O ASSASSINO
Matara a sangue frio o inocente. Vivia jurando a sua morte. Esperava, apenas, o dia e a hora certa para executar o crime. Queria eliminá-lo o quanto antes, pois aquele sopro de vida estava em sua lista negra. O motivo? Ninguém sabe ao certo. Antipatia, talvez.
A vítima vivia em regime semi-aberto. O assassino, em liberdade. O primeiro não fez mal algum. O segundo era a maldade personificada. A vítima cumpria sua “pena” resignadamente. Acostumara-se ao ambiente. Por ter um comportamento notável, ganhou a liberdade condicional. O assassino, por sua vez, tinha inveja do pobre coitado e prometera liquidá-lo com as próprias mãos. Não faria um duelo. Não o desafiaria para uma luta. Não lhe ofereceria armas para se defender. Resolveu, simplesmente, matá-lo. Olhava com tanta fúria para seu alvo inocente, que era como se já o fuzilasse. Não queria, porém, que fosse uma morte lenta. Ao contrário, seria rápida. Uma só dor.
Foi numa noite de quinta-feira. O “condenado” não adivinhara que aquele seria o dia do seu fim. Soltaram-no. E, como pescador que não sabe se volta depois de uma noite no mar, o inocente seguiu seu caminho. Olhou pela última vez, para as pessoas que lhe davam carinho. Fê-las rir pela última vez. Cantou pela última vez. Todos o admiravam. Todos, menos um. Era um mistério que nenhuma ciência humana seria capaz de desvendar. Como um fruto apodrece em uma árvore boa? Como, se a seiva é a mesma? Assim era o autor do crime. Um fruto podre em meio aos bons. Como não houvesse razão contundente para se livrar de quem o incomodava, ele a criava. Mas, ninguém lhe dava crédito.
Era chegada a hora. O assassino calculou que seria melhor atingi-lo na cabeça, pois a morte seria certa e imediata. Usaria um revólver? Não, não... Fazia muito barulho e chamaria a atenção. Aliás, achava até um desperdício gastar sua munição com um ser que considerava desprezível. Uma arma branca, talvez uma faca! Mas, também refutou a ideia. Derramaria sangue e ele pensou que seria uma sujeira desnecessária. Também não podia ser por asfixia, porque demora demais e ele ainda não tinha prática com esse “método”. Um golpe. Sim, daria um golpe na nuca. Sem barulho e sem sangue. Estava resolvido.
Desvairado, o criminoso partiu em busca do seu alvo. E lá estava. Fitou-o pela janela da porta e viu aquela vida que logo ele a extinguiria. No sofá da sala, a vítima não percebeu o perigo iminente. O perverso não estava disposto a voltar atrás. Não descartaria o plano maquiavélico. Seu sangue estava fervilhando e o coração palpitava cada vez mais rápido. A respiração já estava ofegante e quente. Abriu a porta com ímpeto. Para sua surpresa, o inocente vinha em sua direção. Tão logo estava próximo, o assassino elevou sua mão e a deixou cair na cabeça da vítima com toda a força. O golpe foi fatal. E morreu. O cancão foi brutalmente assassinado. Pobre passarinho...
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