Odisseu
Por Marco Antônio de Araújo Bueno
Ele estava imbuído de um estilo Chacal.
(Confeitos de cânhamo embebidos em mate);
Vestiu rigoroso traje anti-suspeição e o retocou.
Ganhou a rua, solene, dobrou a echarpe; café!
Acenou ao táxi que não parou, seguiu a pé.
Economia de atos, beirava o trivial, rito e rigor.
Transeuntes pelo museu, ele em transe, trivial.
Pés e mãos gelados em pleno local calafetado.
O cânhamo dilatou a escultura do Canhão. Acenou:
"Leve a peça até a moto, lado a lado, comigo, espeto-lhe!"
Na saída, desarmado da caneta Picasso que nada espetou,
Só via o Canhão reposto ao pilar, soar de sirene e camburão.
Em cana, em fim, apenas uma beatitude e cabeça oca.
Suspeitou: há xixi no traje todo; irretocável. E sorriu.
Depois chorou, exausto. Pediu um mate, alguém gargalhou.
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