocês chamam de vida) que quase me levou à morte. A poucos momentos de chegar ao local de pouso meu alarmes de colisão dispararam, era uma maravilhosa Anodorhynchus hyacinthinus(Arara Azul) em meu caminho. Entreguei-me às emoções e com o controle manual desviei o mais rápido que pude.
Pilotar manualmente uma Asdes-espartes na atmosfera terrestre não é para muitos. Não era para mim. Perdi a linha de trajeto auto-guiado e me choquei violentamente com o solo.
Felizmente não me feri, mas em compensação todo o sistema de cosmos-localização e de cld(comunicação em longas distâncias) da nave foram destruídos com o impacto. Impossibilitando toda e qualquer forma de pedido de resgate para meu planeta. Já vão fazer 42v-zzs(89 anos) que estou preso aqui. Sobrevivendo de pescados e, nos piores dias, insetos.
Neste tempo de desespero e desolação dediquei-me a apreender o idioma local através das transmissões de rádio que conseguia captar pela antena de urgência. Recentemente consegui sinais de um satélite governamental que me possibilita acesso à rede planetária de compartilhamento de informações de vocês(também chamada internet). Devo admitir que depois da minha primeira pesca está foi a segunda maior alegria que tive desde o acidente. Maravilhei-me com a rápida evolução do planeta, pelo menos, comparado ao que eu conhecia quando aqui cheguei. Me enchi de esperanças ao ver que estão finalmente caminhando rumo à união global.
Sobre o porque de estar aqui escrevendo-lhes:
Descobri um site que vende todas as peças e ferramentas necessárias para o reparo do meu sistema cld(comunicação em longas distâncias), além de prometer entregas rápidas em qualquer lugar do planeta. O custo, já com frete para cá (Ocidente->América do Sul->Brasil->Acre->Bujari), ficou em R$1500,00.
Acredito profundamente nesta tradicional e admirada característica humana, a necessidade de ajudar. E em minha jornada consciente, apesar de ter sofrido muito, aprendi a confiar que tudo sempre acaba bem.
Senti saudades em todos os segundos que passei aqui, desde o momento em que percebi que estava sozinho e longe de casa.
Conto com vocês.
Paz.
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