És a cura do meu tédio
quando estou a entoar uma música,
cuja letra foi dissipada em meio às peripécias
do meu peito cansado de estar cansado.
Olho o relógio na parede
e vejo a injustiça dos ponteiros
que me obrigam a acreditar que já é meia noite.
Tenho medo da noite, das traquinagens
que são plantadas no peito do bandido
que vive a vagar pelas ruas da cidade,
procurando no efêmero da noite a sua próxima vítima.
Enquanto o bandido sagaz espalha a injustiça,
viajo para um mundo distante, iluminado
onde tudo é amor, é felicidade, é alegria.
Neste mundo há um bandido, o bandido do bem,
diferente daquele que anda sozinho
vagando pela noite, que ri de seus atos
enquanto a lua chora ignorando sua ira.
O bandido, retratado no meu livro
é o sujeito que adocica a história,
diferente do da vida real,
que amarga a vida de todos.
Em meio à escuridão da noite,
convenço-me de que estou apaixonado,
e que sinto um amor eterno, capaz de ultrapassar barreiras.
Uma força atrativa agora tomou conta do meu ser,
e eu me entrego de corpo e alma às aventuras
que se entrelaçam nas páginas escritas deste livro.
Me apaixonei pela viagem que fiz.
Me apaixonei por todos as pessoas que encontrei no caminho,
até pelas traquinagens do bandido – da minha história, é claro!
Mas o meu maior amor, é por você,
que me fez entender que não vivo sem você.
Agora durma.
Eu também dormirei, e sonharei contigo.
Amanhã é um outro dia.
Talvez o dia em que o mundo escutará o som da minha voz,
ecoando em meio à multidão dizendo com todas as letras:
Te amo, amado Livro.
|